quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Moçambique/Próximos cinco anos: Um bilião de dólares para desenvolver distritos

13 de Agosto de 2015, Jornal Notícias http://www.jornalnoticias.co.mz

O Governo tem disponível um bilião de dólares americanos para financiar iniciativas que tenham como foco o desenvolvimento dos distritos, e que sejam propostos por jovens finalistas e graduados universitários.

A informação foi avançada, ontem em Maputo, pelo Ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER), Celso Correia, durante um encontro de reflexão sobre desenvolvimento rural, focado nas oportunidades e desafios para os jovens recém-graduados do Ensino Superior.

O debate foi organizado pela Associação de Estudantes Finalistas Universitários de Moçambique (AEFUM), e contou com
a participação, como orador, do académico Filipe Couto, antigo reitor da Universidade Eduardo Mondlane, e do presidente da AEFUM, Osvaldo Mauaie.

O Pacote de Estímulo à Economia Rural, inserido no Projecto Estrela, está alicerçado em áreas prioritárias em que o país ainda apresenta potencial por explorar. Apoia-se, igualmente, na aplicação estruturada e rigorosa de financiamentos, visando a concretização de projectos-âncora no meio rural.

Em conversa com os estudantes, Celso Correia falou de algumas das áreas com potencial para ser explorado pelos jovens nos seus projectos para alavancar o desenvolvimento dos distritos nos próximos cinco anos. Por exemplo, Celso Correia referiu-se ao sector agro-alimentar, o das energias renováveis e micro-finanças.

No entender do ministro, trata-se de áreas capazes de gerar muitos rendimentos, tendo em conta os desafios que se colocam nos distritos no que diz respeito à bancarização rural, o aumento da produção e produtividade agrícola e necessidade crescente de energia.

Estima-se que 50 por cento dos distritos não disponham de bancos comerciais, embora esforços estejam ser feitos pelo Governo para a atracção de instituições financeiras. Assim, a implantação de pequenas instituições de micro-finanças pode resolver o problema das longas distâncias percorridas pelos funcionários públicos e população rural para aceder aos bancos comerciais.

No sector agro-alimentar, Correia defende que a aposta deve ser a melhoria da produção e produtividade e garantir que o processo ocupe menos terra possível, apesar de grandepercentagem de terras muito férteis não serem cultivadas.

“O Governo irá assegurar para os próximos cinco anos uma linha de crédito de um bilião de dólares (pacote de estímulo à economia rural) em parceria com a banca comercial, em taxas de juro médias de cinco por cento, para implementação, pelo sector privado, de projectos-âncora no meio rural pelo”, avançou o ministro.

Por seu turno, Filipe Couto entende que a criação de iniciativas de geração de renda e desenvolvimento local não deve estar sempre aliada ao financiamento do Governo, uma vez que este nem sempre tem disponibilidade para cobrir todos os projectos.

“Devemos sempre ir buscar exemplos que nos possam ajudar no desenvolvimento das nossas iniciativas. É importante valorizarmos o conhecimento local, aprender de experiências como oxitique e não esperar sempre pela mão do Governo”, vincou.

Intervindo em representação dos estudantes, Osvaldo Mauaie citou alguns desafios que se colocam nos distritos desde a falta de infra-estruturas que possam flexibilizar a economia local até à insuficiência de técnicos qualificados para garantir a prestação de serviços de qualidade e captação de investimentos.

“Capacidade local limitada para a transformação das potencialidades locais em factores de geração da riqueza, os altos níveis de desemprego, sobretudo da camada jovem, incluindo graduados do Ensino Superior”, acrescentou.


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