terça-feira, 4 de agosto de 2015

Angola/REFORÇAR A PAZ REGIONAL

4 agosto 2015, Jornal de Angola http://jornaldeangola.sapo.ao (Angola)

 

A gestão e solução de crises em África conhece uma fase nova com concertação regular entre as lideranças das diferentes sub-regiões do continente  e a coordenação das chefias militares.

Além do carácter preventivo que os encontros regulares das lideranças envolvem, a troca de informações e experiências, e a coordenação de acções conjuntas permitem maiores possibilidades de  sucesso.

Os desafios transnacionais  tendem a crescer à medida que os problemas políticos internos persistem em países como a República Democrática do Congo, o Lesoto e   Madagáscar.  Vários procura de soluções para os  seus problemas, para a preservação das conquistas alcançadas e para avançar rumo ao desenvolvimento.

Para bem da paz e da estabilidade, os líderes da SADC realizam regularmente encontros ministeriais e ao mais alto nível para "rever" a agenda do desenvolvimento, reforçar os mecanismos de prevenção  e solução dos principais focos de instabilidade na sub-região e continente em geral. Toda a sub-região ganha, as populações sentem-se mais protegidas e
o futuro é mais seguro com estes gestos regulares por parte dos líderes nacionais.

Os Chefes de Estado s e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) avaliam, em Gaberone, Botswana, nesta semana, os últimos desenvolvimentos das crises políticas na região, principalmente na República Democrática do Congo (RDC), Lesoto e Madagáscar. A situação nos três países,  cuja instabilidade política e militar suscita  às lideranças da  região acrescidas preocupações, constitui uma prioridade numa altura em que esta zona se encaminha para a integração económica e para o desenvolvimento comum.

Na RDC, a situação inspira maior atenção na medida em que o papel das chamadas "forças negativas" contribuem para instalar um clima de insegurança, morte e destruição junto das comunidades. O livre arbítrio com que funcionam os grupos armados e militarizados na RDC, fomentando a desordem e a pilhagem dos recursos, não pode continuar sob pena de a região leste do país resvalar para uma “terra de ninguém”. Esgotada a via diplomática, a SADC em coordenação com a ONU, está a envidar esforços no sentido do recurso à força servir como a continuação da política por outros meios. Forçar os rebeldes para a mesa de negociações, acompanhados de uma agenda virada para a inclusão e reinserção na vida social da RDC de antigos militares, entre outros passos, pode ser a saída para a actual crise   no leste do país.

No Lesoto,  a organização regional tem instado os actores políticos, nomeadamente o monarca, o exército e os políticos, no sentido da valorização do diálogo aberto e inclusivo subordinando-se sempre aos ditames da leis e da Constituição.

A SADC deve continuar a encorajar o Presidente sul-africano, Jacob Zuma, nos esforços diplomáticos para devolver a calma e entendimento no processo de  concertação interno do Lesoto. Os Estados membros da SADC e as suas lideranças devem fazer tudo para que haja um reforço dos mecanismos e estratégias para enfrentar e combater todos os fenómenos que atentam contra a paz e estabilidade.

O tráfico de seres humanos e órgãos, de drogas, a contrafacção de produtos e o livre acesso transfronteiriço de grupos armados representam  um grande desafio para a paz e estabilidade.
Em Madagáscar, os actores políticos devem procurar uma plataforma política que envolva todos, tendo a observância da Constituição como base, para que a ilha não resvale para um clima de instabilidade política generalizado. É fundamental que os Estados membros da SADC continuem a coordenar acções para os problemas terem soluções internas ou regionais e nunca atravessem as fronteiras.

Em Gaberone, os Chefes de Estado e de Governo    analisam o relatório do Comité Ministerial do Órgão de Cooperação Política, Defesa e Segurança. Um dos pontos de avaliação é, sem sombra de dúvidas, as discussões de Abril sobre a importância  do desenvolvimento industrial no combate à pobreza e emancipação económica dos povos da região.

Foram estabelecidas metas ambiciosas que precisam de ser  revistas, acompanhadas  e preservadas de quaisquer entraves de ordem política e militar.

Os esforços de industrialização da região, de melhoria dos principais indicadores sociais  para uma melhor integração das economias, não podem ficar condicionados às actividades de grupos que pretendem perpetuar o clima de insegurança.

Temos esperança de que com o Roteiro para a Industrialização Regional e o Plano Estratégico Indicativo do Desenvolvimento Regional Revisto, os Estados membros da SADC consigam gradualmente reduzir os focos de pobreza e exclusão na região.


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