Havana, 13 Julho 2007 - O governo cubano está aberto a um "diálogo cordial" com a Igreja Católica, disse nesta sexta-feira o presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), o arcebispo brasileiro dom Raymundo Damasceno.
Representantes da Celam se reuniram na noite de quarta-feira com o vice-presidente cubano, Carlos Lage, com o dirigente comunista Esteban Lazo, com o chanceler Felipe Pérez Roque e com outras autoridades.
"Há uma abertura do governo ao diálogo com as autoridades da Igreja. Acho que há um clima bom. Melhorou", disse dom Raymundo, eleito nesta semana presidente da Celam, na primeira reunião de bispos latino-americanos a ser realizada em Cuba em meio século.
"Posso perceber que há um diálogo entre as autoridades e a Igreja, um diálogo de maneira cordial e que acho que pode se aprofundar", acrescentou, durante entrevista coletiva.
As relações entre a Igreja Católica e o governo cubano atravessaram décadas de alta tensão entre o triunfo da revolução de Fidel Castro, em 1959, e a visita do papa João Paulo 2o, em 1998.
Emilio Araguren, bispo da cidade cubana de Holguín, disse que a reunião desta semana com as autoridades comunistas pode ser só o começo.
"As portas ficaram abertas para isso", comentou o bispo cubano, eleito nesta semana presidente do comitê econômico da Celam.
Segundo os bispos, a prova disso é que as autoridades cubanas estão dispostas a permitir que a Igreja dê assistência espiritual a milhares de jovens latino-americanos e de outras regiões que estudam gratuitamente em Cuba.
De acordo com o Granma, jornal oficial do Partido Comunista, o encontro entre autoridades políticas e eclesiásticas se deu em "ambiente cordial e construtivo".
"Serviu para trocar idéias com os visitantes sobre a realidade nacional, os desafios que enfrenta nosso país, os efeitos negativos do bloqueio (norte-americano) na população e na economia, assim como os programas de colaboração com os países latino-americanos", disse o diário.
Após a chegada de Fidel ao poder, centenas de sacerdotes foram expulsos de Cuba, e outros abandonaram o país. (Esteban Israel/Reuters)
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