10 abril
2016, http://cartamaior.com.br Carta Maior (Brasil)
Lindbergh Farias
Derrotada
a manobra do impeachment, a candidatura de Lula a presidente tenderá ao
crescimento. Impressiona a resiliência popular da figura de Lula.
A estas
horas do final de sábado, imagino os golpistas entre aturdidos e desesperados
ao ler e interpretar os dois principais dados da pesquisa Datafolha publicada
na noite de hoje, que são os seguintes:
1)
estourou no ar em pleno vôo o balão golpista do impeachment da presidenta
Dilma;
2) os
candidatos tucanos* (Aécio, Serra e Alckmin) despencam, enquanto Lula se mantém
e
consolida como principal alternativa factível de poder nas eleições de 2018.
O jogo começou a virar para o nosso lado.
Derrotada
a manobra do impeachment, a candidatura de Lula a presidente tenderá ao
crescimento. Impressiona a resiliência popular da figura de Lula. Repetindo o
bordão conhecido, nunca antes na historia desde país (e certamente do mundo),
uma liderança política passou por um processo de linchamento midiático na
dimensão do Lula. Tentaram transformá-lo, como eu disse ontem na tribuna do
Senado, em um cidadão “aquém da lei”, um homem que não pode ser ministro mesmo
sem ser réu ou acusado em nenhum inquérito.
O
linchamento fracassou. Lula não apenas sai vivo do linchamento, como lidera
pesquisas das eleições presidenciais. Continua avaliado, em pesquisa
espontânea, o melhor presidente da história do país (40%).
Em
paralelo, cresceu nas últimas semanas um belo movimento social de valores
progressistas de elevado grau de espontaneidade, nas redes sociais e nas ruas.
Enquanto isso, os movimentos de direita declinam a olhos vistos. Ninguém
aguenta mais ódio, rancor e ressentimento como estratégia de crescimento
político.
Enquanto
todas as atenções estavam voltadas para a crise política, a economia começou a
dar sinais de reanimação. A inflação caiu, as bolsas subiram e a balança
comercial emitiu sinais positivos. Acaso consolidada na próxima semana a
vitória contra o impeachment, o governo Dilma se fortalece e passará a viver um
novo momento. Literalmente, recomeça o governo, permitindo uma mudança de rumos
que promova o reencontro com o programa vitorioso de outubro de 2014,
reacendendo a chama do nosso projeto é acumulando forças para chegarmos as
eleições de 2018 competitivos.
Não se
trata mais de repetir êxitos do passado, dos tempos recentes em que Lula e o
lulismo proporcionaram um momento mágico de formidável afluência social dos
mais pobres, combinado com a manutenção da lucratividade das empresas e os
rendimentos do capital financeiro. A realidade do ganha-ganha capital-trabalho
mudou. Chegou a hora de um programa de reformas estruturais visando resolver a
desigualdade do conflito distributivo do capitalismo brasileiro.
Todos os
pré candidatos tucanos despencam nas simulações do Datafolha. O instituto simulou
dois cenários, Aécio e Alckmin. Embora não pesquisado, certamente o cenário
contra Serra não seria diferente.
No
confronto com Lula, que lidera com 21%, Aécio pontua ralos 17%, em queda
livre desembalada de 9 pontos percentuais em relação aos 26% que angariava em
dezembro de 2915; Alckmin declinou de 14% a 9% de dezembro para cá, ao passo
que Lula obtém robustos 21%, em empate técnico com Marina.
Suprema
ironia, após duas décadas, os tucanos começam a perder para outras forças
políticas, a exemplo de Marina e a direita, o posto de antagonista na
polarização contra Lula e o PT.
*Tucanos: Membros
do partido golpista PSDB, do qual fazem o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso, Aécio Neves e José Serra.
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