terça-feira, 16 de dezembro de 2008

América Latina/A IMPORTÂNCIA DA CÚPULA DOS POVOS DO SUL

Na Base *

Adital - Entrevista com a socióloga Graciela Rodriguez

Agência de Informação Frei Tito para a América Latina
12 dezembro 2008/ADITAL http://www.adital.com.br

A socióloga e feminista Graciela Rodríguez participa de diversas articulações junto aos movimentos sociais no Brasil e América Latina para incidência nos temas ligados à globalização e ao comércio internacional e questões de gênero. Nesta entrevista ela fala sobra a Cúpula dos Povos. Veja a seguir:
Na Base - Em dezembro será realizada em Salvador a Cúpula dos Povos do Sul. Qual o objetivo deste Encontro?
Graciela Rodríguez - O objetivo é continuar a aprofundar o debate sobre o desenvolvimento e a integração regional que queremos para os Povos da América Latina e Caribe, inclusive como uma resposta estratégica da região diante da crise global do capitalismo, que se expressa nas crises climática, alimentar, energética e recentemente na crise financeira, com todas as suas nefastas conseqüências para os povos, em especial os mais pobres do mundo. Iremos também pressionar e dialogar com as reuniões oficiais que os governos da AL e do Caribe estarão realizando.
NB - Qual é o papel do Brasil na condução de estratégias e ações para resolver os problemas da região?
GR - O Brasil junto com outros governos da região que buscam levar adiante propostas de integração e estratégias diferenciadas de desenvolvimento, tentando superar os anos de hegemonia liberal, têm um papel muito importante a cumprir. Com o fracasso da tentativa de fazer avançar a ALCA, esses governos precisam aprofundar a cada dia formas alternativas de integração regional, investindo em propostas como a UNASUL (União das Nações Sul-Americanas) e a ALBA (Alternativa Bolivariana para as Américas), entre outras. Essas várias propostas envolvem muitas possibilidades, com as quais devemos nos solidarizar, mas ao mesmo tempo estão longe de contemplar o conjunto importante de demandas e expectativas dos povos e movimentos sociais da região. Por esse motivo nós dos movimentos sociais devemos acompanhar muito atentamente estas negociações e pressionar para que elas tomem o rumo das conquistas econômicas, sociais, ambientais e culturais que queremos para nossos países.
NB - De que forma o movimento sindical pode contribuir para pressionar os governos a atender as reivindicações dos movimentos sociais latino-americanos e caribenhos?
GR - O movimento sindical é fundamental neste processo, não só com suas propostas e reivindicações específicas, mas compreendendo também que as sociedades mudaram e que cada vez mais precisamos incorporar setores que têm sido marginalizados pelo capital. Assim, é necessário incorporar as reivindicações de amplos setores de mulheres, camponeses e camponesas, indígenas, afrodescendentes, etc., todos trabalhadores e trabalhadoras, formais ou informais, que serão justamente os mais afetados pela crise global e que já estão pagando por ela, seja no aumento do preço dos alimentos, dos combustíveis, nas demissões, etc.
NB - O que de concreto, de diretrizes a serem seguidas, podemos esperar da Cúpula dos Povos?
GR - A Cúpula dos Povos pretende avançar na democratização da região, debatendo as formas em que a integração regional pode ser uma estratégia de povos e governos de América Latina e do Caribe para superação da crise. A região precisa superar o modelo agro-exportador de alimentos e energia barata, um modelo produtivo insustentável por um desenvolvimento harmonioso com a natureza e que leve em consideração homens e mulheres da região e seu bem-estar. Esta deverá ser a mensagem da Cúpula e esperamos que ela se desdobre em propostas alternativas concretas, como uma nova arquitetura financeira regional através de um Banco do Sul transparente e democrático, programas de soberania alimentar pautados na reforma agrária, propostas de economia solidária que trarão para Salvador, especialmente as mulheres, numa feira de produtos alternativos, entre outras propostas, que permitam ir visibilizando esse novo modelo mais justo, eqüitativo e sustentável.

* Boletim Informativo oficial do Sindicato dos Trabalhadores do ramo Químico / Petroleiro do Estado da Bahia

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