segunda-feira, 2 de junho de 2014

Moçambique/País representa 6,5% do IDE da CPLP

, Jornal Noticias http://www.jornalnoticias.co.mz (Moçambique)

Moçambique apenas representa cerca de 6,56% do Investimento Directo Estrangeiro na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), cujo valor global é estimado em 79,5 mil milhões de dólares.

Estes dados estão contidos no estudo “Moçambique - Integração Regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP”, documento que resulta de um trabalho de pesquisa e análise
que decorreu entre 1 de Julho e 31 de Dezembro de 2013, ao abrigo de um contrato entre a AIP – Associação Industrial Portuguesa a PricewaterhouseCoopers & Associados – Sociedade de Revisores Oficiais de Contas, Lda.

No contexto da CPLP, e relativamente à facilidade de se fazer negócios, Moçambique encontra-se bem posicionado face aos restantes países africanos. Contudo, segundo o estudo, este indicador poderia ser potenciado se fossem minimizados alguns constrangimentos, quanto, por exemplo, à obtenção de electricidade, às formalidades para registar a propriedade ou obter alvarás.

No contexto da CPLP Moçambique é um dos países com maior potencial de crescimento atendendo à forte riqueza em matérias-primas, às descobertas de gás e a integração que tem vindo a realizar na SADC.

O estudo conclui ainda que Moçambique tem adoptado uma estratégia de abertura de economia ainda que dependente da exploração do potencial de gás e da requalificação das redes de infra-estruturas que permita a exploração adequada da matéria-prima, como o carvão.

“A intensificação das trocas comerciais exige complementaridade industrial das economias, implicando níveis de especialização diferenciada entre parceiros”, lê-se na pesquisa de cujas conclusões se encontram sistematizadas em mais de 207 páginas.
O nível de complementaridade comercial das economias da CPLP e Macau é muito baixo, exceptuando no relacionamento entre Portugal e Angola.

“De facto apenas 2,9% das exportações dos países da CPLP destinam-se a outros países da CPLP, peso relativo que tem vindo a reduzir-se desde 2008. Apesar das exportações intra  região evidenciarem um decréscimo médio anual 0,4% de 2008 a 2012, verifica-se uma retoma favorável das exportações intra região de 20,8% (crescimento médio anual) a partir de 2010”, lê-se no estudo.

Verifica-se um elevado potencial de complementaridade recíproco no relacionamento comercial entre alguns países da CPLP.

O índice de complementaridade entre Portugal e Angola (83 pts e 80 pts) revela uma relação potencial biunívoca.

Lê-se também no estudo que a estrutura de importações de Portugal poderá também potenciar as suas relações com o Brasil (48 pts), Guiné-Bissau (38 pts), Moçambique (66 pts), São Tomé e Príncipe (51 pts) e Timor Leste (37 pts). Por seu lado a estrutura de importações do Brasil poderá apresentar algum grau de complementaridade com as estruturas exportadoras de Angola (40 pts) e Portugal (47 pts). Por outro lado, o índice de complementaridade entre Portugal e Cabo Verde evidencia uma relação potencial unívoca, apresentando um grau de complementaridade de 72 pts.

É notório que a alavancagem comercial intra-CPLP poderá ser potenciada fundamentalmente por 2 motores, por Angola - país com maior relevância nas exportações intra região e por Portugal – país CPLP que mais destaca nas importações intra região.

Nesta medida Portugal poderá potenciar-se como hub comercial da CPLP, assumindo um papel fundamental de porta de entrada para os países da CPLP e destes para a UE.

Primazia à integração regional
Moçambique é um dos países da CPLP no qual a estratégia de desenvolvimento formalizada pelo governo dá maior preponderância à sua integração numa comunidade económica regional.

Moçambique reconhece que tem um papel relevante na região e que a sua integração, juntamente com o desenvolvimento da sua indústria extractiva, formarão as bases de um crescimento sustentado.

Os investidores da CPLP deverão alavancar as suas oportunidades na vontade expressa do governo de Moçambique, desempenhando um papel activo na prossecução da estratégia definida.

A Promoção do Emprego e Capacitação e Valorização dos Recursos Humanos Nacionais
O crescimento económico que se tem verificado em Moçambique tem permitido a diminuição da pobreza. A paz e estabilidade políticas e sociais sentidas presentemente no país são, simultaneamente, uma consequência desse processo e um factor de reforço destas circunstâncias.
A Estratégia de emprego e formação profissional em Moçambique 2006-2015 pretende dar uma contribuição para a redução do desemprego e diminuição do nível de pobreza da população moçambicana.

Em relação ao mercado de trabalho continua a persistir um desequilíbrio entre oferta e procura conduzindo a uma elevada taxa de desemprego (próxima dos 19%, segundo o INE de Moçambique). Este desequilíbrio resulta da incapacidade da Economia em gerar postos de trabalho necessários a acomodar (i) o crescimento populacional; (ii) o elevado abandono escolar; e (iii) a reduzida oferta educativa.

Acresce que as diversas avaliações do impacto das estratégias de redução da pobreza anteriores revelam que a pobreza não sofreu alterações significativas no período 2005 a 2009. Residindo um dos principais motivos, tal como reconhecido nas avaliações, no fato dessas estratégias não terem dado prioridade ao sector da agricultura. O modelo económico do país, baseado principalmente no investimento directo estrangeiro em indústrias de capital intensivo, não produziu nenhum efeito sobre a taxa de desemprego desde a última medição em 2004, permanecendo a taxa em 18,7%.

Este é um vector de desenvolvimento fundamental por assegurar uma melhor distribuição do rendimento gerado, para incrementar a atractividade de investimento estrangeiro e por permitir minorar o risco de instabilidade social (e acima de tudo, ser a melhor forma de assegurar a melhoria da qualidade de vida da população).


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