terça-feira, 11 de agosto de 2015

Angola e China prioritárias na diversificação de relações económicas de Cabo Verde

10 agosto 2015, Macauhub http://www.macauhub.com.mo (China)

Cabo Verde está a procurar diversificar as suas relações económicas, com particular ênfase no eixo “Sul-Sul” e em Angola e na China, para reduzir a dependência em relação aos países europeus, de acordo com a Economist Intelligence Unit.

Devido à dependência em relação a Portugal ou Itália, países que passaram por crises nos últimos anos afectando o importante sector do turismo, a economia cabo-verdiana perdeu o impulso que estava a registar, acreditando o governo que pode recuperá-lo reforçando as ligações “Sul-Sul”.

Em Junho, Cabo Verde e Angola assinaram em Luanda um memorando de entendimento para expandir a cooperação e investimento bilateral, na sequência de
uma vaga de entrada de capital angolano no arquipélago, que tem tido como protagonista Isabel dos Santos, a principal empresária angolana.

Para a Economist Intelligence Unit, os esforços para reforçar os laços com Angola e outras grandes economias africanas são “essenciais” para reduzir a “dependência” do arquipélago em relação à Europa, de onde chegam perto de 75% dos turistas, e assim de divisas, bem como a maior parte das ajudas externas e investimento.

Face às dificuldades na Europa, a economia cabo-verdiana viu a sua posição externa “enfraquecer consideravelmente” e os decisores políticos empenham-se agora na diversificação do relacionamento.

Desde 2008 que o investimento angolano começou a afluir a Cabo Verde, alargando-se da energia para as telecomunicações e para a banca.

Em Março passado foi inaugurado no Mindelo um terminal petrolífero, um investimento da Enacol (participada pela angolana Sonangol e portuguesa Galp Energia) avaliado em 1,9 milhões de dólares, que deverá proporcionar receitas com o reabastecimento de combustíveis para navios.

O acordo assinado em Junho durante a visita a Luanda do primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, prevê a expansão das parcerias a outros sectores prioritários, incluindo turismo, pescas e transporte aéreo e marítimo.

Há vários anos que é falado o possível investimento da Taag na transportadora aérea cabo-verdiana TACV, que o Estado pretende privatizar, mas a EIU acredita que a actual conjuntura económica não é favorável a tanto.

Para a EIU, Cabo Verde pretende “beneficiar do apetite” angolano por investimento, bem como de apoio orçamental, ao mesmo tempo que, “especialmente com Brasil e China, “tira partido da sua posição estratégica privilegiada para o comércio transatlântico.”

Os objectivos alargam-se ainda aos vizinhos da África Ocidental, com quem Cabo Verde pretende manter os elos existentes, de forma a desenvolver relações comerciais mais fortes e potenciar o papel de plataforma para a região.

Em 2014, o ex-primeiro-ministro Gualberto do Rosário apresentou publicamente um plano com o objectivo de tornar Cabo Verde, até 2023, num “Tigre do Atlântico”, por analogia com os “Tigres Asiáticos”, passando pela construção de 3 grandes refinarias e a instalação de grandes bancos norte-americanos e europeus.

Segundo relata o boletim noticioso Africa Monitor, o plano passava pela captação de investimento externo para sectores novos como indústrias química, electrónica e alimentar, levando ao aumento do tráfego nos portos, de passageiros e de mercadorias.

A privatização da TACV chegou, segundo o governo, a ser seguida por um grupo chinês que o jornal cabo-verdiano A Semana identificou como a Okay Airways, enquanto a China Road & Bridge Corporation (CRBC) manifestou interesse em construir um porto de águas profundas e um terminal de cruzeiros na ilha cabo-verdiana de São Vicente, além de reparar os estaleiros da Cabnave.

De Macau virá nos próximos anos o maior investimento estrangeiro de sempre no arquipélago, avaliado em 250 milhões de dólares, para construção de um hotel-casino na capital, Praia, apresentado no final de Julho pelo empresário David Chow.
O ano de 2014 ficou marcado pela inauguração da maior infra-estrutura desportiva do arquipélago, financiada pela China – o Estádio Nacional, também na ilha de Santiago.


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