Brasília, 25 setembro 2009 (Lusa) - A 2ª cúpula América do Sul-África (ASA) vai reunir neste final de semana na Ilha Margarita (foto), na Venezuela, representantes dos 12 países sul-americanos e 53 africanos num encontro que visa consolidar a aproximação das duas regiões.
Além disso, estarão representadas as duas organizações regionais - União das Nações Sul-Americanas (Unasul) e União Africana (UA).
"Desta cúpula sairá uma declaração que reforçará a necessidade de um governo global onde os países do sul sejam mais ouvidos e também um plano de implementação das diversas ações já propostas por grupos setoriais, o que vai consolidar a cooperação entre América do Sul e África", disse à Agência Lusa o chefe do Departamento de Mecanismos Regionais do Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil, Gilberto Moura.
Segundo ele, a ASA é um mecanismo multilateral que irá estimular o diálogo e a capacidade de desenvolvimento sustentável dos países-membros por meio de parcerias estratégicas em vários setores.
As áreas de cooperação que terão prioridade são infraestrutura e energia, com destaque para os biocombustíveis, comércio e investimentos, cultura e educação, ciência e tecnologia, agricultura, meio ambiente, temas sociais, paz e segurança.
Nos últimos seis anos, o comércio entre as duas regiões cresceu de US$ 6 bilhões para US$ 36 bilhões, impulsionado especialmente pelo Brasil.
Desde 2006, quando se realizou em Abuja, a primeira reunião ASA, plataforma liderada por Brasil e Nigéria, as trocas comerciais entre sul-americanos e africanos aumentaram mais de 50%.
Somente o comércio do Brasil com a África mais que quintuplicou desde o início do governo Lula, que também multiplicou o número de representações diplomáticas do país no continente africano.
De acordo com Moura, o Brasil tem hoje embaixadas em mais da metade dos países africanos.
Ao contrário do Brasil, entretanto, a maioria dos países sul-americanos não tem representação diplomática no continente e vice-versa. Por isso, na avaliação do Itamaraty, sede do MRE, a ASA é tão importante.
"A África é um continente que está a ser conhecido pela América do Sul através da ASA, que é um mecanismo de aproximação que possibilitará ações de maior envergadura entre as duas regiões", declarou Moura.
O diplomata afirmou à Agência Lusa que a aproximação com a África fortalece a intenção do Brasil de ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
"Isto certamente facilita o reconhecimento da relevância do país no cenário internacional e projeta o Brasil para ser o porta-voz dos países do Sul no Conselho de Segurança da ONU", concluiu.
A cúpula se estende até domingo e haverá vários encontros bilaterais durante o evento.
Um deles é entre Lula e o presidente venezuelano, Hugo Chávez, no dia 27, momento em que os dois líderes revisarão a agenda bilateral e discutirão a questão de Honduras e o processo de adesão plena da Venezuela ao Mercosul, até hoje sem ratificação pelo senado brasileiro.
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