22 abril 2016, Vermelho22 abril 2016, Vermelho
http://www.vermelho.org.br (Brasil)
Em seu discurso na sede das Nações Unidas, em Nova York, onde participa da cerimônia de assinatura do Acordo de Paris sobre Mudança Climática, a presidenta Dilma Rousseff fez uma rápida e firme menção à situação política de seu país. Depois de classificar como “grave” o momento pelo qual passa o Brasil, ela afirmou que a sociedade brasileira saberá impedir retrocessos. E encerrou sua fala agradecendo aos líderes que expressaram solidariedade.
"Não posso terminar meu discurso sem falar sobre
a grave crise que vive o Brasil", disse a presidenta, em seu
pronunciamento de 5 minutos e 40 segundos. “O Brasil é um grande país, com uma
sociedade que soube vencer o autoritarismo e construir uma punjante democracia.
Nosso povo é um povo trabalhador e com grande apreço pela liberdade. Saberá,
não tenho dúvidas, impedir
qualquer retrocesso. Sou grata a todos os líderes
que expressaram a mim sua solidariedade”, completou. A fala serviu para chamar a atenção do mundo para a crise política brasileira e despertar ainda mais o interesse da mídia estrangeira em relação à denúncia do golpe em marcha no país. A expectativa é de que a presidenta conceda uma entrevista coletiva a veículos de comunicação internacionais, na qual poderá falar mais com maior liberdade sobre a situação do Brasil.
Dilma dedicou a maior parte de seu discurso para elogiar os esforços mundiais na construção do Acordo de Paris - uma série de ações para combater o aquecimento global - e para expressar o comprometimento de seu governo com tais medidas. A presidenta classificou o acordo como uma "histórica conquista da humanidade". As mudanças, segundo ela, farão com que o mundo se torne mais sustentável.
No pronunciamento, a presidenta reafirmou a disposição de lutar pelo fim do desmatamento na Amazônia e defendeu uma política de reflorestamento no país. Ela ainda saudou a iniciativa do governo francês, que, no ano passado, sediou o evento onde o acordo foi construído. E ressaltou os esforços do Brasil para a construção de consensos. Veja abaixo a íntegra da fala de Dilma:
Fonte da foto e do video: Vermelho
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Discurso da Presidenta Dilma
Brasil/Discurso da presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de Assinatura do Acordo de Paris - Nova Iorque/EUA
22 abril 2016, Palácio do Planalto
http://www2.planalto.gov.br (Brasil)
Nova Iorque-EUA , 22 de abril de
2016
Senhor secretário-geral das Nações
Unidas, Ban Ki-moon,
Senhor presidente da França e
presidente da COP21, presidente François Hollande,
Senhoras e senhores chefes de Estado
e de governo participantes dessa cerimônia de assinatura do Acordo de Paris,
Senhoras e senhores integrantes de
delegações,
Senhoras e senhores,
Com imensa honra e emoção, venho a Nova Iorque, hoje, no Dia da Terra, assinar
o Acordo de Paris sobre a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do
Clima, um acordo universal.
Sua conclusão exitosa, em dezembro
de 2015, representou um marco histórico na construção do mundo que queremos: um
mundo de desenvolvimento sustentável para todos, com o cumprimento das metas
estabelecidas na Agenda 2030. O êxito deve muito à atuação do governo francês,
à judiciosa e paciente construção do acordo pelo presidente François Hollande e
também ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
Tenho orgulho do trabalho
desenvolvido pelo meu governo e pelo meu país para que, coletivamente,
chegássemos a esse acordo. Tenho orgulho de nossa contribuição e da
contribuição de todos os países e da sociedade internacional. Agradeço o
esforço e o trabalho incansável da equipe de negociadores do Brasil, chefiada
pela nossa ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
Nós, países participantes, demos
respostas firmes e decisivas aos imensos desafios apresentados pela construção
de um amplo consenso, consenso necessário para o enfrentamento das mudanças do
clima.
