sexta-feira, 17 de junho de 2016

Brasil/Mais de 100 mil trabalhadores e trabalhadoras rurais ocuparam agências, gerências e superintendências da Previdência Social



16 junho 2016, Confederação Nacional da Agricultura (Contag) https://www.contag.org.br (Brasil)

Ações em todo o País demonstram a força da agricultura familiar brasileira contra qualquer retrocesso nos direitos dos trabalhadores(as)


Em todo o Brasil, mais de 100 mil trabalhadores e trabalhadoras rurais ocuparam agências, gerências e superintendências da Previdência Social de centenas de municípios, espalhados por 11 estados: Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Tocantins e Pará. O número superou o esperado pelo Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR). O objetivo das mobilizações é deixar clara para o governo federal interino, para o Congresso Nacional e para toda a sociedade a posição contrária a qualquer tipo de retrocesso nos direitos dos(as) trabalhadores(as), especialmente no
que diz respeito à previdência social.

As ocupações começaram bem cedo, muito antes do início do expediente das agências, gerências e superintendências da Previdência Social, e se estenderam ao longo do dia. As ruas do interior do país e de várias capitais foram tomadas pelos milhares de trabalhadores que levantaram as bandeiras do MSTTR e também faixas com suas demandas. Para o presidente da CONTAG, Alberto Ercílio Broch, esse é um dia histórico para o Movimento Sindical, pois marca a força de mobilização dos trabalhadores e trabalhadoras rurais brasileiros. “Vamos continuar na luta para defender nossos direitos! Não admitiremos nenhum retrocesso, nenhum direito a menos.

Queremos ainda a melhoria dos serviços da Seguridade Social, queremos que sejam recompostos o MDA e o MPS, espaços onde pode haver a discussão e execução de políticas para ampliar o desenvolvimento solidário e sustentável do campo, da floresta e das águas”, afirma o presidente da CONTAG.
Em Brasília houve ainda um grande ato com mais de dez mil trabalhadores e trabalhadoras rurais.

----------------- Relacionada


Brasil/UM EXEMPLO A SER SEGUIDO POR TODA A CLASSE TRABALHADORA -- Adilson Araújo sobre ocupação do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA)

17 junho 2016, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil--CTB http://portalctb.org.br (Brasil)

Os trabalhadores e trabalhadoras do campo estão de parabéns. Nesta quinta-feira, 16, deram um belo exemplo de luta e determinação com a Mobilização Nacional em Defesa da Democracia, contra a reforma da Previdência Social e a extinção dos ministérios do Desenvolvimento Agrário (MDA) e da Previdência, bem como pela manutenção do Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR).

A manifestação mobilizou cerca de 100 mil camponeses sob a coordenação da Confederação Nacional da Agricultura (Contag), 27 federações e mais de 4 mil sindicatos. As iniciativas anunciadas ou tomadas até agora pelo governo interino ilegítimo presidido por Michael Temer comprovam a denúncia reiterada pela CTB de que o golpe travestido de impeachment da presidenta Dilma serve aos interesses dos grandes fazendeiros, da grande burguesia e do imperialismo, constituindo na mesma medida uma séria ameaça aos direitos conquistados pela classe trabalhadora, à democracia e à soberania nacional.

Tudo que, no governo ou fora dele, está associado aos movimentos sociais, aos direitos das mulheres, dos negros, dos jovens e em geral da classe trabalhadora, é alvo de uma odiosa ofensiva por parte do governo, que por rematada hipocrisia geralmente vem fantasiada de austeridade fiscal e modernização das relações sociais. Nesta toada extinguiram o MDA e o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos; transformaram a Previdência num puxadinho do Ministério da Fazenda, dirigido pelo neoliberal Meirelles, e entregaram as secretarias ligadas ao campo à Casa Civil.

Segurança alimentar
Tencionam colocar uma pá de cal em cima da reforma agrária e enfraquecer a agricultura familiar, beneficiando ainda mais o grande agronegócio. Temos consciência de que isto não prejudica apenas os agricultores, homens e mulheres que amam o campo e lutam para que os jovens lá permaneçam e evitem o destino de engrossar o exército de desempregados nas cidades, a cada dia maior.

