22 novembro
2015, Vermelho http://www.vermelho.org.br (Brasil)
Com quase 90% das
urnas apuradas, o opositor ao kirchnerismo, Maurício Macri, é considerado o
novo presidente da Argentina, com 52,35% dos votos. O segundo turno das
eleições presidenciais, realizado neste domingo (22), é inédito no país, e esta
também é a primeira vez que a direita chega ao poder pela via democrática e não
por intervenção militar. O candidato da chapa governista, Frente Para a
Vitória, Daniel Scioli, recebeu 47,65% dos votos.
Em seu discurso de vitória, Macri disse
representar uma mudança de rumo para a Argentina e enfatizou que o voto popular
“vai mudar a história”. “Esta mudança não representa um revanchismo, ou um
ajuste de contas. A Argentina que sonhamos terá pobreza zero e vamos construir
isto juntos. Temos que derrotar o narcotráfico e isso temos que fazer todos os
argentinos juntos.”
Todo o tempo, o presidente eleito falou sobre “trabalhar em equipe”, “contar com o apoio de cada um dos argentinos” e pediu, diversas vezes, que o povo não o abandone. Macri também já manifestou sua abertura para negociar com “todos os países”. “Queremos ter boas relações com todos os países, queremos trabalhar com todos. O povo argentino tem muito a apresentar ao mundo e esperamos encontrar uma agenda de cooperação.”
Todo o tempo, o presidente eleito falou sobre “trabalhar em equipe”, “contar com o apoio de cada um dos argentinos” e pediu, diversas vezes, que o povo não o abandone. Macri também já manifestou sua abertura para negociar com “todos os países”. “Queremos ter boas relações com todos os países, queremos trabalhar com todos. O povo argentino tem muito a apresentar ao mundo e esperamos encontrar uma agenda de cooperação.”
Com ares de modernidade, Macri tem o perfil da
nova direita latino-americana e representa o plano neoliberal implementado em
diversos países nos anos 1990. Assim como
Horácio Cartes, no Paraguai, o
argentino também é envolvido com o futebol e chegou a presidir o time Boca
Juniors entre 1995 e 2008. Empresário bem-sucedido, se envolveu com os esportes no intuito de se descolar da imagem de sua família, cuja fortuna foi adquirida de forma duvidosa durante a ditadura argentina (1976-1983). O analista político do canal Telesur, Alberto López Girondo, avalia que a direita do continente apoia o novo presidente argentino por acreditar que esta eleição pode acarretar um “efeito dominó” em toda a região.
Apesar de afirmar que pretende cultivar boas relações com o Mercosul e, principalmente, com o Brasil, Macri já deixou claro seu interesse em estreitar novamente relações com os Estados Unidos, política diferente da implementada pelo bloco dos países do Sul.
Alberto acredita que o rumo político da Argentina pode mudar drasticamente e abrir mão das políticas sociais e distribuição de renda. “Provocar o shock econômico, decretar uma desvalorização da moeda, pactuar com os fundos abutres e gerar todo um clima de desestabilização econômica são as opções que Macri pode dar ao fazer um completo giro à direita.”
Scioli reconheceu a vitória de Macri e lhe desejou
um bom governo. Em seu discurso, disse respeitar a escolha do povo argentino e
destacou as conquistas obtidas nos últimos anos, entre elas, a renacionalização
da empresa de petróleo YPF, a ampliação de acesso aos mais pobres e a
distribuição de renda mais justa. Disse que volta a ocupar seu cargo de
governador de Buenos Aires e pretende trabalhar em harmonia com a governadora
eleita da província, María Eugenia Vidal, também da coalizão Cambiemos.
Fortalecimento dos EUA e da Otan no continente
O economista e analista internacional Ernesto Mattos acredita que a eleição de Macri é desastrosa para a soberania do continente, porque ele deverá “seguir ao pé da letra o esquema burguês de abertura de capitais e livre comércio”.
“Macri poderá se aliar à Aliança do Pacífico e orientar o Mercosul a um tratado de livre comércio com a Europa sob condições neocoloniais, poderá ainda pactuar com o Acordo sobre o Comércio Internacional de Serviços (Tisa, por sua sigla em inglês) e frear o papel do Estado na economia”, afirmou o economista.
Ernesto afirma ainda que os governos dos Estados Unidos e do Reino Unido se favorecem com Macri na Presidência porque a Argentina é um lugar estratégico para os interesses neocoloniais destes países. Principalmente Londres, que rechaça o diálogo sobre as Ilhas Malvinas na ONU.
As principais bases da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) fora da Europa estão instaladas nas Ilhas Malvinas e com Macri não haverá mais resistência. Além da questão da soberania territorial, há três companhias petrolíferas britânicas denunciadas pelo governo argentino – Falkland Oil ad Gas, Premier Oil e Rockhopper – que afirmam ter encontrado petróleo na região e prejudicam o desenvolvimento da empresa petrolífera estatal, a YPF.
O resultado eleitoral foi divulgado pela Câmara Nacional Eleitoral da Argentina, maior autoridade de controle dos votos do país. As eleições, que se iniciaram às 8 horas e encerraram às 17 horas (horário local), transcorreram com tranquilidade e tiveram adesão popular de 80,83%. Isso significa que mais de 32 milhões de argentinos decidiram votar neste segundo turno inédito.
Leia também:
Emir Sader: E se a direita ganhar na Argentina?
Uribe, o verdadeiro aliado de Macri na América Latina
Fortalecimento dos EUA e da Otan no continente
O economista e analista internacional Ernesto Mattos acredita que a eleição de Macri é desastrosa para a soberania do continente, porque ele deverá “seguir ao pé da letra o esquema burguês de abertura de capitais e livre comércio”.
“Macri poderá se aliar à Aliança do Pacífico e orientar o Mercosul a um tratado de livre comércio com a Europa sob condições neocoloniais, poderá ainda pactuar com o Acordo sobre o Comércio Internacional de Serviços (Tisa, por sua sigla em inglês) e frear o papel do Estado na economia”, afirmou o economista.
Ernesto afirma ainda que os governos dos Estados Unidos e do Reino Unido se favorecem com Macri na Presidência porque a Argentina é um lugar estratégico para os interesses neocoloniais destes países. Principalmente Londres, que rechaça o diálogo sobre as Ilhas Malvinas na ONU.
As principais bases da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) fora da Europa estão instaladas nas Ilhas Malvinas e com Macri não haverá mais resistência. Além da questão da soberania territorial, há três companhias petrolíferas britânicas denunciadas pelo governo argentino – Falkland Oil ad Gas, Premier Oil e Rockhopper – que afirmam ter encontrado petróleo na região e prejudicam o desenvolvimento da empresa petrolífera estatal, a YPF.
O resultado eleitoral foi divulgado pela Câmara Nacional Eleitoral da Argentina, maior autoridade de controle dos votos do país. As eleições, que se iniciaram às 8 horas e encerraram às 17 horas (horário local), transcorreram com tranquilidade e tiveram adesão popular de 80,83%. Isso significa que mais de 32 milhões de argentinos decidiram votar neste segundo turno inédito.
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Do Portal Vermelho, Mariana
Serafini, com informações da Telesur
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