17 outubro 2013,
Rede Brasil Atual http://www.redebrasilatual.com.br (Brasil)
Dilma aproveita cerimônia sobre agroecologia para
defender que modelo anterior de assentamento de famílias estava equivocado e
que agora há cuidado maior em processos
Roberto Stuckert Filho,
Planalto
Dilma saiu em defesa de Pepe Vargas (e), alegando que o processo de
reforma agrária ganhou qualidade
São Paulo – O governo federal
aproveitou cerimônia de lançamento de plano voltado à agroecologia para tentar
desfazer o mal-estar criado pela prioridade a políticas de estímulo ao
agronegócio. Ao lado de Dilma Rousseff, o ministro do Desenvolvimento Agrário,
Pepe Vargas, disse que vai publicar até o fim do ano 100 decretos de
desapropriação de terras para
reforma agrária no país.
Até agora, administração federal do
PT não destinou nenhuma área para assentamento em 2013, caminhando para o pior
ano em termos de reforma agrária desde a redemocratização, em 1985. Durante o
lançamento do Plano Brasil Ecológico, em Brasília, Dilma aproveitou para
defender o trabalho de Pepe Vargas, indicando que ele avançou na metodologia de
mapeamento e desapropriação de terras. “Muitas vezes assentaram-se famílias no
país em lugares que não tinha como se sustentar. Não só apoio [a reforma
agrária], mas é uma questão que também exijo porque não temos como colocar
famílias em um lugar em que elas não têm condição de tirar sua renda”, disse.
O plano lançado pela presidenta
prevê destinar R$ 8,8 bilhões para o incentivo à produção de alimentos
orgânicos nos próximos três anos.
Ontem (16) integrantes do Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), daVia Campesina e da Confederação
Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) fizeram um protesto em
frente ao Ministério da Agricultura e ocuparam o hall de entrada do prédio.
Após desobstruírem a entrada, as lideranças dos movimentos sociais foram
recebidas pelos ministros da Agricultura, Antônio Andrade, e da
Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.
Nos últimos dias, manifestações em
defesa da reforma agrária estão ocorrendo em várias cidades do país. Além dos
trabalhadores rurais, peritos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (Incra) em alguns estados também fizeram protestos contra a paralisação
de projetos de reforma agrária no órgão. Dilma perde apenas para Fernando
Collor (1990-92) em termos de desapropriação de terras.
Além disso, há pressão da bancada
de representantes do agronegócio no Congresso contra a demarcação de terras
indígenas, e parte do governo admite dividir as atribuições hoje exclusivas da
Funai neste processo para atender a estes interesses. O ministro da Justiça,
José Eduardo Cardozo, prometeu apresentar neste mês uma alternativa à proposta
encabeçada pelos ruralistas, que impuseram seguidas derrotas a Dilma no
Legislativo, uma delas para promover mudanças no Código Florestal.
Dilma aproveitou o evento para
reagir às críticas contra sua política ambiental de forma geral, voltando a
defender a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a
Rio+20, no ano passado, como legado para o setor. “É possível o país crescer,
que esse país distribua renda e inclua, e que este país seja um país que
conserva e protege meio ambiente”, disse. “Eu vou pedir licença e acrescentar
mais uma palavra, é possível produzir com qualidade alimentos orgânicos da
agroecologia.”
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