30 novembro 2015, Macauhub http://www.macauhub.com.mo
(China)
A China está a aprofundar o seu envolvimento
na agricultura em África e Cabo Verde e a Guiné-Bissau estão a beneficiar desta
diversificação da cooperação, de acordo com um levantamento de projectos
chineses na África Ocidental.
O estudo “Além das indústrias extractivas:
O caso da assistência agrícola chinesa na África Ocidental”, publicado pelo
Instituto Sul-Africano de Relações Internacionais (SAIIA), defende que estes
países, incluindo os dois de língua portuguesa, “têm muito a aprender com a
China” na agricultura, área que as autoridades chinesas definiram como
prioritária para a cooperação.
A China “pretende aplicar um modelo de
cooperação Sul/Sul defendendo ganhos recíprocos e o intercâmbio de melhores
práticas”, depois de “nas últimas duas décadas ter construído um sector
agrícola doméstico forte e tê-lo desenvolvido mais rapidamente do que
qualquer
outro sector”, afirmam as autoras do estudo, Emanuele Santi e Maxime Weigert.
Muitos dos projectos recentes, adiantam,
são liderados por empresas públicas e focados em colheitas de rendimento, tal
como noutras regiões do continente, caso da África Austral, onde também há
exemplos importantes em Angola e Moçambique.
Entre os projectos deste género na África
Ocidental, as autoras destacam o de cultivo de caju na Guiné-Bissau, a par do
cacau no Gana, açúcar e algodão no Benim, açúcar na Serra Leoa, algodão no
Burquina Faso e açúcar e algodão no Mali, em parceria com entidades locais.
Mais recentemente foram lançados também
projectos de biocombustíveis no Benim, Serra Leoa e Nigéria.
“Estes projectos são orientados para a
exportação – para a China, no caso do algodão, para a Europa, no caso das
outras colheitas e incluem assistência técnica da China, incluindo formação,
factores de produção e maquinaria, com o objectivo de aumentar a produtividade
e qualidade da produção local”, afirmam as autoras, que identificam também
algumas dificuldades enfrentadas no terreno.
Sob supervisão do Ministério do Comércio, a
China doa maquinaria agrícola e participa no financiamento de programas
agrícolas e também de projectos de infra-estruturas rurais, como é o caso da
barragem do Poilão, em Cabo Verde, dedicada à irrigação, à semelhança de outra
erigida no Gana.
A China também criou 4 centros de formação
na região, no âmbito da assistência técnica, um deles na Guiné-Bissau, onde
peritos chineses “disponibilizam formação técnica aos agricultores locais”,
afirmam as autoras.
A cooperação chinesa com os países
africanos, adiantam, está-se a pautar por “maior diversificação” e estes
investimentos “beneficiam a região”, dado que vários países “exprimiram a sua
disponibilidade para aumentar o desenvolvimento agrícola e modernizar o seu
sector agro-industrial”.
A agricultura representa a maior parcela
das economias da região, caso da Guiné-Bissau, sendo que Cabo Verde é um dos
países menos dependente desta actividade.
As autoras deixam ainda algumas
recomendações, como a promoção do emprego local, envolvimento de longo prazo e
partilha de lucros, participação mais ampla de parceiros locais, para assegurar
que são tidas em conta normas culturais e sociais e concessão de facilidades
por parte das autoridades locais, no acesso a capital, arrendamento de terras,
incentivos legais e apoio institucional.
“A China também poderia providenciar
oportunidades vitais para um maior acesso ao financiamento, que
tradicionalmente falta na região e no sector e é, ao mesmo tempo, uma
alternativa sólida e um complemento aos recursos canalizados por doadores
tradicionais”, adiantam as autoras.
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