sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Brasil/Protestos contra o leilão de Libra se intensificam e governo reforça segurança



18 outubro 2013, Brasil de Fato http://www.brasildefato.com.br

 
Reunião interministerial determinou que mais de 1.100 agentes de segurança atuarão no leilão, marcado para segunda-feira (21) no Rio de Janeiro


O efetivo de segurança que atuará no leilão do Campo de Libra, segunda-feira próxima (21), no Rio de Janeiro, será formado por 1.100 homens. A decisão sobre o reforço da segurança foi tomada depois que se intensificaram os protestos contra o leilão do primeiro bloco de exploração do pré-sal. Além das polícias Civil e Militar, do Corpo de Bombeiros e da Guarda Municipal do Rio de Janeiro, o Exército e a Força Nacional de Segurança atuarão no evento.

A decisão sobre a presença de agentes do Exército e da Força Nacional foi tomada nessa quinta-feira (17), após reunião entre os ministros Celso Amorim, da Defesa, José Eduardo Cardozo, da Justiça, e José Elito Carvalho, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. A presença das Forças Armadas foi pedida no último dia 11 pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.

O local do leilão, Windsor Barra Hotel, na Barra da Tijuca, será isolado. A previsão é que
as medidas de segurança sejam implementadas a partir da noite de domingo (20), estendendo-se por um período de até 24 horas. A operação será coordenada pelo Comando Militar do Leste (CML) e chefiada pelo general Francisco Modesto.

A área de Libra, que será oferecida na licitação, tem reserva estimada entre 8 bilhões e 12 bilhões de barris de petróleo. Descoberto em 2010, o Campo de Libra fica na Bacia de Santos, a cerca de 180 quilômetros da costa do Rio de Janeiro, e representa uma área de 1,5 mil quilômetros quadrados dos 149 mil quilômetros quadrados do chamado polígono do pré-sal. Onze empresas se habilitaram para participar do leilão da área, que poderá produzir até 1,4 milhão de barris por dia, cerca de dois terços da produção total nacional atual (em torno de 2 milhões de barris).

Mobilização
Na quarta-feira (16), funcionários da Petrobras e subsidiárias entraram em greve por tempo indeterminado, e nessa quinta manifestantes ligados à Federação Única dos Petroleiros (FUP) e à Via Campesina ocuparam o prédio do Ministério de Minas e Energia. Os movimentos classificam o leilão como “a privatização de um tesouro de trilhões de dólares no fundo do mar”. A greve dos petroleiros atinge 18 das 42 plataformas da Bacia de Campos, no norte fluminense.

De acordo com o diretor de Finanças e Administração da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Genivaldo da Silva, 18 plataformas da Bacia de Campos estão completamente paradas; 21 estão sendo operadas por grupos de contingência, formado por gerentes, supervisores e engenheiros da Petrobras, e três não aderiram ao movimento.

O sindicalista ressaltou que a greve não se deve apenas ao reajuste da categoria, que tem data-base em setembro e ainda está em fase de negociação, mas também contra o leilão do Campo de Libra e o Projeto de Lei 4.330, que trata da terceirização e está para ser votado na Câmara dos Deputados.

Segundo o diretor da FUP, na segunda-feira, os petroleiros estarão, desde cedo, concentrados nas proximidades do Hotel Windsor Barra. "Nós estaremos lá para exercer o nosso direito de manifestar e expressar os nossos pensamentos de forma democrática", disse.

Rio de Janeiro
Nessa quinta-feira (17), manifestantes protestaram no centro do Rio de Janeiro. A passeata, que começou na Igreja da Candelária, seguiu pela Avenida Rio Branco até a Cinelândia. O protesto contou com o apoio de diversas categorias, principalmente petroleiros e integrantes da Via Campesina e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), além de representantes de sindicatos e de estudantes.

São Paulo
Também em São Paulo, petroleiros em greve realizaram uma manifestação na região da avenida Paulista contra o leilão do Campo de Libra. Os manifestantes ocuparam a Praça Oswaldo Cruz e saíram em passeata até o prédio da Petrobras. “É um ato para sensibilizar o governo a parar o leilão de Libra. É a entrega do maior patrimônio, da maior descoberta do Brasil, e a maior descoberta do mundo dos últimos 20 anos. Nós, petroleiros, estamos em greve desde ontem em todo país para sensibilizar o governo a parar com o [crime de] lesa-pátria”, disse o dirigente do Sindicato dos Petroleiros, Vereníssimo Barsante.

“É uma área gigante, mais ou menos o que a Petrobras explorou até hoje. E aí você dá de forma privilegiada para cartéis, o que foi descoberto pelo nosso conhecimento. É uma destruição de um passaporte para o futuro. E pode representar um bilhete premiado para o inferno”, destacou o presidente paulista da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil, Paulo Sabóia.


Foto: Fernando Frazão/ABr

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