Luanda, Angola, 9 dezembro 2008 – Luanda está a repensar o modelo de investimentos do Estado angolano no estrangeiro, que no futuro serão assumidos por um fundo soberano, em vez da Sonangol, cujas aplicações desvalorizaram-se acentuadamente nos últimos meses.
Poderá ascender a 935 milhões de euros a desvalorização total dos activos adquiridos pela Sonangol em Portugal no último ano e meio, de acordo com contas apresentadas na semana passada pelo Diário Económico, em Lisboa.
Tendo em conta um preço médio de 2,3 euros por acção do Millennium bcp, o investimento da petrolífera estatal angolana na aquisição de 9,99 por cento do maior banco privado português terá ascendido a 1.000 milhões de euros mas à actual cotação das acções do banco (0,837 euros), a menos-valia potencial é de 686,15 milhões de euros.
Na Galp, refere o jornal, a perda potencial é de 248,8 milhões de euros, no último ano e meio, elevando o total de perdas para 934,97 milhões de euros.
Ao ano “negro” nas bolsas europeias e norte-americanas, não terão igualmente escapado outros fundos públicos, do Banco Nacional de Angola e do Banco Africano de Investimentos, alguns dos quais estavam investidos nos Estados Unidos, de acordo com outras fontes.
Manuel Vicente, entretanto reconduzido na presidência da Sonangol, assumiu na semana passada a necessidade de travar o ritmo de investimentos seguido até agora, face à súbita mudança de conjuntura.
“Vamos ter de reduzir o ritmo dessas aplicações, tendo em conta o cenário que estamos a viver”, afirmou à Rádio Apostolado.
As perdas acumuladas, os efeitos da queda do preço do petróleo na liquidez do Estado angolano e a crise económica internacional sem fim à vista levaram Luanda a lançar a criação do Fundo Soberano de Angola, que está a cargo de uma comissão instaladora nomeada pelo próprio Presidente.
Com a criação do Fundo, pretende introduzir-se mecanismos que “garantam uma gestão eficiente dos recursos e protejam o país das vulnerabilidades externas e dos ciclos económicos conturbados”, escrevia recentemente a AngolaPress.
O Africa Monitor refere que o Fundo deverá ficar sob dependência directa do presidente José Eduardo dos Santos.
Os seus principais conselheiros económicos e financeiros são actualmente Manuel Junior e Ricardo Viegas de Abreu.
Este último é filho de um antigo quadro da Sonangol, coordena a Comissão Instaladora do Fundo Soberano e é dado como futuro presidente do mesmo, refere a mesma fonte. (macauhub)
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