24 Junho 2014, Jornal de Angola http://jornaldeangola.sapo.ao
(Angola)
A tomada de posse ontem
do novo Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, eleito em Maio, marca o
início de um período de normalidade constitucional naquele país de língua portuguesa,
que conheceu sucessivas crises políticas.
São muitas as esperanças de um futuro melhor na
Guiné-Bissau depositadas em José Mário Vaz, um economista com experiência
governativa (já foi ministro das Finanças de 2009 a 2012) que tem a pesada responsabilidade
de reerguer da crise política um país que precisa de se concentrar
na reconstrução económica.
Mário Vaz, que foi candidato do histórico Partido Africano para a Independência da Guiné (PAIGC) às presidenciais deste ano, que venceu com 61,9 por cento dos votos, sabe
A reconciliação nacional é um dos dossiers que inevitavelmente vai fazer parte da agenda do Presidente da Guiné-Bissau, tendo em atenção a complexidade dos problemas. Espera-se do novo Chefe de Estado a criação de um clima que permita que os vários partidos políticos ajudem, mesmo na diversidade de ideias, a construir a unidade de um país que precisa de enveredar rapidamente pelo caminho da consolidação da democracia.
As eleições gerais na Guiné-Bissau, realizadas com elevado grau de organização e participação, deram um sinal aos futuros governantes que os guineenses querem que os decisores políticos democraticamente eleitos estabeleçam sem perturbações um quadro para a convivência harmoniosa entre todos os cidadãos e para uma colaboração institucional que coloque em primeiro plano os interesses do país.
Todas as instituições devem trabalhar para um mesmo
fim - a defesa da Constituição, a lei fundamental que todos, sem excepção,
devem respeitar, para se poder assegurar a actuação eficiente dos poderes
públicos, designadamente do Governo, que pela sua natureza tem de executar
tarefas dirigidas para a promoção do bem-estar social.
Sem instituições estáveis não existe o ambiente propício ao funcionamento normal dos órgãos do Estado, gera-se a paralisia generalizada, que só aproveita àqueles que apenas sabem viver no caos, não se importando com as consequências negativas das crises políticas prolongadas.
Um principio essencial em democracia é o respeito pelo veredicto das urnas em eleições multipartidárias. Ninguém deve sentir-se no direito de inviabilizar a vontade do povo nas urnas. O que o povo decide nas urnas deve ser considerado sagrado pelos diferentes concorrentes ao poder. Em democracia, uns perdem, outros ganham. O jogo democrático tem regras e estas existem para serem escrupulosamente respeitadas. Só respeitando as regras do jogo democrático é que se edificam sociedades prósperas.
Com a tomada de posse do novo Presidente da Guiné-Bissau e com todas as forças politicas comprometidas com a restauração da estabilidade, abre-se o caminho para os guineenses seguirem definitivamente em direcção à dinamização dos diferentes sectores da actividade produtiva, tirando partido dos recursos naturais e dos fundos que são fornecidos pela comunidade internacional.
Com tantos problemas por resolver é essencial que todas as forças políticas da Guiné-Bissau sejam, doravante e permanentemente, parte da sua solução, fazendo da unidade um factor que permita criar as condições para uma governação marcada por actos que satisfaçam o interesse nacional e os interesses das comunidade.
São grandes os desafios que o novo Presidente guineense tem pela frente, mas acredita-se que, havendo um clima de efectiva confiança entre as diferentes forças políticas e instituições, Mário Vaz, conhecedor da situação real do país, consjga encontrar as terapias necessárias para curar os males de que enferma a Guiné-Bissau.
Durante o seu mandato, o novo Presidente da Guiné-Bissau deve fazer tudo para mobilizar e renovar a esperança de que o seu povo precisa e a comunidade internacional exige para que o país venha a protagonizar acções que signifiquem uma estabilidade duradoura e contribuam dessa forma para o regresso deste país ao conjunto dos Estados de África que caminham em direcção ao progresso social.
O que África precisa é de Estados sem guerras e com Governos estáveis. Os dirigentes do continente devem estar à altura de concretizar os desejos de milhões de africanos que pretendem o fim dos conflitos armados e das crises políticas, que somente adiam a eliminação definitiva da fome, da pobreza e do analfabetismo. Só em condições de estabilidade o continente africano pode aspirar ao desenvolvimento.
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