sábado, 28 de junho de 2014

Moçambique∕MINAS ANTI-PESSOAIS: Declaração de Maputo reitera desminagem até 2025



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Representantes de alto nível à III Conferência de Revisão da Convenção sobre a Proibição de Minas Anti-pessoais, terminada ontem em Maputo, comprometeram-se a intensificar esforços para limpar áreas minadas, para além de assistir as vítimas destes engenhos explosivos.

O compromisso vem expresso no documento assinado ontem na capital moçambicana, também denominado “Declaração de Maputo +15”, por todos os Estados subscritores da convenção que participaram na reunião, e que também reiteraram
o desafio de atingir a meta de um mundo livre de minas até 2025.

Em relação à desminagem, Moçambique afirmou que vai terminar a “limpeza” dos engenhos explosivos até o final do presente ano. O vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros Daniel Banze, que apresentou à imprensa a Declaração produzida, explicou que aquando da adopção da convenção a limpeza de todas as áreas minadas no país era de uma perspectiva distante, e, talvez, para alguns, inatingível. “Agora, com a tarefa quase completa, Moçambique tem dado esperança aos outros que o cumprimento das obrigações, com prazos da Convenção, é possível”, disse.

Consta do documento ontem aprovado que o Burundi declarou ter concluído a “limpeza de minas” no seu território, tornando-se, assim, no 28.º Estado parte a estar livre de minas.
Dos 161 Estados parte da Convenção sobre a Proibição de Minas Anti-pessoais (também conhecida por Convenção de Ottawa), 31 ainda estão no processo de limpar áreas minadas.

Enquanto isso, quatro Estados africanos solicitaram e obtiveram extensões dos respectivos prazos de desminagem. São eles a República Democrática do Congo, que se comprometeu a estar livre de minas até 2021; a Eritreia, que viu alargar o período de desminagem até 2020; o Zimbabwe, que deverá concluir este processo até 2018, e o Iémen, a quem foi concedida uma prorrogação até 2020. A Polónia, o mais novo Estado parte, tem o prazo de terminar a desminagem até 1 de Junho de 2017 e a Finlândia, que se tornou membro da Convenção em 2012, tem de realizar essa missão até 1 de Janeiro de 2016.

A Bielorrússia, Grécia e Ucrânia viram esgotados os seus prazos para a destruição de todas as minas, sem conseguirem concluir com o projecto. “A Grécia vai completar a destruição de cerca de 700 mil minas armazenadas em 2015, a Bielorrússia vai erradicar mais de 1 milhão de minas armazenadas, enquanto a Ucrânia enfrenta o desafio de destruir milhões de áreas onde se encontram “plantadas” minas “soviética PFM-1”, que são extremamente perigosas e colocam sérias dificuldades técnicas para a sua remoção.

Entretanto, mais de 47,5 milhões de minas anti-pessoais armazenadas foram destruídas desde que a Convenção entrou em vigor em 1999.

Quanto à entrada de novos membros, o Omã anunciou que em breve vai depositar o seu instrumento de adesão à Convenção, tornando-se o Estado parte 162.
  
Participaram da Conferência de Maputo 79 estados-partes e 12 estados não partes, que assistiram à reunião na qualidade de observadores, incluindo os Estados Unidos da América, China e Índia, totalizando mil delegados. 

Foi anunciado no final do encontro que o embaixador Bertrand de Crombrugghe, da Bélgica, será o próximo presidente da Convenção, a partir de 1 de Janeiro de 2015, enquanto o Chile será o anfitrião e presidirá a Décima Quinta Reunião dos Estados Partes, no final de 2016. Neste momento, a presidência está com Moçambique.

EUA abandonam produção
OS Estados Unidos da América anunciaram, no final da conferência de Maputo, que não vão produzir nem adquirir minas anti-pessoais que não sejam compatíveis com a Convenção de Ottawa.
                       
Steve Costner, representante da delegação americana, explicou que o seu país não vai destruir as minas existentes, assegurando que elas vão expirar à medida que o tempo passar.

Costner referiu ainda que os EUA vão trabalhar no sentido de buscar outra solução que substitua a utilização de minas anti-pessoais. “A mesma solução terá de estar em conformidade com a Convenção para que nos tornemos membros dela”, afirmou.

Os Estados Unidos da América é um dos países que ainda não assinou a Convenção de Ottawa, que entrou em vigor em 1999.

Joana Macie

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