Brasília, 17 setembro 2009 (Lusa) - O ministro da Defesa, Nelson Jobim, defendeu uma aliança estratégica com Portugal para estabelecer juntamente com Angola uma posição coordenada em relação à Área Internacional do Atlântico Sul e Equatorial.
"Precisamos de nos aliar a Portugal para estabelecermos com Angola uma linha unificada sobre a chamada Área", disse o ministro na quarta-feira, num depoimento à Comissão de Relações Exteriores do Senado.
Jobim citou Portugal ao defender que o Brasil precisa fazer alianças estratégicas, como com a França, cuja parceria estabelecida em dezembro do ano passado já permitiu a aquisição de 50 helicópteros de transporte EC-725, da Eurocopter, quatro submarinos convencionais - os Scorpènes - e o desenvolvimento de um submarino de propulsão nuclear.
Todos os equipamentos serão construídos no Brasil, com transferência de tecnologia.
Esta parceria entre Brasília e Paris pode englobar ainda a aquisição de 36 caças Rafale pelo governo brasileiro, se a Dassault tiver seu favoritismo confirmado ao final do processo de concorrência com os F/A-18 Super Hornet da norte-americana Boeing e com os Gripen, da sueca Saab.
Segundo Jobim, uma posição conjunta com os africanos em relação à região do Atlântico é também um "tema estratégico brutal" e passa por uma aliança com Portugal.
A denominada "área", um grande "corredor" entre as áreas de direito exclusivo, que é patrimônio da humanidade, tem imensas riquezas minerais.
É rica em manganésio, ferro, níquel, cobre, cobalto, titânio, alumínio e dispõe de uma valiosa biodiversidade, como uma bactéria que produz sangue humano e está sendo estudada pelos japoneses, segundo o ministro.
O Brasil defende que os países do Atlântico Sul se articulem e se estruturem para desenvolverem pesquisas nesses ambientes marinhos de águas profundas e até mesmo explorações conjuntas.
Um ponto que suscita preocupações é a instalação de módulos de exploração na região por outros países, o que vai implicar questões de defesa, cuidados com o meio ambiente e possíveis alterações de rotas de navegação.
O governo brasileiro teme, por exemplo, que países africanos e sul-americanos venham a sofrer prejuízos causados por mudanças das linhas marítimas de comércio.
Brasil e Portugal já acertaram também que vão ajudar países africanos na questão dos limites exteriores da sua plataforma continental.
Na semana passada, durante visita a Brasília do ministro português da Defesa, Nuno Severiano Teixeira, ficou acordado que haverá ainda um reforço da cooperação dos dois países neste setor com membros mais pobres da CPLP.
Teixeira e Jobim defenderam uma atuação mais coordenada no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, sobretudo para nações que necessitam de recuperação de infra-estruturas militares, fornecimento de fardamentos e equipamentos para as Forças Armadas e apoio à dimensão naval.
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