Lisboa, 8 dezembro 2007 - O presidente da Comissão da União Africana (UA) afirmou hoje em Lisboa que a II Cimeira Europa/África é a "altura propícia" para que africanos e europeus, sobretudo os primeiros, "enterrem o seu passado colonial".
Discursando na sessão de abertura da cimeira, encontro que se prolonga até domingo na capital portuguesa, Alpha Oumar Konaré sustentou que África tem de "sair de uma lógica de economia de contabilidade" e deixar de ser a "fonte dos recursos naturais brutos".
"É tempo de África enterrar o seu passado colonial. Tem vindo, nos últimos anos, a garantir um crescimento assinalável, mas que é ainda muito frágil", sublinhou Konaré, lembrando os conflitos que ainda persistem no continente, como no Darfur (Sudão), Somália, RDCongo e Chade e Comores.
Konaré insurgiu-se também contra a "falta de democraticidade e de uma verdadeira representatividade" no Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde África nem sequer tem um representante permanente, defendendo uma reforma "profunda" na organização.
"É muito importante debater uma profunda reforma nas Nações Unidas. Hoje, existem quase duas centenas de estados. Precisamos de mais democracia, de justiça dentro do Conselho de Segurança, onde África não tem assento permanente", afirmou Konaré, defendendo ainda idênticas reformas na instituições de Bretton Woods - Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional.
Para o presidente da Comissão da UA, construir a unidade africana passa também pela ideia avançada pelo líder líbio, Muammar Kadhafi, de criar os Estados Unidos de África.
"Para a UA, a África é só uma. Não é só a sub-saariana, também é magrebina. É de todas as cores", acrescentou, lembrando que os africanos "não pretendem negar as heranças coloniais", embora tenham de assumir, primeiro, a sua "africanidade".
Konaré, sem se referir expressamente a qualquer país, falou também, embora apenas de passagem, da questão do respeito pelos Direitos Humanos no continente africano.
"É preciso um espírito que se baseie em princípios reconhecidos por todos, europeus e africanos, no respeito mútuo, na aceitação das nossas diferenças, partilha de certo número de regras democráticas", sublinhou.
"A partilha dos valores de paz, boa governação e da segurança, do respeito pelos Direitos Humanos. Mas é também preciso um espírito de humildade, solidariedade e confiança para se chegar a acordos justos. Caso contrário, será posta em causa o desenvolvimento", advertiu.
Nesse sentido, reafirmou, é importante a assinatura de acordos de parceria económica "que evitem as negociações de outra época", pois são esses os "verdadeiros objectivos" da cimeira e das relações entre os dois continentes.
"África não será uma nova coutada", avisou, lembrando que há espaço para todos e as novas eras de relações com outros parceiros, como a China, América do Sul, Organização dos Estados Americanos (OEA), já concretizados, e com a Índia, Turquia, Venezuela, Rússia, Irão, ASEAN e Oceânia, a concretizar em 2008.
Konaré lembrou também o emprenho da UA nas áreas da Justiça e Ambiente ("a água trará muitos conflitos no futuro"), e no combate à fome, terrorismo, diferentes tipos de tráfico - mercenários, máfias da droga, emigração clandestina, armas, pessoas e crianças -, SIDA, tuberculose e paludismo. "Podemos e devemos voltar as páginas mas não devemos destruí-las. Ninguém poderá resolver os problemas por nós. Temos de participar no jogo, de ser parceiros, mas com regras novas e claras, que vamos construir em conjunto", concluiu Konaré. (Notícias Lusófonas)
Discursando na sessão de abertura da cimeira, encontro que se prolonga até domingo na capital portuguesa, Alpha Oumar Konaré sustentou que África tem de "sair de uma lógica de economia de contabilidade" e deixar de ser a "fonte dos recursos naturais brutos".
"É tempo de África enterrar o seu passado colonial. Tem vindo, nos últimos anos, a garantir um crescimento assinalável, mas que é ainda muito frágil", sublinhou Konaré, lembrando os conflitos que ainda persistem no continente, como no Darfur (Sudão), Somália, RDCongo e Chade e Comores.
Konaré insurgiu-se também contra a "falta de democraticidade e de uma verdadeira representatividade" no Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde África nem sequer tem um representante permanente, defendendo uma reforma "profunda" na organização.
"É muito importante debater uma profunda reforma nas Nações Unidas. Hoje, existem quase duas centenas de estados. Precisamos de mais democracia, de justiça dentro do Conselho de Segurança, onde África não tem assento permanente", afirmou Konaré, defendendo ainda idênticas reformas na instituições de Bretton Woods - Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional.
Para o presidente da Comissão da UA, construir a unidade africana passa também pela ideia avançada pelo líder líbio, Muammar Kadhafi, de criar os Estados Unidos de África.
"Para a UA, a África é só uma. Não é só a sub-saariana, também é magrebina. É de todas as cores", acrescentou, lembrando que os africanos "não pretendem negar as heranças coloniais", embora tenham de assumir, primeiro, a sua "africanidade".
Konaré, sem se referir expressamente a qualquer país, falou também, embora apenas de passagem, da questão do respeito pelos Direitos Humanos no continente africano.
"É preciso um espírito que se baseie em princípios reconhecidos por todos, europeus e africanos, no respeito mútuo, na aceitação das nossas diferenças, partilha de certo número de regras democráticas", sublinhou.
"A partilha dos valores de paz, boa governação e da segurança, do respeito pelos Direitos Humanos. Mas é também preciso um espírito de humildade, solidariedade e confiança para se chegar a acordos justos. Caso contrário, será posta em causa o desenvolvimento", advertiu.
Nesse sentido, reafirmou, é importante a assinatura de acordos de parceria económica "que evitem as negociações de outra época", pois são esses os "verdadeiros objectivos" da cimeira e das relações entre os dois continentes.
"África não será uma nova coutada", avisou, lembrando que há espaço para todos e as novas eras de relações com outros parceiros, como a China, América do Sul, Organização dos Estados Americanos (OEA), já concretizados, e com a Índia, Turquia, Venezuela, Rússia, Irão, ASEAN e Oceânia, a concretizar em 2008.
Konaré lembrou também o emprenho da UA nas áreas da Justiça e Ambiente ("a água trará muitos conflitos no futuro"), e no combate à fome, terrorismo, diferentes tipos de tráfico - mercenários, máfias da droga, emigração clandestina, armas, pessoas e crianças -, SIDA, tuberculose e paludismo. "Podemos e devemos voltar as páginas mas não devemos destruí-las. Ninguém poderá resolver os problemas por nós. Temos de participar no jogo, de ser parceiros, mas com regras novas e claras, que vamos construir em conjunto", concluiu Konaré. (Notícias Lusófonas)
Nenhum comentário:
Postar um comentário