14 abril 2016, Sputnik Brasil http://br.sputniknews.com
(Rússia)
Um grupo de 25 intelectuais brasileiros enviou ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, uma carta na qual apelam "à isenção que tanto necessita hoje a sociedade civil".
"Quanto
mais se acirra a luta partidária no âmbito do Congresso Nacional e quanto mais
se agravam os percalços no exercício da governabilidade, tanto mais se
consolida a imagem do Supremo Tribunal Federal como
fiel da balança capaz de
harmonizar os poderes legitimamente constituídos", frisam os signatários.
Em caso de aprovação
do pedido de impeachment na Câmara dos Deputados, o Ministro Ricardo
Lewandowski vai presidir a sessão do Senado que analisará o tema.
A carta ao STF é
assinada por Luís Fernando Veríssimo, Leonardo Boff, Miguel Ângelo Nicolelis,
Maria da Conceição Tavares, Alfredo Bosi, Luiz Gonzaga Belluzzo e Luís Carlos
Bresser-Pereira, entre outros.
A seguir, uma seleção
de frases ditas por alguns dos signatários sobre as pressões para aprovação do
impeachment da Presidenta Dilma Rousseff.
LEONARDO BOFF
Teólogo, escritor e
professor universitário
"É vergonhoso
Cunha presidir uma sessão na qual se decide tratar do impedimento de uma pessoa
corretíssima e irreprochável como é a Presidenta Dilma Rousseff."
PAUL SINGER
Economista e
secretário nacional de Economia Solidária
"A burguesia
ainda está aí, eles sempre estiveram. Só que agora estão focando na
oportunidade das crises pelas Américas para tomar o poder. Tivemos uma década
de maioria de governos progressistas, e essa é a melhor oportunidade para
eles."
JESSÉ SOUZA
Presidente do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)
"Impeachment é
mentira das elites que foi adotada pela classe média."
LUIZ GONZAGA BELLUZZO
Economista e um dos
fundadores da Universidade de Campinas
"Quando vejo uma
carta enviada pelo vice-presidente da República, depois de quatro anos de
convivência, dizer que, na verdade, não é ouvido (...) é algo esdrúxulo e fora
de propósito. E quem conhece um pouco a história do século XX sabe que esses
chiliques institucionais não terminam muito bem."
SAMUEL PINHEIRO
GUIMARÃES
Embaixador e ocupante
de diversos cargos públicos
"A sociedade
brasileira está diante de uma ofensiva conservadora que se aproveita de
entrelaçadas crises na economia, na política, nas instituições do Estado, na
imprensa e nos meios sociais para fazer avançar seus objetivos."
ANDRÉ SINGER
Cientista social,
jornalista, mestre e doutor em Ciência Política
"Nós estamos
aqui para dizer, em alto e bom som, que a tentativa de cassar a Presidenta
Dilma Rousseff é um grave retrocesso institucional e um grave atentado à
democracia."
MARCOS LUCCHESI
Escritor, membro da
Academia Brasileira de Letras (ABL)
"O impedimento
requer delito grave e instrumentos válidos, não pode ser visto como uma espécie
de recall de uma eleição legítima. A oposição deveria esperar até 2018.
Trabalhem os magistrados com serenidade e correção, sem pronunciamentos velados
à nação. Não pode haver lugar para kamikazes, de onde quer que venham, contra a
nossa democracia."
LUIS CARLOS
BRESSER-PEREIRA
Economista, cientista
político e ex-ministro da Fazenda do Governo FHC
"Essa crise é
muito estranha porque é uma crise em uma democracia que eu entendo consolidada.
É uma crise que repete crises passadas, é uma crise em que liberais derrotados
nas eleições resolvem tentar dar o golpe de Estado. Isso aconteceu no Brasil
inúmeras vezes."
PAULO SÉRGIO PINHEIRO
Ex-ministro da
Secretaria de Estado dos Direitos Humanos
"Você não pode
ir avante com uma proposta de impeachment com 'provas' bizarras como as
chamadas pedaladas."
JOSÉ LUÍS FIORI
Cientista político e
professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
"Duas coisas
ficaram mais claras nas últimas semanas, com relação à tal da 'crise
brasileira'. De um lado, o despudor golpista, e de outro, a natureza
ultraliberal do seu projeto para o Brasil."
Confira a íntegra da
carta enviada ao STF:
"Exmo. Sr.
Ricardo Lewandowski
Presidente do Supremo
Tribunal Federal
Em face da crise
política que atualmente afeta a nação, nós, cidadãos brasileiros, dirigimo-nos
à Suprema Corte convictos de que tão-somente nesta última instância da
magistratura encontra-se a perfeita isenção de que tanto necessita hoje a
sociedade civil.
Quanto mais se acirra
a luta partidária no âmbito do Congresso Nacional e quanto mais se agravam os
percalços no exercício da governabilidade, tanto mais se consolida a imagem do
Supremo Tribunal Federal como fiel da balança capaz de harmonizar os poderes
legitimamente constituídos.
Imbuídos da confiança
na racionalidade inerente às ações do STF, não propomos, neste documento,
entrar no mérito dos conflitos que envolvem os Poderes Executivo e Legislativo,
bem como determinados procedimentos da Polícia Federal e do Ministério Público.
Tampouco nos cabe
particularizar aspectos controversos da mídia, cujo dever é o de informar
escrupulosamente os seus espectadores ou leitores, dando lugar à defesa cabal
de todo e qualquer cidadão indiciado, cuja honra pessoal não deve pender de
opiniões aleatórias divulgadas antes do julgamento nos foros competentes.
O propósito explícito
desta missiva é o de transmitir à Suprema Corte a nossa convicção de que
continuará a exercer serenamente a sua missão constitucional: única via de
saída democrática para a presente conjuntura política."
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