sábado, 28 de junho de 2014

BRICS∕Xi Jinping congratula homólogos por divulgação dos Cinco Princípios de Coexistência Pacífica



28 junho 2014, China Radio International.CRI http://portuguese.cri.cn (China)
O presidente chinês, Xi Jinping, enviou hoje (28)  telegramas a congratular o presidente da Índia, Pranab Mukherjee, e o presidente da Birmânia, Thein Sein, por ocasião do 60º aniversário da divulgação dos Cinco Princípios de Coexistência Pacífica.

Xi Jinping afirmou que a China e a Índia cumprem com os Cinco Princípios de Coexistência Pacífica. Segundo Xi, nos últimos 60 anos, os dois países optaram por um caminho de convivência harmoniosa e desenvolvimento comum. A persistência na manutenção da paz e da cooperação favorece os povos, a estabilidade e o desenvolvimento da Ásia e do Mundo.

Xi Jinping apontou que a China e Birmânia partilham uma relação de vizinhos amistosos tradicionais, e os povos dos dois lados têm
uma amizade profunda. Nos últimos 60 anos, as relações bilaterais ultrapassaram as dificuldades e obtiveram grande progresso, sob os Cinco Princípios de Coexistência Pacífica. Segundo ele, hoje em dia, a China quer continuar cooperando com Birmânia, persistindo nos cincos princípios, promovendo o benefício recíproco e reforçando a confiança e ajuda mútua, a fim de impulsionar o desenvolvimento estável e profundo das relações de parceria estratégica entre os dois países.
Tradução: Xie Haitian Revisão: João Pimenta


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OS CINCO PRINCÍPIOS DA COEXISTÊNCIA PACÍFICA
14 julho 2004, http://educaterra.terra.com.br (Brasil)

Há exatamente meio século Chu En-lai, o fundador da diplomacia da República Popular da China, formulou os famosos Cinco Princípios da Coexistência Pacífica durante viagem à Ásia meridional, que representavam uma espécie de padrão para as relações internacionais.

Os cinco princípios são:

1-      respeito mútuo à soberania e integridade nacional,

2-      não-agressão,

3-      não intervenção nos assuntos internos de um país por parte de outro,

4-      igualdade e benefícios recíprocos e

5-      coexistência pacífica entre Estados com sistemas sociais e ideológicos diferentes.

Este padrão de conduta internacional foi, desde então, o norteador da diplomacia chinesa, do Movimento Neutralista e foi adotado pelo Movimento dos Países Não-Alinhados (fundado em 1961).

Os princípios, formulados na esteira das negociações de Genebra para encerrar a primeira Guerra do Vietnã (contra a França) em 1954, foram ratificados pelos chamados países neutralistas (Índia, Birmânia, Indonésia, entre outros) na Conferência Afro-asiática de Bandung, realizada na Indonésia em 1955. Tratava-se de uma agenda para o posicionamento internacional dos países do Terceiro Mundo (nações em desenvolvimento da África, Ásia, América Latina e Oceania), em favor da descolonização, do desenvolvimento econômico e do repúdio aos blocos militares da Guerra Fria. O indiano Nehru, o birmanês U Nu, o indonésio Sukharno, o egípcio Nasser, o iugoslavo Tito, o ganês N'Krumah e o chinês Chu En-lai foram os principais ativistas do Movimento dos Não-Alinhados e difusores destes princípios.

Com o avanço do processo de descolonização, uma centena de países do Terceiro Mundo ingressou na ONU nas duas décadas seguintes, o que alterou a correlação de forças dentro da Assembléia Geral da organização. Aliás, os princípios eram, em boa medida, inspirados na Carta das Nações Unidas. Os cinco princípios contribuíram, igualmente, para deslegitimar a política das superpotências e dos blocos militares e de poder, influindo na adoção da agenda da Nova Ordem Econômica Internacional, formulada pelos Não-Alinhados e adotada pela ONU nos anos 1970.

Os Cinco Princípios da Coexistência Pacífica, além de constituírem uma estratégia inteligente para a política externa dos grandes países em desenvolvimento da periferia do sistema mundial, representam a afirmação planetária da concepção westfaliana das relações internacionais. De fato, se observarmos com cuidado, cada um dos itens retoma, de forma atualizada, os princípios da Paz de Westfália de 1648, que consagraram o Estado como principal ator da política internacional. Assim hoje, quando os regimes internacionais supranacionais e a nova hegemonia norte-americana buscam reafirmar uma política de poder, ainda que dentro de outros parâmetros, os Cinco Princípios mostram sua atualidade como instrumento de ação dos países em desenvolvimento.

Mais do que isto, eles representam uma estratégia para a afirmação de um sistema mundial multipolar. Daí o destaque que a diplomacia chinesa deu às comemorações do cinqüentenário dos mesmos, afirmando que a globalização deve coexistir com o legado da história, que produziu uma diversidade de países e pluralidade de culturas. Sem dúvida, uma visão que contrasta com o Choque de Civilizações, visão que legitima as políticas de força nas relações internacionais. Finalmente, os Cinco Princípios são reapresentados como um código de conduta que favorece a todos e prega, como diz seu nome, a Coexistência Pacífica.
 

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