19 abril
2016, Blog do Planalto http://blog.planalto.gov.br (Brasil)
Dilma:
“Lastimo que, nesse momento no Brasil, tenham dado espaço para esse tipo de
situação de raiva, ódio e perseguição”. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
A presidenta Dilma Rousseff lamentou nesta terça-feira (19), durante
entrevista coletiva a jornalistas estrangeiros, a terrível declaração de
um deputado federal que ‘homenageou’, em seu voto favorável ao
impeachment, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, reconhecido pela
Comissão Nacional da Verdade como torturador durante o regime militar
brasileiro.
“Eu, de fato, fui presa nos anos 70. De fato, eu conheci bem esse senhor ao que ele se referiu. Foi um dos maiores torturadores do Brasil, contra ele recai não só o acusação de tortura, mas também de mortes, só ler os documentos da Comissão da Verdade. Lastimo que, nesse momento, o Brasil tenha dado espaço para esse tipo de ódio, situação de raiva, de ódio, de perseguição. E, veja você, em um processo como o nosso em que a democracia resulta de uma grande luta. É terrível você ver no julgamento alguém defendendo esse torturador. É lamentável”.
Questionada por uma jornalista se o fato de ser a primeira presidenta
mulher no Brasil influenciou nas tentativas de desestabilização do seu governo,
Dilma disse acreditar que a questão de gênero é um forte componente nesse
processo. Para ela, certas atitudes não aconteceriam caso o presidente da
República fosse um homem.
“Houve, inclusive,
recentemente um lamentável episódio de um texto de um órgão de imprensa que
mostra uma misoginia. Falam o seguinte, mulher sob tensão tem que ficar
histérica, nervosa e desequilibrada. E não se conformam que eu não fique, nem
nervosa, nem histérica, nem desequilibrada. Aí tem uma outra ala que diz que
não é bem isso, porque eu não estou percebendo o tamanho da crise. Eu até não
gosto de falar porque eu tenho uma familiar e acho a forma que tratam essa
questão muito desrespeitosa: falam que eu sou autista. Um preconceito tão
grande quanto o de gênero.[…] Agora, eu lamento profundamente o grau de
preconceito contra a mulher, de que mulher tem que ser frágil. Ora as mulheres
brasileiras não têm nada de frágeis, elas criam filhos e lutam”, disse de
enfatizar sua percepção sobre posicionamentos machistas. “Tem misturado nisso
tudo um grande preconceito contra a mulher. Têm atitudes comigo que não teriam
com um presidente homem”.
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