sexta-feira, 10 de junho de 2016

OTAN INICIA MANOBRA MILITAR CONTRA A RÚSSIA: A “ANAKONDA 16”



8 junho 2016, Resistência- See more at: http://www.resistencia.cc (Brasil)

Tendo como objetivo cercar a Rússia, os EUA e outros 18 países iniciaram nesta terça-feira (7) uma manobra militar envolvendo mais de 25 mil soldados. Manlio Dinucci, colaborador do Resistência, escreve sobre a operação.

Manlio Dinucci: NAS ENGRENAGENS DA ANACONDA

Começa hoje (7 de junho), na Polônia, a Anakonda 16, “a maior manobra militar aliada deste ano”: participam mais de 25 mil homens de 19 países da Otan (entre estes Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Turquia) e de 6 parceiros (1): Geórgia, Ucrânia e Kossovo (reconhecido como Estado), de fato já na Otan sob comando dos Estados Unidos; Macedônia, que não está ainda na Otan apenas devido à oposição da Grécia sobre a questão do nome do país (o mesmo de uma das províncias gregas, que a Macedônia poderia reivindicar); Suécia e Finlândia, que se aproximam cada vez mais da Otan (elas participaram em maio na reunião dos ministros das Relações Exteriores da Aliança).

Formalmente a manobra está sob a condução polonesa (daí o “k” no nome), para satisfazer o orgulho nacional de Varsóvia. Na realidade, está sob comando do US Army Europe que, como “área de responsabilidade” abrange 51 países (incluindo toda a Rússia), tendo por missão
oficial “promover os interesses estratégicos americanos na Europa e Eurásia”. Cada ano esse exército efetua mil operações militares em mais de 40 países da área.

O US Army Europe participa na manobra com 18 de suas unidades, entre as quais a 173ª Brigada aerotransportada de Vicenza. A Anakonda 16, que se desenvolve até 17 de junho, é claramente dirigida contra a Rússia. A manobra prevê “missões de assalto de forças multinacionais aerotransportadas” e outras incluindo a área do Mar Báltico na fronteira do território russo.
Na véspera da Anakonda 16, Varsóvia anunciou que em 2017 aumentará as forças armadas polonesas de 100 a 150 mil homens, constituindo uma força paramilitar de 35 mil homens denominada “força de defesa territorial”. Distribuída em todas as províncias, a começar pelas orientais, ela terá como missão “impedir a Rússia de controlar o território polonês, como ela fez na Ucrânia”.

Os membros da nova força, que receberão um salário mensal, serão treinados, a partir de setembro, por instrutores estadunidenses e da Otan segundo o modelo adotado na Ucrânia, onde treinam a Guarda Nacional incluindo os batalhões neonazistas. A associação paramilitar polonesa Strzelec, que com mais de 10 mil homens constituirá o ponto nevrálgico da nova força, já começou seu treinamento participando na Anakonda 16. A constituição da força paramilitar, que no plano interno fornece ao presidente Andrzej Duda um novo instrumento para reprimir a oposição, participa no aumento do poderio militar da Polônia, com um custo previsto de 34 bilhões de dólares, de agora até 2022, sob o encorajamento dos Estados Unidos e da Otan com finalidades antirrussas.

Os trabalhos já começaram para instalar na Polônia uma bateria terrestre de mísseis do sistema estadunidense Aegis, semelhante ao que já está em funcionamento na Romênia, que pode lançar tanto mísseis interceptadores como mísseis de ataque nuclear. Aguardando a cúpula da Otan de Varsóvia (8 e 9 de julho), que oficializará a escalada anti-Rússia, o Pentágono se prepara para deslocar para a Europa uma brigada de combate de cinco mil homens que se movimentará entre a Polônia e os países bálticos.

Ao mesmo tempo, intensificam-se as manobras militares dos EUA/Otan dirigidas contra a Rússia: em 5 de junho, dois dias antes da Anakonda 16, começou no Mar Báltico a Baltops 16, com 6.100 militares, 45 navios e 60 aviões de guerra de 17 países (inclusive a Itália) sob o comando dos EUA. Nela participam também bombardeiros estratégicos estadunidenses B-52. A cerca de 100 milhas do território russo de Kalingrado.

É uma escalada ulterior da estratégia de tensão, que a Europa impulsiona para uma confrontação não menos perigosa que a da guerra fria. Sob o silêncio politico-midiático das “grandes democracias” ocidentais.

Fonte: Il Manifesto; tradução de José Reinaldo Carvalho, para Resistência

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