19 de agosto de 2015, http://gazetarussa.com.br (Rússia)
Projeto abandonado em junho foi
anunciado novamente por Ministério do Desenvolvimento Econômico. Com
classificações paralelas às das grandes agências internacionais, estrutura pode
beneficiar pequenas empresas no país.
O ministro do
Desenvolvimento Econômico russo Aleksêi Uliukaiev anunciou que, até o final de
2015, o país terá uma agência nacional de classificação de risco. O capital
social da agência, estimado em US$ 47,48 milhões, será distribuído igualmente
entre os investidores.
“O mais importante agora
é garantir o capital da agência. Quanto maior o capital, maior a
responsabilidade da agência e maior o peso de suas classificações”, disse o
ministro.
Fundada por grandes
bancos e corporações nacionais, e com apoio do Banco Central da Rússia, a
estrutura já teria atraído o interesse de várias instituições financeiras.
“Cada fundador da agência receberá até 5% do seu capital.”
O órgão será chefiado
pela primeira vice-presidente do Gazprombank, Ekaterina Trofímova, que
trabalhou por mais de uma década na agência de classificação de risco
internacional Standard & Poors com foco em países em desenvolvimento.
Proposto no início do
ano, o projeto
de criar um instituto nacional foi temporariamente abandonado em
junho, quando o vice-premiê russo Ígor Chuvalov anunciou que o país iria
desenvolver uma cooperação com a agência chinesa Dagong Global Credit Rating.
3 contra 1
A ideia de criar uma agência
nacional foi aventada após as internacionais Moody’s e Standard & Poor's
rebaixarem a classificação do país em meio ao agravamento da
situação geopolítica.
Em janeiro, a Standard
& Poors rebaixou o rating soberano da Rússia de BBB- para BB+, abaixo do
grau de investimento. No mês seguinte, foi a vez da Moody's enquadrar a nota de
crédito do país no grau especulativo. A Fitch mantém o rating da Rússia em
BBB-.
“Sou cético sobre a
ideia de criar uma instituição desse tipo, porque não consigo entender os
objetivos da nova agência”, diz o analista da empresa de investimentos UFS IC,
Iliá Balákirev.
O principal ativo das
agências internacionais de classificação de risco é, segundo os especialistas,
a reputação conquistada ao longo de décadas.
“A liderança das três
agências norte-americanas no mercado global de classificação se deve à
qualidade de suas previsões, provada historicamente”, diz o analista da holding
de investimentos Finam, Anton Soroko.
Em longo prazo, porém, o
desenvolvimento de uma agência alternativa pode ser útil para outros países
além da Rússia. Para isso, a instituição deve servir como uma ferramenta que facilite
o acesso de pequenas empresas aos mercados de crédito, segundo Balákirev.
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9 de junho de 2014, http://gazetarussa.com.br
(Rússia)
Aleksêi
Lossan, Gazeta Russa
Moody’s, Fitch e Standard & Poor’s
serão principais concorrentes de instituição recém-criada. Especialistas
garantem que iniciativa não tem ligação alguma com a crise ucraniana nem com os
recentes acordos entre Rússia e China, e insistem em caráter “apolítico” da
nova agência.
A nova agência de rating, cujo objetivo é
competir com as tradicionais Moody’s, Fitch e Standard&Poors, será
um empreendimento conjunto da russa RusRating, da chinesa Dagong e da
americana Egan Jones Rating, criado com base na Universal Credit Rating Group.
De acordo com o ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, na avaliação dos
projetos de investimentos nacionais e regionais, o novo player usará a
estratégia e os critérios aplicados pelas atuais agências de classificação.
Em entrevista à Gazeta
Russa, o diretor-geral da RusRating, Aleksandr Zaitsev, garantiu que a criação
da nova agência não tem ligação alguma com a crise ucraniana nem com os
recentes acordos entre Rússia e China. “Os primeiros sinais de que a indústria
da classificação de riscos precisa de uma modernização surgiram muito tempo
antes dos acontecimentos na Ucrânia, no meio da crise financeira global em
2008, quando as empresas nos EUA começaram a falir apesar de terem a recebido
as melhores notas das três grandes agências de classificação”, explica.
Tempo para amadurecer
Para
poder competir com as “três grandes”, a nova agência internacional precisará de
tempo para montar um sistema de cooperação com parceiros internacionais. “O
mais importante para agências internacionais de classificação de risco de
credito é uma reputação que se cria ao longo de muitos anos”, diz o analista da
Investkafe, Mikhail Kuzmin. Caso a cooperação entre a Rússia e a China seja
ampliada, a classificação da agência poderá inicialmente ser usada em projetos
conjuntos russo-chineses.
Enquanto os parceiros
insistem que a nova agência de classificação de risco de crédito “está fora do
âmbito da política”, o analista da holding de investimentos Finam, Anton
Soroko, acredita se tratar também de uma pressão sobre as agências
norte-americanas. “O impacto das atuais agência sobre a formação das carteiras
de investimentos é muito grande, o que lhes dá a possibilidade de manipular a
opinião pública, superestimando ou subestimando a classificação de risco de
crédito”, diz Soroko.
Segundo ele, para ter
uma objetividade maior, os líderes precisam de outros concorrentes
internacionais, em cuja classificação o investidor terá a possibilidade de
obter uma visão alternativa. “Além disso, no futuro, a consolidação desse tipo
da agência com seus análogos dos Estados Unidos poderia ter o efeito desejado –
a criação de um grupo unificado supranacional, livre de pressão política”,
acrescentou o especialista.
Considerando a
composição heterogênea dos membros, os especialistas têm expectativa de que a
agência conseguirá se tornar uma organização “apolítica”, que atrairá o
interesse dos investidores internacionais. “A participação do lado russo da
RusRating poderia ser explicada pelo fato do que seu ex-diretor, Richard
Hainswort, já tinha acordos de parceria com colegas chineses e americanos”,
comenta Vadim Vedernikov, vice-diretor do departamento da pesquisa e gestão de
risco da UFS IC.
A recente notícia também
afasta os rumores de que a nova agência seria resultado da parceria russa com a
ARC Ratings, que reúne cinco agências nacionais de Portugal, Índia, África do
Sul, Malásia e Brasil.
Fundadores influentes
Em 1996, o economista
britânico Richard Hainswort se tornou gerente da representação russa da Thomson
Financial Bank Watch – uma das maiores agências internacionais de classificação
de risco de bancos, que mais tarde foi comprada pela agência Fitch. Em 2001,
Hainswort, com o apoio do banco americano Citibank, fundou a Global Rating
International Ltd, com base na qual surgiu a agência RusRating. Mais
tarde, criou também agências similares em outras ex-repúblicas soviéticas, como
Cazaquistão e Armênia.
Atualmente, Hainswort é
um dos principais especialistas em risco de crédito na Rússia. Em 2004, ele
iniciou a criação da associação de analistas financeiros certificados na Rússia
(CFA Rússia) e se tornou seu primeiro presidente. No entanto, no final do ano
passado, o economista deixou a RusRating, depois que a agência mudou de
proprietário.
De acordo com fontes
diversas, a agência da classificação de risco de crédito Dagong Global Rating
passou a controlar a RusRating. Porém, o beneficiário principal do RusRating
não é a empresa chinesa, mas o magnata russo da construção e banqueiro
Mikhail Chichanov. Nesse meio tempo, com base nas agências chinesa, russa e a
americana Egan–Jones Ratings foi criada a nova agência internacional Universal
Credit Rating Group.
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