11 junho 2016, Brasil 247 http://www.brasil247.com (Brasil)
Por Emir Sader*
O Brasil não sairá o mesmo depois
desta profunda e prolongada crise, que não poupou a nenhuma instituição
política, mas sobretudo questionou a legitimidade do sistema político. Sairá
melhor ou pior, mais democrático ou mais autoritário.
Sairá pior se o golpe se
consolidar, porque o período democrático da nossa história teria um desfecho de
ruptura, com um bando de políticos aventureiros assaltando o Estado sem
votos, sem legitimidade, buscando desmontar todos os avanços conseguidos nos
últimos anos. Terá sido consagrado o método do golpe, da falta de respeito à
vontade democrática da maioria.
Mas o Brasil sairá melhor, se for
imposta uma solução democrática à crise. Se, às mais grandes mobilizações
populares, aos argumentos irrefutáveis contra o golpe e a favor da democracia,
se unir uma solução política que
combine o respeito à democracia com a
legitimação da consulta popular.
A Dilma, nas suas entrevistas à
TV Brasil e ao Brasil 247, generosamente, reafirmou seu direito a retomar na
plenitude a presidência da República, para a qual foi eleita democraticamente,
mas ao mesmo tempo, mostrando compreensão da dimensão da crise brasileira,
reiterou que "o Brasil precisa de uma nova repactuação pelo voto".
Não um voto que substitua o
mandato legitimamente conquistado pela Dilma, mas um que reafirme os caminhos
que deve seguir o Brasil a partir de uma crise tão profunda como esta. O que
supõe a derrota do golpe na votação do Senado, a retomada da presidência plena
por parte da Dilma para, a partir daí, consultar o povo sobre os passos
seguintes.
O senador Roberto Requião se
adianta até a propor os passos que deveriam ser dados nesse período, para
sinalizar o caminho futuro do país. Menciona-se uma carta que Dilma faria,
apontando os rumos da continuidade do seu governo, que sem duvida contará com
Lula como articulador fundamental.
O principal é buscar e encontrar
uma saída política democrática para a crise, mostrar que o golpe não compensa,
que o país não aguenta os retrocessos que eles querem impor. Mostrar que além
da imensa mobilização popular e dos argumentos, temos capacidade
política para articular uma saída democrática para a crise.
Impedir o que os golpistas
gostariam: voltar a se impor no Senado e seguir, de forma acelerada a partir
daí, no desmonte do patrimônio público nacional, nos direitos dos
trabalhadores, nos recursos para a educação e a saúde, na política externa
soberana, em tudo o que de positivo foi conquistado nestes anos, chegando a
2018 com um país desfeito, reordenado conforme os ditames do mercado controlado
pelos capitais especulativos.
Vislumbra-se uma via de derrota
dos golpistas no Senado, de retomada da presidência pela Dilma e pela consulta,
convocada por ela, da vontade popular. O Brasil sairá mais forte, a democracia
renovada, o povo mais confiante e decidido a tomar de vez nas suas mãos o
destino do país.
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