16 junho 2016, Confederação Nacional da Agricultura
(Contag) https://www.contag.org.br (Brasil)
Ações em todo o País demonstram a força da agricultura familiar
brasileira contra qualquer retrocesso nos direitos dos trabalhadores(as)
Em todo o
Brasil, mais de 100 mil trabalhadores e trabalhadoras rurais ocuparam agências,
gerências e superintendências da Previdência Social de centenas de municípios,
espalhados por 11 estados: Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do
Norte, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Tocantins e
Pará. O número superou o esperado pelo Movimento Sindical dos Trabalhadores e
Trabalhadoras Rurais (MSTTR). O objetivo das mobilizações é deixar clara para o
governo federal interino, para o Congresso Nacional e para toda a sociedade a
posição contrária a qualquer tipo de retrocesso nos direitos dos(as)
trabalhadores(as), especialmente no
que diz respeito à previdência social.Queremos ainda a melhoria dos serviços da Seguridade Social, queremos que sejam recompostos o MDA e o MPS, espaços onde pode haver a discussão e execução de políticas para ampliar o desenvolvimento solidário e sustentável do campo, da floresta e das águas”, afirma o presidente da CONTAG.
Em Brasília houve ainda um grande ato com mais de dez mil trabalhadores e trabalhadoras rurais.
----------------- Relacionada
Brasil/UM EXEMPLO A SER SEGUIDO POR TODA A CLASSE TRABALHADORA -- Adilson Araújo sobre ocupação do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA)
17 junho 2016, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil--CTB http://portalctb.org.br
(Brasil)
Os trabalhadores e trabalhadoras do campo estão de parabéns. Nesta quinta-feira,
16, deram um belo exemplo de luta e determinação com a Mobilização
Nacional em Defesa da Democracia, contra a reforma da Previdência Social e a
extinção dos ministérios do Desenvolvimento Agrário (MDA) e da Previdência, bem como pela
manutenção do Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR).
A manifestação mobilizou cerca de 100 mil camponeses sob a coordenação
da Confederação Nacional da Agricultura (Contag), 27 federações e mais de 4 mil
sindicatos. As iniciativas anunciadas ou tomadas até agora pelo governo
interino ilegítimo presidido por Michael Temer comprovam a denúncia reiterada pela
CTB de que o golpe travestido de impeachment da presidenta Dilma serve aos
interesses dos grandes fazendeiros, da grande burguesia e do imperialismo,
constituindo na mesma medida uma séria ameaça aos direitos conquistados pela
classe trabalhadora, à democracia e à soberania nacional.
Tudo que, no governo ou fora dele, está associado aos movimentos
sociais, aos direitos das mulheres, dos negros, dos jovens e em geral da classe
trabalhadora, é alvo de uma odiosa ofensiva por parte do governo, que por rematada
hipocrisia geralmente vem fantasiada de austeridade fiscal e modernização das
relações sociais. Nesta toada extinguiram o MDA e o Ministério das Mulheres, da
Igualdade Racial e dos Direitos Humanos; transformaram a Previdência num
puxadinho do Ministério da Fazenda, dirigido pelo neoliberal Meirelles, e
entregaram as secretarias ligadas ao campo à Casa Civil.
Segurança alimentar
Tencionam colocar uma pá de cal em cima da reforma agrária e enfraquecer
a agricultura familiar, beneficiando ainda mais o grande agronegócio. Temos
consciência de que isto não prejudica apenas os agricultores, homens e mulheres
que amam o campo e lutam para que os jovens lá permaneçam e evitem o destino de
engrossar o exército de desempregados nas cidades, a cada dia maior.
É a agricultura familiar que abastece as mesas das famílias brasileiras,
pois produz 70% dos alimentos destinados ao consumo interno, enquanto as
grandes propriedades privilegiam a produção de mercadorias para exportação. A
política dos golpistas para o setor segue na contramão da segurança alimentar
da nação na medida em que enfraquece, em vez de fortalecer, a agricultura
familiar e negligencia a reforma agrária.
