16 abril 2016, Blog
do Planalto http://blog.planalto.gov.br (Brasil)
“Derrubar uma presidenta
legitimamente eleita, sem que tenha cometido
qualquer crime, não faz parte da
democracia”. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Vivemos dias
decisivos para a jovem democracia brasileira. Vivemos tempos que colocam em
risco o direito do povo escolher, por eleição direta, quem deve governar o
nosso país. São tempos em que a capacidade de diálogo, tolerância e respeito às
diferenças políticas está sendo testada ao limite.
Vivemos sob a ameaça
de um golpe de estado. Um golpe sem armas, mas que usa de artifícios ainda mais
destrutivos como a fraude e a mentira, na tentativa de destituir um governo
legitimamente eleito, substituindo-o por um governo sem voto e sem
legitimidade.
Sou de uma geração
que lutou muito pela democracia e, apesar de todas as dores e sacrifícios,
inclusive a dor extrema da tortura e o sacrifício maior da vida, venceu.
Acredito no Brasil
democrático e no povo brasileiro e tenho trabalhado muito para honrar os votos
dos mais de 54 milhões de eleitores que me elegeram para
governar o Brasil por
quatro anos, até 31 de dezembro de 2018.
Neste momento, há um
pedido de impeachment contra mim em julgamento no Congresso Nacional. Um pedido
de impeachment aberto sem que eu tenha cometido crime de responsabilidade.
Aliás, não cometi crime algum, de nenhum tipo.
Os que se pretendem
meus algozes é que têm encontro marcado com a Justiça, mais cedo ou mais tarde.
Para fugir dela, tentam derrubar um governo que criou leis contra a corrupção,
deu transparência à administração pública e sempre apoiou a ação independente
da Polícia Federal e do Ministério Público.
Tudo isso faz deste
julgamento uma grande fraude. Na verdade, a maior fraude jurídica e política da
história de nosso país. Destituir uma presidenta pelo impeachment, sem que ela
tenha cometido crime de responsabilidade, é rasgar a Constituição brasileira.
Trata-se de um golpe contra a República, contra a democracia e,
sobretudo, contra os votos de todos os brasileiros que participaram do processo
eleitoral.
Fazer oposição e
criticar meu governo é parte da democracia. Mas derrubar uma presidenta
legitimamente eleita, sem que tenha cometido qualquer crime, sem que seja
sequer investigada em um processo, não faz parte da democracia.
É golpe!
Não temo investigação
de qualquer natureza sobre minha conduta. Jamais me opus ou criei obstáculos a
qualquer investigação, sobre quem quer que seja.
Não sou suspeita, não
sou investigada, não sou ré, mas querem me derrubar por meio de um impeachment
ilegal. Querem me submeter a uma das maiores injustiças que se pode cometer
contra alguém: condenar um inocente.
Querem condenar uma
inocente e salvam corruptos.
Peço a todas as
brasileiras e a todos os brasileiros que não se iludam, nem se deixem enganar.
Vejam quem está liderando este processo. Perguntem-se porque querem tanto me
derrubar da Presidência e desrespeitar o voto do povo.
Será que estes que
lideram o golpe permitirão que o combate à corrupção continue? Qual a sua
legitimidade? O que querem dizer quando anunciam a necessidade de impor
sacrifícios à população? O governo de salvação que prometem será para salvar o
Brasil ou a eles mesmos?
Respeito os que se
opõem a meu governo e gostariam de ver outra pessoa na Presidência. Sei que
muitos pensam assim de boa-fé, porque ainda não perceberam quem são os
conspiradores.
As pessoas que pensam
e agem de boa-fé, ao contrário dos líderes da fraude golpista, devem entender
que não precisam gostar de mim para se opor ao golpe. Basta gostar da
democracia. Basta respeitar o eleitor.
Nossa democracia não
pode ser violentada. O voto de cada brasileiro e cada brasileira deve ser
respeitado. O golpe deve ser impedido, para que o Brasil não retroceda na
política, nos direitos, na inclusão.
Derrubar uma
presidenta legitimamente eleita não é solução para enfrentar os momentos
difíceis que vivemos na economia brasileira. Muito ao contrário: sem a
legitimidade concedida pelo voto direto, nenhum governo é capaz de construir
saídas democráticas para a crise. Com o golpe, a crise se aprofundaria e se
prolongaria.
