quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Brasil/SEMINÁRIO INTERNACIONAL “CRISE – RUMOS E VERDADES”

Requião defende Mercosul e moeda própria sul-americana

9 dezembro 2008/ http://www.crise.pr.gov.br

O governador Roberto Requião defendeu nesta terça-feira (09), o fortalecimento do Mercosul e a adoção de moeda própria para a América do Sul, que, dessa forma, não ficaria tão dependente da moeda norte-americana. “Nós precisamos ter um mercado nosso, que não dependa do dólar”, afirmou. Requião deu entrevista à TV Paraná Educativa, antes do início do seminário internacional “Crise – Rumos e Verdades”, promovido pelo governo do Estado, no Canal da Música, em Curitiba.

Requião elogiou a participação do senador Aloizio Mercadante (PT), na mesa-redonda de segunda-feira (08). “Ele foi perfeito na sua exposição, ao falar sobre o Mercosul”, avaliou o governador. “Estamos escapando do dólar. No Paraná, temos apostado tudo na integração sul-americana. Multiplicamos por várias vezes o nosso comércio com a Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile. Assim, conseguimos escapar um pouco desse comércio dominado pelas superpotências e fugir da dominação absoluta do dólar, que se transformou na moeda padrão do mundo”, detalhou.

De acordo com o governador, a dominação do planeta pelo dólar norte-americano se voltou contra os próprios Estados Unidos, que chegaram num estágio de excesso de liquidez e de moeda. “Daí, eles inventaram um superfinanciamento, o ‘subprime’, que é de alto risco imobiliário. De repente, os financiados descobriram que as suas casas não valiam um terço do valor que eles tinham que pagar e daí deixaram de fazer isso. E esta é a origem, de uma forma bem simplificada, da crise que nós vivemos e atinge o mundo inteiro”, observou.

Requião também defendeu a criação de uma moeda própria para a América do Sul, assim como existe no Mercado Comum Europeu, com o Euro. “Com a nossa moeda, poderíamos influir no mercado. Se nós perdemos a moeda, perdemos completamente a soberania”, salientou. “É só vermos o que aconteceu com o Equador, que suprimiu a moeda, agora trabalha com o dólar. Portanto, ele não tem política fiscal e tributária, e está vivendo ao sabor da moeda norte-americana”, completou.

SEMINÁRIO – Durante a entrevista, o governador também destacou a importância do seminário internacional, cuja programação segue até a próxima quinta-feira (11). “É um evento que milita a favor da democratização da informação. A grande mídia brasileira faz o papel estranho de se render à perspectiva do mercado, das financeiras, dos bancos. E nós estamos assumindo a perspectiva do interesse da população, que precisa saber o que está acontecendo. Esse conhecimento por parte dos cidadãos força, inclusive, o governo a tomar medidas por meio da sua visão mais popular”, observou.

Requião adiantou que a programação do seminário está sendo gravada e será veiculada em outros horários na TV Paraná Educativa. “A idéia é fazer com que esses debates sejam conhecidos pelos cidadãos. É preciso que o país se informe e saiba o que está acontecendo no mundo. Nós não podemos deixar mais as decisões e a informação na mão de meia dúzia de pseudo-sábios que querem conduzir tudo à revelia dos interesses do povo”, afirmou.

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Para professor russo, países devem se preocupar com a ciência e a tecnologia

O professor Yury Gromyko, membro da Academia de Ciências da Rússia e diretor do Instituto de Estudos Avançados da Academia, disse nesta terça-feira (9) que os países, sobretudo os em desenvolvimento, devem, neste momento de crise internacional, investir em ciência e tecnologia voltadas ao incremento da atividade industrial. Gromyko falou no painel “Papel Econômico e Geopolítico da China, Estados Unidos, Rússia e China”, na tarde do segundo dia do seminário “Crise – Rumos e Verdades”, promovido pelo Governo do Paraná, em Curitiba.

Na avaliação do especialista russo, para as nações se livrarem da crise não bastam as medidas imediatas – “o que já é uma batalha acirrada” – que vêm sendo anunciadas. O momento precisa ser aproveitado para uma ampla reformulação no sistema financeiro, e que as instituições financeiras sejam utilizadas para o fomento à renovação das plataformas industriais dos países.

Para Gromyko, faz-se necessário investir em ciência, de forma a direcionar esses estudos à viabilidade prática; em educação; e em indústrias com inovações tecnológicas, sejam inovações em seus produtos ou em técnicas que minimizem os impactos ambientais de suas atividades.

O professor russo ressaltou que é preciso garantir, em acordos internacionais, “o direito de todo país se desenvolver”. Para o planejamento e execução de políticas de desenvolvimento econômico, Gromyko sugere cooperações internacionais e a integração de institutos dos diversos segmentos da atividade econômica.

Yury Gromyko comparou as medidas que vêm sendo adotadas atualmente por dois países que pertenceram à extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), como caminhos para escapar da crise internacional: Bielo-Rússia e Cazaquistão.

A Bielo-Rússia, depois do fim da URSS, procurou preservar a estrutura do sistema socialista, disse o professor. Hoje, como combate à crise, o país vem intensificando essa estrutura – comprou, por exemplo, a participação que havia delegado à iniciativa privada nos dois maiores portos marítimos do país. Está investindo numa usina nuclear estatal e firmando acordos com a Venezuela.

O Cazaquistão, por sua vez, liberalizou o mercado no pós-URSS. Com a crise, as iniciativas do país têm se focado na adoção de instrumentos voltados mais ao mercado financeiro e menos ao setor produtivo da economia. “Temos a Bielo-Rússia com medidas direcionadas à produção, e o Cazaquistão adotando mecanismos financeiros”, assinalou Yury Gromyko.

http://www.crise.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=38

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