19 abril 2016, União Nacional dos Estudantes http://www.une.org.br
(UNE)
por Redação
Instituições de ensino tem apostado na
formação de docentes;
neste dia do Índio 72 integrantes de três povos colaram
grau na Uepa
Neste Dia do Índio
(19), a Universidade
do Estado do Pará (Uepa) formou a primeira turma
do curso de Licenciatura Intercultural Indígena. 72 integrantes dos povos
Tembé, Gavião e Suruí Aikewara receberam o canudo vestido de beca e cocar.
A graduação é destinada
às etnias Tembé, Gavião, Suruí Aikewara, no território étnico-educacional
Tapajós Arapiuns, Wai-Wai e Kaiapó, vinculadas aos campi e municípios de São
Miguel do Guamá, Marabá, Santarém, Oriximiná e São Félix do Xingu. Atualmente o
curso conta com nove turmas e um total 257 alunos.
Também foi este ano, em
março, que foi empossado o primeiro indígena à frente de uma universidade
federal no Brasil. Jefferson Fernandes do Nascimento, doutor em Agronomia, é
reitor da
Universidade Federal de Roraima (UFRR).
Localizada também na
região Norte, a UFRR lida com uma realidade específica, atende majoritariamente
estudantes oriundos de escolas públicas e indígenas. Na universidade, está o
Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena, que oferece cursos de gestão
em saúde coletiva, gestão territorial e licenciatura intercultural. Os demais
cursos reservam também vagas para esse público. Medicina foi o primeiro a
aderir a esse sistema de cota.
Desde 2012 a Lei das
Cotas, prevê que as instituições de ensino superior federais devem reservar 50%
das vagas para jovens que estudaram na rede pública com subcotas para índios,
negros e pardos. De acordo com a Lei, o número de vagas das subcotas deve ser
proporcional a quantidade de pessoas de uma certa etnia que reside no Estado.
Sendo assim, um Estado
com maior índice de povos indígenas terá mais vagas destinadas a esse grupo.
Fortalecimento de docentes
A graduação da Uepa que
entregou 72 novos profissionais hoje é específica e forma professores em turmas
unicamente compostas por indígenas. Segundo a coordenadora do Núcleo de
Educação Indígena, Joelma Alencar, a Licenciatura atende as reivindicações dos
índios de acesso à educação.
“Em relação aos povos
indígenas, além de consolidar essa luta e assumir as escolas, a Universidade
possibilita o acesso ao conhecimento científico em conjunto com o conhecimento
indígena e também estabelecendo um elo intercultural. Esse é o sentido. Quem
ganha com isso é a própria cultura indígena que vai ter esse fortalecimento,
uma vez que os indígenas assumem suas escolas, ensinam suas línguas. A língua é
um patrimônio”, ressalta.
No Amazonas além de
entrada através do sistema de cotas, a Universidade Federal do Amazonas (UFAM)
também oferece vestibular exclusivo para os indígenas através do Programa de
Licenciatura Indígena (Prolind), que dá apoio à formação superior de
professores que atuam em escolas indígenas de educação básica para estimular o
desenvolvimento de projetos de curso na área das Licenciaturas Interculturais
em instituições de ensino superior públicas federais e estaduais. O objetivo é
formar professores que conheçam a realidade das comunidades indígena para a
docência no ensino básico.
Atualmente são 760
alunos indígenas matriculados e a garantia de novas vagas, depende da oferta de
recursos do Ministério da Educação (MEC). Em 2015, eram 580 alunos indígenas e
esse ano foram mais 180 novos alunos.
O primeiro reitor
indígena do país defendeu em entrevista à Agência Brasil que é preciso formar cada vez mais indígenas.
” Porque dificilmente
não indígenas vão trabalhar em terra indígena. A gente entende que, formando o
indígena, o atendimento na área indígena é facilitado porque ele se sente mais
ambientado. Sabemos que a questão indígena é muito diversa. Os ianomâmis e
macuxis são culturas totalmente diferentes. Como há essa diversidade,
temos que trabalhar nessa diversidade. Não é formar qualquer indígena. É formar
indígena ianomâmi, indígena macuxi. Temos que avançar nessa direção, o que é um
desafio”, afirmou.
Para a garantia do
acesso e permanência de estudantes indígenas nas Instituições de
Ensino Superior, a Funai firmou Termos de Cooperação e Convênios
com Universidades públicas e privadas, em todo território
nacional, desde 1996. Com a criação do Programa Bolsa Permanência, os
estudantes universitários indígenas das Instituições Federais passam
a ter acesso à chamada Bolsa Permanência, que lhes garante R$
900 mensais, possibilitando que permaneçam fora de suas aldeias e
cidades de origem durante o período letivo.
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