Faço questão de
lembrar que, apesar de toda a crise, as nossas políticas sociais continuam em
curso. Os jovens seguem tendo acesso ao ProUni, ao Fies e ao Pronatec. O
Bolsa Família, o Mais Médicos, o Minha Casa Minha Vida continuam íntegros e
mudando a vida do povo brasileiro. Jamais rompemos ou romperemos com os
compromissos por um Brasil justo e inclusivo, de todos os brasileiros e
brasileiras. Sabemos que estabilizar a economia e o nível de emprego é tarefa
urgente e fundamental, que enfrentaremos com ainda mais vigor, assim que
superarmos a crise política.
A inflação felizmente
já começou a diminuir. Os consumidores já perceberam isso em seu dia a dia, na
conta de luz e no preço dos alimentos. Esta é uma boa notícia porque
interrompe a perda de poder de compra das famílias e abre espaço para a redução
da taxa de juros.
Estamos vendendo mais
produtos para o resto do mundo e, com isso, o superávit em nossa balança
comercial é crescente. Nossas reservas internacionais são elevadas e, ao
contrário do que tentam mostrar na imprensa, o investimento estrangeiro direto
continua vindo para o Brasil.
Os fundamentos da
economia são hoje muito melhores do que no tempo em que mandavam no Brasil os
líderes do golpe e o FMI. Muitas de nossas dificuldades hoje são obra do
golpismo e da aposta política no “quanto pior melhor”, que instabiliza o país
desde a eleição.
Acabamos de firmar um
acordo com os governadores para alongar o prazo das dívidas estaduais,
garantindo um alívio às contas dos Estados neste momento de dificuldades. Isto
é muito importante, pois diminuirá os riscos de atrasos de pagamentos do
funcionalismo, permitirá a continuidade de serviços fundamentais para a
população e até mesmo a retomada ou aceleração de obras.
Enviei ao Congresso
uma proposta para ampliar os recursos disponíveis para gastos fundamentais, em
especial na área de saúde e educação, e para dar sequência a obras que estão em
andamento e a investimentos na área de defesa, fundamentais para nosso futuro.
Esta proposta e a renegociação da dívida dos governos estaduais terão, juntas,
impacto suficiente para gerar 1 ponto percentual de crescimento no PIB do país.
Tudo isso já está em
curso. Sei que precisamos fazer muito mais e, vencida esta batalha contra o
golpe, proponho a construção de um pacto nacional.
Proponho um pacto que envolva todos os segmentos da sociedade – todos, sem exceção – para construirmos novas propostas para a retomada do desenvolvimento do Brasil. Propostas que devem ter como premissas a continuidade dos programas sociais e o respeito aos direitos de todos os cidadãos.
O futuro do Brasil
está na inclusão social que dinamiza a economia e aprofunda a democracia. Entre
as propostas de futuro, faço questão de destacar a necessária e inadiável
reforma política, para aumentar a representatividade de nosso sistema, cortar a
raiz da corrupção política e democratizar e tornar mais transparente a atividade
política.
Faço um apelo aos
brasileiros que estarão nas ruas, mobilizados, nos próximos dias, até que o
golpe de estado seja derrotado. Acompanhem os acontecimentos com atenção e,
sobretudo, com calma e em paz. Peço calma e paz a todos – aos que são contra
mim e aos que estão comigo e contra o golpe.
Peço aos deputados
federais de todos os Estados e de todas as agremiações políticas, sem distinção
ideológica que, no domingo, tomem posição clara em defesa da democracia e
da legalidade.
Desejo que suas consciências
os aconselhem a votar contra o golpe, contra a interrupção de um mandato
conferido pelo povo e contra os enormes riscos que a derrubada de um
governo legítimo pode causar. Presto homenagem aos parlamentares de todos os
partidos que estão contra o golpe. Chamo à reflexão aqueles que ainda relutam
em cerrar fileiras contra o impeachment.
A história, que fará
nosso julgamento definitivo, vai honrar a biografia de vocês, tanto quanto
vocês estarão honrando seu país ao votar contra um impeachment ilegal. Quem
defende a democracia nunca se arrepende.
A democracia é sempre
o lado certo da história.
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