É a agricultura familiar que abastece as mesas das famílias brasileiras, pois produz 70% dos alimentos destinados ao consumo interno, enquanto as grandes propriedades privilegiam a produção de mercadorias para exportação. A política dos golpistas para o setor segue na contramão da segurança alimentar da nação na medida em que enfraquece, em vez de fortalecer, a agricultura familiar e negligencia a reforma agrária.

Ofensiva reacionária
Retrocessos mais danosos e dramáticos foram anunciados e podem ocorrer se a classe trabalhadora do campo e das cidades e seus aliados não derem uma resposta à altura nas ruas. Destacam-se, entre eles, as propostas de reforma da Previdência Social e da legislação trabalhista, ambas destinadas a sacrificar no altar do capital e do imperialismo os direitos e conquistas do povo trabalhador brasileiro.

Na Previdência o golpista Temer quer estabelecer a idade mínima para aposentadoria, em 65 anos para homens e mulheres e, simultaneamente, aumentar o tempo de contribuição. Anuncia um retrocesso geral a ser imposto à nossa classe trabalhadora, provavelmente ainda mais sensível no campo onde os homens hoje aposentam aos 60 anos e as mulheres aos 55.

Falso conceito
Com o forte apoio da mídia capitalista e dos analistas de mercado, economistas a soldo do sistema financeiro, alardeiam que o sistema está falido em função de um déficit insustentável, que seria a principal fonte (juntamente com outros gastos sociais) do desequilíbrio das contas públicas.

O argumento é falso, em primeiro lugar porque à luz da Constituição Cidadã de 1988 não existe déficit. A Previdência foi incluída na Carta Magna dentro do conceito mais amplo de Seguridade Social (que inclui direitos à Saúde, Previdência e Assistência Social). Os constituintes tiveram também a sabedoria e cuidado de prever as fontes de financiamento para a seguridade, que apesar da crise e da ruinosa renúncia fiscal a favor dos empresários tem fechado no azul ao longo dos últimos anos. Em 2013 o superávit foi de R$ 76,2 bilhões, em 2014, de R$ 53,8 bilhões e em 2015, de R$ 23,9 bilhões, segundo a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip).

Há muito os movimentos sociais alertam para o fato de que o falso conceito de déficit previdenciário, com que trabalha o governo e a mídia golpista, é a senha para o retrocesso. Quem analisa com seriedade as contas governamentais sabe que a crise fiscal, em torno da qual fazem tanto alarde, é de natureza eminentemente financeira. Tem origem nos juros astronômicos pagos aos detentores da dívida pública (sobretudo banqueiros), cujos serviços consomem quase 50% do Orçamento da União. Sobre isto os ideólogos da classe dominante nada falam, cultivam um silêncio cínico em desavergonhada parceria com a mídia empresarial. Acontece o inverso do que dizem, é o dinheiro da seguridade que vem sendo desviado de suas vinculações constitucionais, através da DRU, para pagar juros.

Barrar o retrocesso
Outro grande perigo ressuscitado pelos golpistas é em relação à legislação trabalhista, ao edifício do Direito do Trabalho, duramente construído ao longo do século passado. Temer prometeu aos empresários a prevalência do negociado sobre a Lei, o que equivale a entregar ao mercado capitalista (dominado por capitalistas) a definição das normas (direitos e deveres) que devem presidir as relações trabalhistas. Seria o fim da CLT, projeto ensaiado lá atrás por FHC e enterrado pelo governo Lula em 2003. Digo seria porque não podemos permitir tamanho retrocesso.

A CTB não reconhece o governo ilegítimo liderado pelo golpista Temer e não vai medir esforços na conscientização e mobilização de suas bases para a luta em defesa dos direitos e interesses da classe trabalhadora, da democracia e da soberania nacional. Não à Reforma da Previdência que reduz benefícios e direitos. Não à Reforma Trabalhista que acaba com a CLT. Fora Temer. Por um plebiscito para que o povo decide sobre antecipação das eleições presidenciais.

Adilson Araújo, presidente Nacional da CTB.

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