Os trágicos atentados
terroristas de Paris foram condenados a nível mundial pela humanidade solidária
com o povo francês, alvo da monstruosa e repugnante chacina.
Milhões
de palavras sobre o acontecimento foram escritas ou pronunciadas em dezenas de
países em muitas línguas.
Dirigentes
políticos, personalidades destacadas, politólogos de serviço nos grandes media,
comentaram os atentados.
Chama
a atenção o facto de na Comunidade Europeia nenhum chefe de estado ou de
governo ter nas suas intervenções abordado a questão fundamental das causas da
vaga de terrorismo que assola o mundo. Obama também se absteve de tocar no
tema.
Qual
o motivo de tão estranha omissão? Resposta é simples, mas incómoda para os
detentores do poder.
O
principal responsável pelo alastramento do terrorismo
que condenam e dizem
combater é o imperialismo americano.
Antes
da primeira Guerra do Golfo não existiam praticamente organizações terroristas
que preocupassem o Ocidente capitalista e os crimes desse tipo eram pouco frequentes.
Durante
o governo de Carter, Brzezinsky persuadiu o presidente a criar no Afeganistão
uma situação caótica que forçasse a União Soviética a enviar um contingente
militar para aquele país. Nas suas memórias o assessor de Carter assume com
orgulho essa responsabilidade. Foi a CIA, com o aval da Casa Branca, quem criou
no Paquistão os acampamentos onde foram treinados, financiados e armados os
lideres mujahedines que dirigiram a luta contra a Revolução Afegã. Reagan
recebeu em Washington como hóspedes de honra os dirigentes das Sete
Organizações Sunitas de Peshawar -- alguns traficantes de droga milionários -–
designando-os como «novos Bolívares» e «combatentes da liberdade».
Quando
esse bando, destruída a Revolução Afegã, se envolveu em guerras civis
intermitentes, os EUA criaram, também no Paquistão, os Talibans. Armados por
Washington, os «estudantes de teologia» invadiram e conquistaram o Afeganistão.
Retiraram o ex-presidente Najibullah da sede da ONU onde se tinha asilado,
enforcaram-no num poste e impuseram ao país um regime islâmico medieval.
Os
antigos aliados passaram a ser considerados pela Casa Branca uma perigosa
ameaça. O Afeganistão, graças aos mestres norte americanos, emergiu no mundo
muçulmano como «a universidade do terrorismo».
Após
os atentados do 11 de Setembro de 2001,os EUA invadiram e ocuparam o país
quando o mulah Omar, líder taliban, recusou entregar-lhes Osama Bin Laden.
Transcorridos
14 anos, o balanço dessa agressão é desastroso. Hoje o Afeganistão é o maior
produtor mundial de heroína e dali saem fornadas de terroristas para a Africa,
o Médio Oriente, a Europa e os EUA.
De
alunos, os afegãos passaram a professores. Na Argélia, no Egito, no Iraque, no
Irão, «especialistas» afegãos participaram de muitas ações criminosas.
Porventura renunciaram os EUA a utilizar terroristas islâmicos nas suas guerras de agressão? Não.
Na
Líbia, as milícias que tiveram papel decisivo na luta contra Kadhafi (por elas
assassinado) foram criadas e treinadas pela CIA e pelos serviços secretos
britânicos. Em breve se tornaram também incontroláveis, gerando o caos num país
destruído pelo imperialismo.
Na
Síria, Washington, na tentativa de derrubar Bashar al Assad e recolonizar o
país, armou e financiou os grupos terroristas que combatem o regime de Damasco.
Quando
irrompeu na Região a praga do jihadismo, e as noticias sobre os crimes
monstruosos cometidos pelos seguidores do autointitulado Estado Islâmico
começaram a correr pelo mundo, a humanidade, horrorizada, teve dificuldade em
compreender como surgira e se formara aquela seita de fanáticos assassinos.
Prestigiados
media de «referência» dos EUA contribuíram para que gradualmente se dissipasse
o véu de mistério que envolvia os criminosos do EI. Sabe-se hoje – graças em
parte a artigos publicados naquele país - que muitos dos atuais lideres
jihadistas foram formados por mestres da CIA com outros fins.
Não
há como negar a evidência: o imperialismo estado-unidense é o principal
responsável pela perigosa vaga de terrorismo que alastra pelo mundo.
A
sua resposta -– já principiou em França -- será, na América e na Europa, como
aconteceu após o 11 de Setembro, intensificar a repressão contra os seus
próprios povos.
OS EDITORES
DE ODIARIO.INFO
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