sexta-feira, 17 de junho de 2016

Brasil/PT contesta decreto do ministro interino da Justiça



15 junho 2016, Jornal GGN http://www.jornalggn.com.br (Brasil)

Jornal GGN -- O ministério interino da Justiça foi alvo de críticas do PT após a publicação, na última segunda-feira, de um decreto que suspendeu os atos da pasta por 90 dias, com exceção dos atos de repressão e relacionados à política. Na prática, a medida suspende a assinatura de novos contratos, nomeação de servidores, autorização de repasses e realização de eventos, entre outras medidas da rotina da pasta.

Segundo o ministro do governo Dilma, Eugênio Aragão, a decisão de Moraes não só é uma "prova cabal da baixa qualidade de governança que o golpe proporcionou ao País" como também evidencia o foco na repressão a manifestações populares.

“Isso vai criar um caos, porque 90 dias sem mexer com
política indígena enquanto tem índio morrendo, 90 dias sem cuidar das penitenciárias, 90 dias sem cuidar da cooperação jurídica internacional, 90 dias sem cuidar de refugiados, que tipo de governo é esse?”, indagou.

Da Agência PT


Ministro da Justiça de Dilma contesta decreto de Alexandre de Moraes, que suspende por 90 dias os atos da pasta, menos áreas policiais e de repressão

Por Luana Spinillo

O Ministério da Justiça do governo golpista de Michel Temer publicou portaria, nesta segunda-feira (13), suspendendo por 90 dias a realização de atos de gestão da pasta, com exceção das áreas policiais e de repressão.

A decisão foi avaliada por Eugênio Aragão, ministro da Justiça do governo da presidenta eleita Dilma Rousseff, como uma “prova cabal da baixa qualidade de governança que o golpe proporcionou ao País” e do “enorme déficit de gestão”.

“Mostra-se claramente que não foi um governo eleito, porque governo eleito tem que dar satisfação das suas políticas públicas. Um governo não eleito não tem que dar satisfação. Mostra claramente também que esse ministro e sua equipe não têm conhecimento de gestão ministerial”, completou Aragão.

Com o decreto, ficam paralisadas e suspensas a assinatura de novos contratos, convênios, nomeação dos servidores, autorização de repasse de valores não contratados, despesas com diárias e passagens e a realização de eventos.

“Isso vai criar um caos, porque 90 dias sem mexer com política indígena enquanto tem índio morrendo, 90 dias sem cuidas das penitenciárias, 90 dias sem cuidar da cooperação jurídica internacional, 90 dias sem cuidar de refugiados, que tipo de governo é esse?”, indagou.
Segundo o ministro, está explícito o foco na repressão. “A gente vê claramente quais são as prioridades desse governo, um governo truculento que entende muito de repressão”.

O foco na repressão também foi destacado pelo deputado federal Wadih Damous (PT-RJ), lembrando que o atual ministro golpista da Justiça, Alexandre de Moraes, foi Secretário de Segurança Pública em São Paulo, no governo tucano de Geraldo Alckmin (PSDB-SP).

“Lá ele estabelecia a política do bate pau. Podemos esperar que essa política se espalhe pelo País. O que existia em São Paulo vai se repetir pelo Brasil. A estrutura repressiva, essa continua funcionando”, disse.

Na avaliação do deputado petista, a portaria “é uma medida absolutamente desacertada, que na verdade é preparando o terreno para que os segmentos de Direitos Humanos sejam esvaziados. É um governo de revogação de direitos”.

Para ele, o decreto, por mais absurdo, não causa surpresa, pois “expressa bem o que é o governo golpista”. “É uma sinalização de que não é um governo que vá prestigiar os Direitos Humanos, que não são pauta desse governo. As questões dos Direitos Humanos e sociais não têm qualquer importância para esse governo, muito pelo contrário, é um empecilho para aquilo que eles consideram política governamental”, finalizou.

O ministro da Justiça do governo eleito também enfatizou o histórico de Alexandre de Moraes, que mostra sua predileção pelas ações de repressão.

“Ele sabe o que é repressão, disso ele entende muito bem. Tanto que botou o seu delegado da Polícia Civil para tomar conta da Força Nacional, que mudou completamente a sua filosofia. De apoiar a população passou a ser um instrumento de repressão da população. De repressão ele entende bem. Mas ele não entende do resto”, afirmou.

Aragão lembrou que o golpista Temer tirou do Congresso a urgência constitucional do projeto de lei que tratava dos autos de resistência, enviado por Dilma. Para ele, mais uma prova de que este governo ilegítimo tem foco na repressão.

A Coordenadoria-geral de Promoção dos Direitos LGBT da Secretaria de Direitos Humanos do governo Dilma, Symmy Larrat, também contestou o decreto.

Para ela, a mensagem que o governo golpista passa com o “congelamento do Ministério” é de que “não é importante prevenir, que somente é importante repreender, encher os presídios de pessoas e tacar polícia com cassetete nas pessoas”.

Ela comparou o ato com os discursos de ódio proferidos pelos fundamentalistas, ao dizerem que “gay é falta de apanhar”.

