quinta-feira, 5 de julho de 2007

Nova parceria, Mercosul e biodiesel marcam cúpula UE-Brasil

Lisboa, 4 Julho 2007 (Lusa) - A primeira cúpula União Européia-Brasil, realizada nesta quarta-feira, em Lisboa, foi marcada pelo lançamento da parceria estratégia entre as duas partes, que foram unânimes em considerar a medida essencial para aproximar a UE do Mercosul e relançar as negociações de Doha.

Para o primeiro-ministro português e presidente em exercício da União Européia, José Sócrates, a política externa da UE sai mais enriquecida da cúpula com o Brasil e a realização do encontro é a concretização de uma das grandes prioridades definidas pela Presidência portuguesa da União Européia, que começou no último domingo e termina em 31 de dezembro.

Sobre a Rodada de Doha, tanto Sócrates, como o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente da Comissão Européia (braço executivo da UE), José Manuel Durão Barroso, quiseram transmitir a idéia de que ainda há esperança para o sucesso e que a aposta deve ser o retomar das negociações.

O premiê português considerou que do encontro de Lisboa saiu "a mensagem positiva" de que Europa e Brasil "não desistem de alcançar o sucesso das negociações".Por sua vez, Durão Barroso afirmou que "as posições não estão assim tão afastadas" e defendeu que as negociações devem ser retomadas imediatamente, pois, caso contrário, corre-se o risco de o processo ficar congelado.

Lula também defende que é preciso retomar as negociações e admitiu que tem "cartas na manga".

Convicto de que há vontade política em se chegar a um acordo em Doha, Lula disse ainda que mesmo que não seja alcançado "um acordo de sonho" espera conseguir um "acordo em que os países mais pobres tenham um pequeno ganho".

O Brasil e a Índia abandonaram as últimas negociações da Rodada de Doha, que aconteceram em Potsdam, na Alemanha, diante da intransigência dos Estados Unidos e da UE em reduzir os subsídios aos seus agricultores, considerados como concorrência desleal em relação aos produtos oriundos dos países pobres.

Biocombustíveis
Outro dos assuntos em destaque na cúpula foi a liderança do Brasil na produção de biocombustíveis e, para marcar o interesse dos europeus em investir nesta alternativa aos combustíveis fósseis, foi assinado um acordo de joint-venture entre a portuguesa Galp Energia e a Petrobras que requer um investimento de 350 milhões de euros (R$ 910 milhões).

Além da produção de biodiesel de segunda geração nas refinarias da Galp a partir de óleos vegetais produzidos no Brasil, o projeto contempla, no solo brasileiro, a produção para exportação e o fomento do cultivo agrícola de oleaginosas.

Ao todo, serão produzidas anualmente 600 mil toneladas de óleos vegetais pela nova sociedade."Esta é a resposta que o mundo tem de dar às alterações climáticas", disse Sócrates, salientando que o uso de biocombustíveis é a resposta "para a redução das emissões de dióxido de carbono e uma alternativa aos combustíveis fósseis".

Lula defendeu que todos têm o dever de tratar a questão das alterações climáticas e mostrou estar convencido dos benefícios futuros dos biocombustíveis.

"Ou diminuímos as emissões de gases ou criamos um novo combustível para resolver o problema. Em menos de 20 anos o biocombustível será a principal matriz energética", declarou o presidente brasileiro.

Mercosul
Em relação ao Mercosul (Mercado Comum do Sul, bloco composto por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), os líderes foram também unânimes em considerar que a parceria estratégica lançada nesta quarta pode ter um papel fundamental na aproximação entre os dois blocos.

O presidente brasileiro declarou estar confiante em uma futura parceria entre os dois blocos, garantindo que vai transmitir aos parceiros da América do Sul a idéia "de que o acordo poderá ser benéfico para todos".

O interesse na aproximação ao Mercosul é tal que nem a hipótese da entrada da Venezuela, cujo regime é criticado por restrições à liberdade de expressão, parece incomodar os líderes europeus, com Sócrates e Durão Barroso afirmando que não cabe à UE pronunciar-se sobre os critérios de adesão definidos pelo bloco sul-americano.

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