Ofensiva reacionária
Retrocessos mais danosos e dramáticos foram anunciados e podem ocorrer
se a classe trabalhadora do campo e das cidades e seus aliados não derem uma
resposta à altura nas ruas. Destacam-se, entre eles, as propostas de reforma da
Previdência Social e da legislação trabalhista, ambas destinadas a sacrificar
no altar do capital e do imperialismo os direitos e conquistas do povo
trabalhador brasileiro.
Na Previdência o golpista Temer quer estabelecer a idade mínima para
aposentadoria, em 65 anos para homens e mulheres e, simultaneamente, aumentar o
tempo de contribuição. Anuncia um retrocesso geral a ser imposto à nossa classe
trabalhadora, provavelmente ainda mais sensível no campo onde os homens hoje
aposentam aos 60 anos e as mulheres aos 55.
Falso conceito
Com o forte apoio da mídia capitalista e dos analistas de mercado,
economistas a soldo do sistema financeiro, alardeiam que o sistema está falido
em função de um déficit insustentável, que seria a principal fonte (juntamente
com outros gastos sociais) do desequilíbrio das contas públicas.
O argumento é falso, em primeiro lugar porque à luz da Constituição
Cidadã de 1988 não existe déficit. A Previdência foi incluída na Carta Magna
dentro do conceito mais amplo de Seguridade Social (que inclui direitos à
Saúde, Previdência e Assistência Social). Os constituintes tiveram também a sabedoria
e cuidado de prever as fontes de financiamento para a seguridade, que apesar da
crise e da ruinosa renúncia fiscal a favor dos empresários tem fechado no azul
ao longo dos últimos anos. Em 2013 o superávit foi de R$ 76,2 bilhões, em 2014,
de R$ 53,8 bilhões e em 2015, de R$ 23,9 bilhões, segundo a Associação Nacional
dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip).
Há muito os movimentos sociais alertam para o fato de que o falso
conceito de déficit
previdenciário, com
que trabalha o governo e a mídia golpista, é a senha para o retrocesso. Quem
analisa com seriedade as contas governamentais sabe que a crise fiscal, em
torno da qual fazem tanto alarde, é de natureza eminentemente financeira. Tem
origem nos juros astronômicos pagos aos detentores da dívida pública (sobretudo
banqueiros), cujos serviços consomem quase 50% do Orçamento da União. Sobre
isto os ideólogos da classe dominante nada falam, cultivam um silêncio cínico
em desavergonhada parceria com a mídia empresarial. Acontece o inverso do que
dizem, é o dinheiro da seguridade que vem sendo desviado de suas vinculações
constitucionais, através da DRU, para pagar juros.
Barrar o retrocesso
Outro grande perigo ressuscitado pelos golpistas é em relação à
legislação trabalhista, ao edifício do Direito do Trabalho, duramente
construído ao longo do século passado. Temer prometeu aos empresários a prevalência
do negociado sobre a Lei, o que equivale a entregar ao mercado capitalista
(dominado por capitalistas) a definição das normas (direitos e deveres) que
devem presidir as relações trabalhistas. Seria o fim da CLT, projeto ensaiado
lá atrás por FHC e enterrado pelo governo Lula em 2003. Digo seria porque não
podemos permitir tamanho retrocesso.
A CTB não reconhece o governo ilegítimo liderado pelo golpista Temer e
não vai medir esforços na conscientização e mobilização de suas bases para a
luta em defesa dos direitos e interesses da classe trabalhadora, da democracia
e da soberania nacional. Não à Reforma da Previdência que reduz benefícios e
direitos. Não à Reforma Trabalhista que acaba com a CLT. Fora Temer. Por um
plebiscito para que o povo decide sobre antecipação das eleições presidenciais.
Adilson Araújo, presidente Nacional da CTB.
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