“Aí depois um pai espanca um filho até a morte porque ele gostava de lavar louça. Quando você passa um discurso, você não precisa dizer que a pessoa faça. Você já está estimulando indiretamente. A mesma coisa acontece com certas ações de governo. Ao fazer certas ações como investir mais na repressão e não na prevenção, você está passando para a população a mensagem de que certas coisas são toleráveis, que certas coisas são menos importantes que outras”, explicou.

Segundo Simmy, as pessoas LGBT estão mais receosas por conta dessa mensagem de repressão e enfrentamento à violência simplesmente através do armamento, da repressão e da militarização excessiva.


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DADOS SOBRE O FICHA SUJA Alexandre de Moraes

Por Mercosul & CPLP + BRICS

Alexandre de Moraes, o ministro golpista da Justiça, é advogado e professor de direito na Universidade de São Paulo. Antes de assumir cargo no governo ilegal de Michel Temer, exerceu as seguintes atividades principais:

1. Advogado em cento e vinte e três (123) processos da cooperativa Transcooper pertencente ao Primeiro Comando da Capital, uma organização criminosa mais conhecida pela sigla PCC. Investigações feitas sobre as suas atividades revelaram que a empresa é uma cobertura para a formação de quadrilha, corrupção e lavagem de dinheiro.

O PCC é conhecido como o mais violento grupo de delinquentes em operação no Brasil. Tem como fonte de financiamento o tráfico de drogas, assaltos a bancos, roubos de cargas e extorsão. Dedica-se tambem a assassinatos. Em reportagem publicada em 2013, o jornal O Estado de São Paulo informou que o seu faturamento anual chega aos 120 milhões de reais.

São Paulo é o seu centro de operações. A partir daí o PCC controla 90% dos presídios e as rebeliões neles realizadas. Encontra-se presente em 22 dos 27 estados brasileiros e tem ramificações na Bolívia e no Paraguai.

2. Secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, de 2014 até a data da sua nomeação como ministro interino da Justiça, em 2016.

Neste curto período, a Policia Militar sob a sua direção apresentou um alto índice de assassinatos. Somente em 2015, foram mortas mais de setecentas e noventa e oito (798) pessoas, em sua maioria jovens, negros e pobres. Só na cidade de São Paulo esta policia militar matou uma em quatro pessoas eliminadas.  As mortes apresentadas como confrontos entre suspeitos e policiais militares de folga aumentaram 61%. Um dado importante é que as cifras oficiais divulgadas pela Secretaria de Segurança Pública foram denunciadas na mídia como falsas, pois tentavam ocultar o número real de vítimas.

Neste cargo, comandou pessoalmente a Policia Militar em operações contra estudantes que ocuparam escolas estaduais para exigir do governo de São Paulo melhorias na qualidade do ensino e denunciar o roubo das verbas destinadas à merenda escolar. Este crime, como ficou comprovado, era praticado para favorecer financeiramente o PSDB. Moraes é membro deste partido, do qual tambem faz parte José Serra, um dos principais chefes do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff.

Um dos episódios que Moraes protagonizou, em 2015, e que se tornou escândalo nacional foi a invasão, com todo o aparato policial-militar, do Centro Paula Souza sem mandato judicial e desrespeitando um acordo já alcançado entre os estudantes e a direção da escola.

Na tentativa de reprimir protestos em São Paulo, Moraes utilizou canhões de água e “spray” de pimenta contra estudantes, incluindo uma grávida. Pela primeira vez blindados israelenses -- daqueles que o governo nazi-sionista de Israel emprega contra os palestinos -- fizeram parte do arsenal para atacar manifestantes no Brasil.

Em abril do corrente ano, estudantes que participaram, nos meses de novembro e dezembro de 2015, das ocupções de escolas estaduais apresentaram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em Washington, uma denúncia contra a violência empregada na repressão pela Policia Militar sob o comando de Moraes. As agressões foram documentadas com videos. Ocorreram, além de demonstrações de força desnecessárias, detenções arbitrárias e ameaças de abusos sexuais feitas por policiais militares às alunas que participavam das manifestações.

Perseguição contra apoiantes de Dilma Rousseff e outros movimentos
Moraes é um inimigo declarado de Dilma Rousseff e de movimentos populares. Em declarações sobre os protestos verificados em todo o país contra o golpe e de apoio à presidenta Dilma Roussseff, ele expressamente que as manifestações são consideradas como guerra de guerrilha e os seus participantes serão tratados como criminosos.

O reacionarismo de Alexandre Moraes e o seu conhecido desprezo pelos direitos das minorias têm estimulado atos de violência, da parte de fazendeiros, para expulsar indígenas das suas terras ancestrais. Contando com o apoio dos golpistas, no dia 14 de corrente mês de junho, uma grande operação foi desencadeada contra o povos Guarani e Kaiowá da terra indígena Dourados-Amambai Peguá, município de Caarapó, Mato Grosso do Sul.

Pistoleiros, capangas e outros assassinos contratados por fazendeiros chegaram em cerca de duzentas (200) caminhonetes, motocicletas, em cavalos e trator chegaram atirando crianças e adultos, mulheres e homens que se encontravam no local. Vestidos de preto e aos gritos, os atacantes destruiram e incendiaram tudo o que puderam encontrar.

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