A globalização e o surgimento de novos poderes económicos impõem outros desafios de pesquisa ao Centro de Estudos Africanos (CEA) da Universidade Eduardo Mondlane, com vista ao maior conhecimento e redefinição do papel de Moçambique no contexto da África Austral e, em particular, no que concerne à busca de uma total independência.
24 setembro 2009/Notícias
Isabel Maria Casimiro, do CEA, falando à nossa Reportagem à margem do colóquio que decorre desde ontem em Maputo, em homenagem a Aquino de Bragança, disse que Moçambique precisa de redefinir o seu papel no contexto regional, sobretudo em relação à África do Sul, que se constitui actualmente na maior potência da África Austral.
Explicou que Qor A quando da criação do CEA em 1976, o objectivo era compreender Moçambique num contexto regional em que se impunha a libertação da África do Sul e da Rodésia (actual Zimbabwe). Porém, alcançadas as independências desses países vizinhos, um novo desafio se coloca hoje, nomeadamente, a situação de Moçambique em relação à África do Sul face ao seu poderio económico.
“Como vai ficar a situação de Moçambique que é praticamente dependente da África do Sul do ponto de vista económico? O que é que se nos coloca em termos de desafios para que de facto sejamos um país independente do ponto de vista económico, político e de soberania? São desafios permanentes que nós temos como pesquisadores e como Centro de Estudos Africanos”, observou Isabel Casimiro, salientando entretanto, a necessidade do relançamento dos debates científicos que caracterizaram o CEA desde a sua criação.
Disse ser necessário que o CEA aposte uma vez mais numa pesquisa comprometida com o conhecimento de Moçambique, sobretudo numa pesquisa despartidarizada que contribua para o conhecimento da nova realidade.
Apontou que o CEA foi o primeiro centro de pesquisa criado depois da independência no contexto de uma universidade em transformação do ponto de vista de pesquisa e de fazer a investigação, comprometida com o conhecimento de Moçambique, pois em 1976 havia tudo para conhecer, uma vez que os estudos que havia eram profundamente marcados pelo colonialismo.
Segundo Isabel Casimiro é na perspectiva do conhecimento da nova realidade que a Universidade Eduardo Mondlane (UEM), através do Centro de Estudos Africanos (CEA), promove o colóquio em homenagem a Aquino de Bragança, director do centro entre 1976 e 1986. O colóquio que hoje termina e que junta proeminentes académicos, incluindo estudantes representando diversas instituições de Ensino Superior nacionais e estrangeiras, subordina-se ao tema “Como fazer Ciências Sociais e Humanas em África: Questões Epistemológicas, Metodológicas, Teóricas e Políticas”.
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quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Moçambique/Centro de Estudos Africanos: Situação mundial impõe novos desafios de pesquisa
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