Lisboa, 4 Julho 2007 (Lusa) - O primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, endossou nesta quarta-feira as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao peso dos subsídios da União Européia e dos Estados Unidos no setor agrícola nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) e disse que o Brasil era o "pilar" que faltava à política européia.
Sócrates e Lula concederam entrevista conjunta à emissora de TV estatal portuguesa RTP no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, antes da 1ª cúpula entre União Européia e Brasil, considerada uma das prioridades da Presidência portuguesa do bloco europeu, que vai até o fim do semestre.
"Portugal percebeu que faltava à política européia a existência de um pilar com o Brasil. Não era possível a Europa ter um papel relevante mundial no domínio da regulação sem ter uma relação especial com o Brasil, que é um dos grandes atores mundiais", disse o primeiro-ministro luso, que assumiu a Presidência rotativa da União Européia no dia 1º.
Novos líderes políticos
Em relação ao bloqueio das negociações da OMC, assim como Sócrates, o presidente Lula se mostrou otimista em relação a um consenso, considerando que a Europa tem novos líderes políticos despontando, como Nicolas Sarkozy (França) e Gordon Brown (Reino Unido).
"Tenho mais de 62 anos de idade e mais de 40 de negociações e nunca esperei uma negociação fácil na ronda de Doha. Do ponto de vista técnico o trabalho está encerrado, mas falta a decisão política dos primeiros-ministros e dos presidentes da República", observou Lula.
"Queremos que os Estados Unidos baixem os seus subsídios agrícolas para US$ 12 bilhões (R$ 22,9 bilhões) e que a União Européia flexibilize os seus mercados no setor da agricultura. Mas tanto a União Européia como os Estados Unidos querem que o Brasil flexibilize os seus mercados ao nível da indústria e dos serviços", disse o presidente brasileiro, defendendo em seguida "uma proporcionalidade que leve em conta o Produto Interno Bruto de cada país".
Redução de subsídios
Sócrates também destacou a necessidade de identificar as questões importantes para direcionar as decisões políticas. "Procuramos uma regulação da globalização e um equilíbrio entre liberalização e incentivos ao desenvolvimento", disse o premiê luso, para quem um acordo está muito dependente "da redução dos subsídios agrícolas por parte dos países desenvolvidos".
Para Sócrates, a redução dos subsídios deverá permitir "um acesso aos mercados dos países mais desenvolvidos por parte dos menos desenvolvidos". "Isso é absolutamente justo. Há um excesso de ajudas estatais no setor agrícola dos Estados Unidos e de alguns países europeus. A compensação será uma maior abertura dos mercados dos países menos desenvolvidos aos produtos industriais."
"As negociações ainda não acabaram e a minha convicção é que um acordo comercial pode estar perto, porque é bom para todas as partes", afirmou o primeiro-ministro português.
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