quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Moçambique/SADC: Nyusi preside órgão de defesa e segurança

19 de Agosto de 2015, Jornal Notícias http://www.jornalnoticias.co.mz (Moçambique)

O chefe do Estado moçambicano, Filipe Nyusi, é o novo presidente da “troika” do Órgão de Cooperação para as Áreas de Defesa e Segurança da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

O facto foi anunciado no final da 35.ª Cimeira dos Chefes de Estado e de Governos da SADC, realizada nos últimos dois dias em Gaberone, capital do Botswana, em que foram debatidos diversos temas da vida regional, com destaque para o desenvolvimento económico.

A escolha de Moçambique, segundo o Presidente da República, quebrou a tradição no que diz respeito a esta matéria a nível do bloco, pois a pasta devia
ser assumida, por força dos estatutos, pelo Lesotho, que vinha desempenhando a função de vice-presidente deste órgão responsável pela gestão e prevenção de conflitos no seio da comunidade, constituída por 15 Estados.

O Presidente da República não explicou as razões que estiveram por detrás da escolha de Moçambique, mas tanto quanto sabe o nosso Jornal, houve consenso no seio dos países-membros da SADC de que uma vez em crise política e na fase em que está não era razoável que o Lesotho ocupasse a presidência deste órgão.

A eleição de Moçambique foi feita na tarde da segunda-feira, primeiro dia dos trabalhos da cimeira de dois dias, que reviu a implementação do Plano Estratégico da Industrialização da região, um programa através do qual a SADC pretende, em última análise, erradicar a pobreza, reduzir os desníveis de desenvolvimento entre os países e acelerar a integração regional efectiva.

A vice-presidência do órgão de defesa e segurança ficou com a Tanzania, mantendo-se já como simples membro da “troika” a África do Sul, que cessou funções de presidente nesta cimeira.

O Chefe do Estado moçambicano regressou a Maputo ontem de manhã, antes do fim dos trabalhos da cimeira, na qual foram também assinados três acordos, um relativo à emenda ao Tratado da SADC, o segundo referente à emenda do Protocolo do Órgão de Cooperação nas Áreas de Defesa e Segurança e o último sobre o Empoderamento e Desenvolvimento da Juventude, este que traduz a vontade de uma nova abordagem sobre as questões dos jovens por parte da liderança regional.

Antes de deixar Gaberone Filipe Nyusi fez um breve balanço da participação de Moçambique na 35.ª Cimeira da SADC, considerando-a de positiva. Para além de partilhar com os seus homólogos da região os projectos da sua governação, Nyusi disse ter nesta sua primeira intervenção na cimeira da SADC conseguido levar a mensagem de sincronia dos programas da organização regional com o projecto de governação de Moçambique no quinquénio 2015-2019, sobretudo no que diz respeito à industrialização, vista como meio para a criação de emprego e geração de riqueza.

Segundo ele, a cimeira ouviu o relatório do órgão de defesa e segurança sobre os três dossiers políticos da actualidade na região, nomeadamente as crises no Lesotho, Madagáscar e na República Democrática do Congo (RD Congo). Referiu que em relação aos dois primeiros estão bem encaminhados, enquanto o último ainda precisa de alguma intervenção.

A cimeira passou ainda em revista a questão da insegurança alimentar, que ameaça cerca de 24 milhões de habitantes da região. Relativamente a este assunto, o Chefe do Estado afirmou ter havido um apelo para que cada país trabalhe de modo a encontrar mecanismos de mitigação do problema. Em Moçambique a insegurança alimentar atinge 150 mil pessoas até este momento.

Dados divulgados na véspera da cimeira de Gaberone indicam que o défice de cereais na região na campanha 2014/2015 é de mais de seis milhões, facto que ficou a dever-se às fracas chuvas, nalguns casos, e às cheias seguida de seca, noutros. (Lázaro Manhiça, em Gaberone)

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