27
julho 2015, Blog do Emir, Carta Maior cartamaior.com.br (Brasil)
Por Emir Sader
É Lula que pode ser o eixo da recomposição das forças de esquerda, democráticas e populares, recomposição que deve ser feita com novas plataformas.
Lula
foi situado no centro da vida política brasileira. Todos os holofotes se
concentram sobre ele: ou será abatido no voo pela direita, tirando-o, no
tapetão, da vida política, ou exercerá seu papel de eixo da recomposição da
esquerda brasileira e conseguirá dar continuidade ao processo iniciado em 2002,
com todas as adequações necessárias.
Em
um marco de crise de credibilidade das instituições, das forças políticas e
sociais, das lideranças, a exceção fica com Lula. Não fosse assim, ele não
seria alvo dos ataques concentrados da direita. Se acreditasse nas suas
pesquisas, bastaria a direita esperar até 2018 e derrota-lo com qualquer um dos
seus candidatos.
O
destino da direita depende de conseguir inviabilizar juridicamente a
candidatura do Lula e ter assim o caminho aberto para reconquistar a
presidência da república. Caso contrario, teria que se consolar com um novo
mandato do Lula, limitando-o pela revogação da reeleição.
Do
lado do campo popular, Lula também é a referência, é o grande patrimônio, com
ele pode contar. O maior líder popular da história do Brasil, Lula mantém
vínculos profundos com a massa da população, seus governos ficaram marcados na
consciência e na memoria das pessoas, Lula representa a auto estima dos
brasileiros. Por tudo isso, apesar
da brutal campanha contra sua imagem, ela
permanece arraigada no seio do povo.
Mas
ele não se limita a estar na memória do povo, ele representa também sua
esperança. Ninguém tem o carisma e a mística que a liderança de Lula possui.
Desde
a crise de 2005, quando a imagem do PT passou a ser afetada negativamente, a
imagem do Lula foi se descolando do partido, conforme o governo foi ganhando
prestigio, com o sucesso das politicas sociais. Mesmo quando a imagem do
governo de Dilma e a do PT sofrem com a mais dura das campanhas da oposição, a
imagem de Lula resiste e as próprias pesquisas que dão resultados muito ruins
para o PT e Dilma, tem que revelar que Lula teria pelo menos 33% de apoio.
Mas
o Lula de agora precisa propor ao país novas utopias, novos objetivos,
continuidade e aprofundamento do que foi feito a partir do seu governo, precisa
diálogo com novos setores sociais, especialmente os jovens, tanto os da
periferia quanto os da classe média, precisa surgir como quem reivindica não só
a visibilização desses setores, como os espaços das mulheres, rejeitadas nas
suas reivindicações. Em suma, Lula tem que representar, ao mesmo tempo, a
retomada do que foram seus governos, da forma de fazer política que unifique as
forças que apoiem os programas propostos nos seus governos, como também
renovador. Nas reivindicações, na linguagem, na interpelação e integração de
setores até aqui marginalizados.
É
Lula que pode ser o eixo da recomposição das forças de esquerda, das forças
democráticas e populares, recomposição que tem que ser feita com novas
plataformas, novos programas, que deem vida a um amplo movimento social,
político, econômico, cultural, que consolide os avanços, altere profundamente
as relações de poder que resistem a esses avanços e aponte para o Brasil a que
Lula abriu o caminho com seus governos e sua liderança.
Qualquer
especulação política sobre o futuro do Brasil que não leve em consideração a
variável Lula, está equivocada, está fora da realidade, não considera o fator
determinante do futuro político do país. Candidatos tucanos já conhecidos,
nomes sem nenhuma viabilidade popular do PMDB ou outros nomes que aventuras
políticas apontam, se chocam com essa realidade incontornável. Uma vez mais,
quem não decifra o enigma Lula é devorado por ele, como tem acontecido
reiteradament
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