Hoje, ao lado de todos os chefes de
Estado e de governo aqui presentes, assumo o compromisso de assegurar a pronta
entrada em vigor do Acordo no Brasil e mais uma vez saúdo a todos por essa
histórica conquista da humanidade.
O caminho que teremos de percorrer
agora será ainda mais desafiador: transformar nossas ambiciosas aspirações em
resultados concretos. Realizar os compromissos que assumimos irá exigir a ação
convergente de todos nós, de todos os nossos países e sociedades, rumo a uma
vida e a uma economia menos dependentes de combustíveis fósseis, dedicadas e
comprometidas com práticas sustentáveis na sua relação com o meio ambiente.
Países em desenvolvimento, como o
Brasil, têm apresentado resultados expressivos na redução das emissões e se
comprometeram com metas ainda mais ambiciosas.
O desafio de enfrentar a mudança do
clima torna imprescindível o aumento progressivo do nível de ambição dos países
desenvolvidos. Exige, de forma contínua, a mobilização de meios de
implementação adequados, para que os países em desenvolvimento tenham suporte e
sigam contribuindo para os esforços globais de mitigação e adaptação.
É fundamental ampliar o financiamento
do combate à mudança do clima para além do compromisso de US$ 100 bilhões
anuais.
É indispensável criar meios de
reorientar os fluxos financeiros internacionais de modo permanente para apoiar
ações que representem soluções para o problema global e promovam também
benefícios de adaptação, saúde pública e desenvolvimento sustentável.
É necessário, ainda, que o setor
privado desenvolva um esforço robusto de redução de emissões.
Senhoras e senhores,
Ao reiterar o compromisso do Brasil
com os objetivos do Acordo de Paris, quero assegurar que estamos perfeitamente
cientes que firmá-lo é apenas o começo. A parte mais fácil.
Meu país está determinado a
intensificar ações de mitigação e de adaptação. Anunciei aqui, durante a Cúpula
da Agenda de Desenvolvimento 2030, a contribuição brasileira de 37% de redução
dos gases de efeito estufa até 2025, assim como a ambição de alcançarmos uma
redução de 43% até 2030 – tomando 2005 como ano-base em ambos os casos.
Alcançaremos o desmatamento zero na
Amazônia e vamos neutralizar as emissões originárias da supressão legal de
vegetação. Nosso desafio é restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de
florestas e outros 15 milhões de hectares de pastagens degradadas. Promoveremos
também a integração de 5 milhões de hectares na relação lavoura-pecuária e
florestas.
Todas as fontes renováveis de
energia terão sua participação em nossa matriz energética ampliada até alcançar
45% em 2030.
Continuaremos contando com a
contribuição e a participação de todos os setores de nossa sociedade, que estão
conscientes da amplitude do desafio, e com a necessidade de deixar este legado
às futuras gerações.
Senhoras e senhores,
Meu governo traçou metas ambiciosas
e ousadas porque sabe que os riscos associados aos efeitos negativos recaem
fortemente sobre as populações vulneráveis de nosso país e do mundo quando nós
não tomamos medidas corretas para a contenção da mudança do clima.
Essa preocupação deve ser
compartilhada agora e por todos nós. Sem a redução da pobreza e da desigualdade
não será possível vencer o combate à mudança do clima. E esse combate tampouco
pode ser feito à custa dos que menos têm e menos podem.
Essa é uma das razões pelas quais o
conceito de desenvolvimento sustentável precisa ser referência permanente de
nosso projeto comum. Incluir, crescer, conservar e proteger: eis a síntese
alcançada na Conferência Rio+20, realizada no Brasil em 2012.
Senhoras e senhores,
Não posso terminar minhas palavras
sem mencionar o grave momento que vive o Brasil. A despeito disso, quero dizer
que o Brasil é um grande país, com uma sociedade que soube vencer o
autoritarismo e construir uma pujante democracia. Nosso povo é um povo
trabalhador e com grande apreço pela liberdade. Saberá, não tenho dúvidas,
impedir quaisquer retrocessos.
Sou grata a todos os líderes que
expressaram a mim sua solidariedade.
Muito obrigada.
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