terça-feira, 22 de setembro de 2009

Investimento de Angola no estrangeiro quadruplicou em 2008

Luanda, Angola, 21 setembro 2009 – O investimento directo de Angola no estrangeiro atingiu 1,2 mil milhões de dólares no ano passado, cerca de quatro vezes mais do que em 2007, reflectindo a expansão sem precedentes da entrada de receitas petrolíferas.

De acordo com dados da Economist Intelligence Unit, no ano passado o IDE estrangeiro em Angola representou 1,9 mil milhões de dólares, três por cento do PIB, mas a principal evolução registou-se no sentido inverso, de Angola para o estrangeiro.

Dados da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), citados num estudo da agência portuguesa de comércio externo (AICEP), indicam que em 2007 o IDE angolano se situou em 331 milhões de dólares, mais do que triplicando em relação ao ano anterior.

“Até 2004, Angola assumia um papel de relevo enquanto destino do investimento estrangeiro, mas a partir de 2005 o sentido dos fluxos inverteu-se completamente, assistindo-se actualmente a um movimento de reforço dos investimentos angolanos no exterior”, sublinha o AICEP.

Estes investimentos dos agentes económicos angolanos, como a petrolífera Sonangol, têm sido direccionados em grande parte para Portugal, quer na compra de participações no sector bancário (Millennium Bcp, Banco BPI) ou energético (Galp Energia).

Com a recente abertura do Banco Privado do Atlântico – Europa, passaram a ser três os bancos de origem angolana a operar em Portugal, contando com o BIC Português e o Banco Africano de Investimentos – Europa.

Este processo de internacionalização, através de fortes investimentos em sectores estratégicos, está relacionado com a expansão da riqueza petrolífera do país, que atingiu no ano passado o valor mais alto de sempre, graças aos preços-recorde do petróleo nos mercados internacionais.

Esta evolução permitiu que entre 2004 e 2008 as exportações angolanas aumentassem cerca de 400 por cento e que as importações registassem uma expansão de 193 por cento.

“A estabilidade do kwanza, a disponibilidade de moeda estrangeira proveniente das exportações e o forte crescimento do PIB, têm conduzido a elevadas taxas de crescimento das importações (…) e há que ter em conta que os constrangimentos em termos de infra-estruturas portuárias e rodoviárias têm condicionado bastante o crescimento” das entradas de bens e serviços estrangeiros, refere o AICEP.

Os Estados Unidos são o principal destino das exportações angolanas (34,9 por cento em 2007, segundo a EIU), devido ao fornecimento de petróleo, mas a China, em segundo lugar, “vem-se aproximando cada vez mais”.

Portugal recuperou em 2007 o lugar de principal fornecedor de Angola, posição que tinha perdido nos três anos anteriores para os Estados Unidos (2006) e Coreia do Sul (2004 e 2005), neste caso devido ao fornecimento de plataformas petrolíferas.

Actualmente, os produtos energéticos representam aproximadamente 97 por cento do total das exportações angolanas, enquanto os bens de consumo compõem 60 por cento do total importado pelo país.

“Apesar do processo de paz ter criado as condições básicas para a normalização da actividade económica no país (possibilitando a mobilidade interna, fomentando a actividade comercial e o investimento), a carência de infra-estruturas físicas e de recursos humanos continuam a condicionar a evolução da economia do país”, refere o AICEP no seu relatório sobre Angola, publicado em Julho.

“Perante este quadro, e dando continuidade ao trabalho que vem sendo desenvolvido, o principal desafio para o governo angolano consiste no relançamento dos sectores fora do âmbito da indústria petrolífera e diamantífera, de forma a aumentar a oferta interna e diversificar as exportações, criando emprego e diminuindo a pobreza”, adianta.

Os últimos anos, refere o relatório, foram de “melhoria significativa” no plano económico, reflectida na generalidade dos indicadores destacando-se o elevado ritmo de crescimento do PIB e redução da inflação.

O índice de preços ao consumidor situou-se nos últimos três anos e deverá manter-se em 2009 na ordem dos 12 por cento, quando em 2005 atingia quase 25 por cento. (macauhub)

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