22 junho 2014, Carta Maior http://www.patrialatina.com.br (Brasil)
Flávio Aguiar
Foto: Ricardo Stuckert/CBF
Os arautos do caos e do desconcerto na velha mídia nacional e
internacional perderam o pé e estão naufragando. Mas nem por isso vão perder a
esperança.
Com base na cobertura da velha mídia nacional e internacional
podemos afirmar sem medo de que eram e são falácias:
1.
Acreditar que o Brasil não tem condição para organizar eventos
deste porte, porque é um país onde grassam apenas a corrupção, a
violência e a incompetência. Quem acreditou nisto perdeu a aposta. E tem mais:
o Brasil já ganhou prêmio da ONU pelo combate à corrupção e lidera a comissão a
respeito na OCDE.
2.
O Brasil é e será um país de eternos
pobretões, miseráveis e
favelados para sempre. O Brasil está se superando e deixando outras nações a
ver poeira em matéria de combate à pobreza. No recente Congresso da
Confederação Sindical Internacional, que elegeu o brasileiro João Felício
(ex-presidente da CUT e da Apeoesp) como seu presidente, o pronciamento da
representante da ONU a respeito foi enfática: em matéria de diminuição da
pobreza o Brasil é um exemplo a ser estudado e seguido. Mas não esqueçamos:
isto não deve ser motivo de desprezo em relação a outros países. Ao contrário,
deve ser motivo de maior solidariedade internacional.
3.
A população brasileira tornou-se contrária à realização da Copa no
país. Esta é a oração mais repetida da ladainha contra o nosso país. Não é
verdade. Sucessivas reportagens de outros países atestam o entusiasmo de nossa
população com a Copa, além de depoimentos oriundos do Brasil também. 80% da
população é a favor, indicam as últimas pesquisas.
4.
O Brasil não deveria aplicar em estádios o dinheiro que deveria
aplicar em educação e saúde. Não só isto não é verdade (os investimentos
motivados pela Copa, inclusive nos estádios, são pequenos em relação ao que o
país investe em educação e saúde), como revela má fé ou ignorância por parte de
quem os manipula ou repete. Quem faz isto ou oculta ou ignora a complexidade
econômica, social e cultural de um país como o Brasil. Os investimentos em
infra-estrutura de mobilidade urbana, viária, ou ainda aérea geraram mais de
700 mil empregos no país. Eles deveriam ter sido feito antes – isto sim pode
ser uma crítica construtiva. Mas agora saíram do papel. Graças, em parte, à
Copa.
5.
As vaias e os insultos do setor VIP no Itaquerão e as manifestações
“Não vai ter Copa” são representativas do sentimento e mal estar geral da
população. Não são. As vaias e xingamentos provocaram mais repúdio do que
aplauso, inclusive por parte de gente do setor conservador e/ou que por
qualquer razão não votou nem votaria na presidenta em outubro. As manifestações
minguaram em frequência e em número de manifestantes e só ganham espaço na mídia
devido à busca de sensacionalismo.
Vamos agora às verdades:
1.
Esta pode não ser a Copa das Copas em matéria de futebol (confesso
que para quem viu, a de 58 não sai das retinas), mas decididamente é a melhor
Copa nestes termos nos últimos tempos. Hospedar futebol de tamanha qualidade,
ofensivo, bonito e eletrizante por vezes, além de ser uma honra para um país,
certamente será um incentivo para nossos jogadores – presentes e futuros –
ostentarem algo parecido. Além disso é lindo ver times como os do Uruguai, da
Costa Rica e de Gana fazerem das tripas coração e jogarem bonito contra
equipes milionárias e tidas como imbatíveis.
2.
Nosso povo está dando um show de bola em matéria de alegria,
hospitalidade e esportividade. Incidentes isolados e menores não conseguem
tapar esta realidade com as peneiras do descrédito e do desprezo, que insistem
que as cidades brasileiros são verdadeiros faroestes de violência,
desorganização, furtos, roubos e assassinatos. A Copa renderá dividendos no
futuro: a grande maioria dos visitantes vai desejar voltar e conhecer o que
ainda não teve oportunidade de conhecer, do Oiapoque ao Chuí e do Acre à
Paraíba.
3.
O nosso povo pensa com a cabeça e o coração e ama o nosso país.
Estão correndo mundo cenas como a da camareira supreendida no quarto de hotel a
cantar e a dançar o hino nacional que vioa e ouvia pela televisão. Também
correm mundo as cenas dos estádios inteiros a cantar nosso hino com
vontade e... afinação também! Nem por isto viramos nacionalistas xenófobos e
que não vêem o próprio país com discernimento e também críticas. Atesta isto a
rotação do nome “Não vai ter Copa”, uma ilusão deste sempre, para o de “Vai ter
luta na Copa”, ou “Copa com luta”, que pode ser algo positivo e produtivo.
4.
A realização da Copa está contribuindo para construir uma imagem
muito positiva do Brasil e disseminando-a pelo mundo afora. Aos poucos
populações de todo o mundo vão pulando por cima dos noticiários preconceituosos
e exclusivamente negativos e percebendo por trás deles ou mesmo nas entrelinhas
o entusiasmo com que o nosso povo recebe a Copa e seus benefícios. Comentários
de leitores indignados com notícias ou artigos que torcem tudo para mostrar
apenas o que é ruim – ou o que deveria ser ruim – se multiplicam.
5.
Os arautos do caos e do desconcerto na velha mídia nacional e
internacional perderam o pé e estão naufragando. Mas nem por isso vão perder a
esperança, na expectativa de que ainda haja alguma catástrofe dentro dos campos
(por exemplo, uma possível eliminação precoce do Brasil) ou fora dele: aqui
serve qualquer coisa, de inundação a desastre. Afinal, velha mídia é velha
mídia, e tem uma reputação a manter.
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