29 novembro 2015, Tlaxcala http://www.tlaxcala-int.org
(México)
Tlaxcala, the
international network of translators for linguistic diversity
Pepe Escobar ПепеЭскобар
Os objetivos de Rússia e Turquia na luta contra o grupo 'Estado Islâmico' são diametralmente opostos.
Os objetivos de Rússia e Turquia na luta contra o grupo 'Estado Islâmico' são diametralmente opostos.
É absolutamente impossível compreendermos por que o
governo turco abraça a estratégia suicidária de derrubar um SU-24 russo sobre
território sírio – tecnicamente uma declaração de guerra da OTAN à Rússia –,
sem a considerarmos no contexto real o jogo de poder de Erdogan no norte da
Síria.
O presidente Vladmir Putin disse que a derrubada do jato russo havia sido uma "punhalada nas costas". Vejamos como os fatos em solo levaram àquela punhalada.
Ancara usa, financia e arma uma coleção de grupos extremistas em todo o norte da Síria, e precisa, a qualquer custo, manter abertas linhas de suprimentos para eles a partir do sul da Turquia; afinal, tudo de que aqueles grupos tem de fazer é conquistar Aleppo, o que abriria caminho para o Santo Graal de Ancara: a 'mudança de regime' em Damasco.
O presidente Vladmir Putin disse que a derrubada do jato russo havia sido uma "punhalada nas costas". Vejamos como os fatos em solo levaram àquela punhalada.
Ancara usa, financia e arma uma coleção de grupos extremistas em todo o norte da Síria, e precisa, a qualquer custo, manter abertas linhas de suprimentos para eles a partir do sul da Turquia; afinal, tudo de que aqueles grupos tem de fazer é conquistar Aleppo, o que abriria caminho para o Santo Graal de Ancara: a 'mudança de regime' em Damasco.
Ao mesmo tempo, Ancara teme
mortalmente as YPG – Unidades de Proteção do Povo Curdo
Sírio – organização irmã do PKK,
partido curdo de esquerda. Esses todos têm de ser contidos a qualquer preço.
Assim sendo, o grupo 'Estado Islâmico' – contra o qual a ONU declarou guerra – é apenas um detalhe, na estratégia geral de Ancara, dirigida, essencialmente a combater, conter ou mesmo bombardear curdos; a apoiar de todas as maneiras os Takfiris e jihadistas-salafistas, inclusive o grupo 'Estado Islâmico'; e a conseguir mudança de regime em Damasco.
Não supreendentemente, os curdos sírios das YPG são fortemente demonizados na Turquia, acusados de, no mínimo, tentarem fazer uma limpeza étnica nas vilas árabes e turcomenas no norte da Síria.
O que os curdos sírios estão tentando – e, para grande alarme em Ancara, apoiados de certo modo pelos EUA –, é conectar o que, por enquanto são três áreas separadas de terra curda no norte da Síria.
Exame rápido, mesmo nesse mapa turco imperfeito, basta para mostrar como duas daquelas áreas curdas (em amarelo) estão já conectadas, a nordeste. Para conseguir isso, os curdos sírios, com ajuda do PKK, derrotaram o grupo 'Estado Islâmico' em Kobani e arredores. Para conseguir a terceira área da terra que consideram deles, os curdos sírios têm de chegar a Afryn. Mas no caminho (em azul) há várias cidades turcomenas ao norte de Aleppo.
Assim sendo, o grupo 'Estado Islâmico' – contra o qual a ONU declarou guerra – é apenas um detalhe, na estratégia geral de Ancara, dirigida, essencialmente a combater, conter ou mesmo bombardear curdos; a apoiar de todas as maneiras os Takfiris e jihadistas-salafistas, inclusive o grupo 'Estado Islâmico'; e a conseguir mudança de regime em Damasco.
Não supreendentemente, os curdos sírios das YPG são fortemente demonizados na Turquia, acusados de, no mínimo, tentarem fazer uma limpeza étnica nas vilas árabes e turcomenas no norte da Síria.
O que os curdos sírios estão tentando – e, para grande alarme em Ancara, apoiados de certo modo pelos EUA –, é conectar o que, por enquanto são três áreas separadas de terra curda no norte da Síria.
Exame rápido, mesmo nesse mapa turco imperfeito, basta para mostrar como duas daquelas áreas curdas (em amarelo) estão já conectadas, a nordeste. Para conseguir isso, os curdos sírios, com ajuda do PKK, derrotaram o grupo 'Estado Islâmico' em Kobani e arredores. Para conseguir a terceira área da terra que consideram deles, os curdos sírios têm de chegar a Afryn. Mas no caminho (em azul) há várias cidades turcomenas ao norte de Aleppo.
Essas terras turcomenas são
gigantescamente importantes. É precisamente aí, até 35 km para dentro da Síria,
que Ancara sonha com instalar a sua chamada "zona segura", que será
na prática uma zona aérea de exclusão, em território sírio, ostensivamente para
abrigar refugiados sírios, e com tudo pago pela Comissão Europeia, que já
desbloqueou 3 bilhões de euros, que podem ser