10 agosto 2015, Macauhub
http://www.macauhub.com.mo (China)
Cabo Verde está a
procurar diversificar as suas relações económicas, com particular ênfase no
eixo “Sul-Sul” e em Angola e na China, para reduzir a dependência em relação
aos países europeus, de acordo com a Economist Intelligence Unit.
Devido à dependência
em relação a Portugal ou Itália, países que passaram por crises nos últimos
anos afectando o importante sector do turismo, a economia cabo-verdiana perdeu
o impulso que estava a registar, acreditando o governo que pode recuperá-lo
reforçando as ligações “Sul-Sul”.
Em Junho, Cabo Verde
e Angola assinaram em Luanda um memorando de entendimento para expandir a
cooperação e investimento bilateral, na sequência de
uma vaga de entrada de
capital angolano no arquipélago, que tem tido como protagonista Isabel dos
Santos, a principal empresária angolana.
Para a Economist
Intelligence Unit, os esforços para reforçar os laços com Angola e outras
grandes economias africanas são “essenciais” para reduzir a “dependência” do
arquipélago em relação à Europa, de onde chegam perto de 75% dos turistas, e
assim de divisas, bem como a maior parte das ajudas externas e investimento.
Face às dificuldades
na Europa, a economia cabo-verdiana viu a sua posição externa “enfraquecer
consideravelmente” e os decisores políticos empenham-se agora na diversificação
do relacionamento.
Desde 2008 que o
investimento angolano começou a afluir a Cabo Verde, alargando-se da energia
para as telecomunicações e para a banca.
Em Março passado foi
inaugurado no Mindelo um terminal petrolífero, um investimento da Enacol
(participada pela angolana Sonangol e portuguesa Galp Energia) avaliado em 1,9
milhões de dólares, que deverá proporcionar receitas com o reabastecimento de
combustíveis para navios.
O acordo assinado em
Junho durante a visita a Luanda do primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria
Neves, prevê a expansão das parcerias a outros sectores prioritários, incluindo
turismo, pescas e transporte aéreo e marítimo.
Há vários anos que é
falado o possível investimento da Taag na transportadora aérea cabo-verdiana
TACV, que o Estado pretende privatizar, mas a EIU acredita que a actual
conjuntura económica não é favorável a tanto.
Para a EIU, Cabo
Verde pretende “beneficiar do apetite” angolano por investimento, bem como de
apoio orçamental, ao mesmo tempo que, “especialmente com Brasil e China, “tira
partido da sua posição estratégica privilegiada para o comércio
transatlântico.”
Os objectivos
alargam-se ainda aos vizinhos da África Ocidental, com quem Cabo Verde pretende
manter os elos existentes, de forma a desenvolver relações comerciais mais
fortes e potenciar o papel de plataforma para a região.
Em 2014, o
ex-primeiro-ministro Gualberto do Rosário apresentou publicamente um plano com
o objectivo de tornar Cabo Verde, até 2023, num “Tigre do Atlântico”, por
analogia com os “Tigres Asiáticos”, passando pela construção de 3 grandes
refinarias e a instalação de grandes bancos norte-americanos e europeus.
Segundo relata o
boletim noticioso Africa Monitor, o plano passava pela captação de investimento
externo para sectores novos como indústrias química, electrónica e alimentar,
levando ao aumento do tráfego nos portos, de passageiros e de mercadorias.
A privatização da
TACV chegou, segundo o governo, a ser seguida por um grupo chinês que o jornal
cabo-verdiano A Semana identificou como a Okay Airways, enquanto a China Road
& Bridge Corporation (CRBC) manifestou interesse em construir um porto de
águas profundas e um terminal de cruzeiros na ilha cabo-verdiana de São
Vicente, além de reparar os estaleiros da Cabnave.
De Macau virá nos
próximos anos o maior investimento estrangeiro de sempre no arquipélago,
avaliado em 250 milhões de dólares, para construção de um hotel-casino na
capital, Praia, apresentado no final de Julho pelo empresário David Chow.
O ano de 2014 ficou
marcado pela inauguração da maior infra-estrutura desportiva do arquipélago,
financiada pela China – o Estádio Nacional, também na ilha de Santiago.
Nenhum comentário:
Postar um comentário