Reunião
interministerial determinou que mais de 1.100 agentes de segurança atuarão no
leilão, marcado para segunda-feira (21) no Rio de Janeiro
O efetivo de
segurança que atuará no leilão do Campo de Libra, segunda-feira próxima (21),
no Rio de Janeiro, será formado por 1.100 homens. A decisão sobre o reforço da
segurança foi tomada depois que se intensificaram os protestos contra o leilão
do primeiro bloco de exploração do pré-sal. Além das polícias Civil e Militar,
do Corpo de Bombeiros e da Guarda Municipal do Rio de Janeiro, o Exército e a
Força Nacional de Segurança atuarão no evento.
A decisão sobre a
presença de agentes do Exército e da Força Nacional foi tomada nessa
quinta-feira (17), após reunião entre os ministros Celso Amorim, da Defesa,
José Eduardo Cardozo, da Justiça, e José Elito Carvalho, chefe do Gabinete de
Segurança Institucional da Presidência da República. A presença das Forças Armadas
foi pedida no último dia 11 pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.
O local do leilão,
Windsor Barra Hotel, na Barra da Tijuca, será isolado. A previsão é que
as
medidas de segurança sejam implementadas a partir da noite de domingo (20), estendendo-se
por um período de até 24 horas. A operação será coordenada pelo Comando Militar
do Leste (CML) e chefiada pelo general Francisco Modesto.
A área de Libra, que
será oferecida na licitação, tem reserva estimada entre 8 bilhões e 12 bilhões
de barris de petróleo. Descoberto em 2010, o Campo de Libra fica na Bacia de
Santos, a cerca de 180 quilômetros da costa do Rio de Janeiro, e representa uma
área de 1,5 mil quilômetros quadrados dos 149 mil quilômetros quadrados do
chamado polígono do pré-sal. Onze empresas se habilitaram para participar do
leilão da área, que poderá produzir até 1,4 milhão de barris por dia, cerca de
dois terços da produção total nacional atual (em torno de 2 milhões de barris).
Mobilização
Na quarta-feira (16),
funcionários da Petrobras e subsidiárias entraram em greve por tempo
indeterminado, e nessa quinta manifestantes ligados à Federação Única dos
Petroleiros (FUP) e à Via Campesina ocuparam o prédio do Ministério de Minas e
Energia. Os movimentos classificam o leilão como “a privatização de um tesouro
de trilhões de dólares no fundo do mar”. A greve dos petroleiros atinge 18 das
42 plataformas da Bacia de Campos, no norte fluminense.
De acordo com o
diretor de Finanças e Administração da Federação Única dos Petroleiros (FUP),
José Genivaldo da Silva, 18 plataformas da Bacia de Campos estão completamente
paradas; 21 estão sendo operadas por grupos de contingência, formado por
gerentes, supervisores e engenheiros da Petrobras, e três não aderiram ao
movimento.
O sindicalista
ressaltou que a greve não se deve apenas ao reajuste da categoria, que tem
data-base em setembro e ainda está em fase de negociação, mas também contra o
leilão do Campo de Libra e o Projeto de Lei 4.330, que trata da terceirização e
está para ser votado na Câmara dos Deputados.
Segundo o diretor da
FUP, na segunda-feira, os petroleiros estarão, desde cedo, concentrados nas
proximidades do Hotel Windsor Barra. "Nós estaremos lá para exercer o
nosso direito de manifestar e expressar os nossos pensamentos de forma
democrática", disse.
Rio de
Janeiro
Nessa quinta-feira
(17), manifestantes protestaram no centro do Rio de Janeiro. A passeata, que
começou na Igreja da Candelária, seguiu pela Avenida Rio Branco até a
Cinelândia. O protesto contou com o apoio de diversas categorias,
principalmente petroleiros e integrantes da Via Campesina e do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), além de representantes de sindicatos e de
estudantes.
São Paulo
Também em São Paulo,
petroleiros em greve realizaram uma manifestação na região da avenida Paulista
contra o leilão do Campo de Libra. Os manifestantes ocuparam a Praça Oswaldo
Cruz e saíram em passeata até o prédio da Petrobras. “É um ato para
sensibilizar o governo a parar o leilão de Libra. É a entrega do maior
patrimônio, da maior descoberta do Brasil, e a maior descoberta do mundo dos
últimos 20 anos. Nós, petroleiros, estamos em greve desde ontem em todo país
para sensibilizar o governo a parar com o [crime de] lesa-pátria”, disse o
dirigente do Sindicato dos Petroleiros, Vereníssimo Barsante.
“É uma área gigante,
mais ou menos o que a Petrobras explorou até hoje. E aí você dá de forma
privilegiada para cartéis, o que foi descoberto pelo nosso conhecimento. É uma
destruição de um passaporte para o futuro. E pode representar um bilhete
premiado para o inferno”, destacou o presidente paulista da Central Geral dos
Trabalhadores do Brasil, Paulo Sabóia.
Foto: Fernando Frazão/ABr
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