10 maio 2014, ODiário.info http://www.odiario.info (Portugal)
Com a reconstituição do poder férreo do grande capital – e através
desse instrumento agressivo de dominação de classe e nacional que é a União
Europeia – os povos europeus sofrem a destruição das suas conquistas. E também
o regresso, pela mão da UE e EUA, do fascismo.
Comemora-se o aniversário da derrota do nazi-fascismo na II Guerra
Mundial. A guerra de 1939-45 foi a maior carnificina na história da Humanidade.
Mais de 50 milhões de mortos. Uma guerra combatida da Europa ao Extremo
Oriente, mas que viu os combates decisivos e mais intensos no território da
União Soviética. Foi o povo soviético e o seu glorioso Exército Vermelho que –
à custa de mais de 20 milhões de mortos – deram o contributo determinante para
a derrota das hordas nazis. Os povos do mundo ser-lhes-ão eternamente gratos.
A II Guerra é inseparável da grande crise do capitalismo que eclodiu em 1929 e que levou o nazismo ao poder na Alemanha. Mas o nazi-fascismo não foi um acto de mera irracionalidade. Por toda a parte, a sua missão histórica foi a de esmagar o movimento operário e popular e impor a dominação de classe pela violência e o terror. E por isso contou com o apoio activo e solidário de boa parte das classes dominantes europeias.
O fim da II Guerra Mundial, com a derrota do sector mais violento e
terrorista do capitalismo europeu, trouxe importantes vitórias para os povos,
no plano político, económico e social. Mesmo nos países que, libertos do
fascismo, permaneceram sob o sistema capitalista, a nova correlação de forças
mundial levou à criação do que se convencionou chamar «Estado Social». Hoje
dizem-nos que é insustentável e que «não há dinheiro». Mas houve dinheiro na
Europa destruída por seis anos de guerra. Porque o problema não é «haver
dinheiro». O problema é quem o detém e como se gasta.
Com a reconstituição do poder férreo do grande capital – e através
desse instrumento agressivo de dominação de classe e nacional que é a União
Europeia – os povos europeus sofrem a destruição das suas conquistas. E também
o regresso, pela mão da UE e EUA, do fascismo. Por mais voltas que a propaganda
de regime dê, a verdade é que os fascistas ucranianos chegaram aos corredores
do poder pela via do golpe e da violência, e pela mão da UE/EUA. Não são
fascistas reciclados. São fascistas que se orgulham do seu passado de combate
nas fileiras das SS nazis. E dos massacres de muitos milhares de pessoas (quer
na tropa nazi, quer por conta própria) não só contra o povo e os comunistas
soviéticos, mas contra judeus, polacos e outros. Não se trata de águas
passadas. O massacre de dia 2 de Maio em Odessa foi um acto propositado: as
tropas de choque fascistas atearam fogo à Casa dos Sindicatos onde se refugiaram
dezenas de pessoas que participavam num acampamento de protesto anti-golpe no
largo fronteiriço; quando os bombeiros chegaram foram atacados e quem procurava
fugir do edifício era agredido e morto. Houve dezenas de mortos, muitos
queimados vivos. Tal como nos anos 30, a violência fascista mata, com a
cumplicidade do poder e das potências a quem serve. Tal como nos anos 30, esta
violência fascista tem um objectivo de classe: impôr ao já martirizado povo
ucraniano as políticas troikeiras da UE e FMI, pilhar (ainda mais) as riquezas
da Ucrânia, transformá-la em terra de trabalho (ainda mais) escravo e em base
de arranque para novas guerras imperialistas.
A Comissão Europeia é presidida por Durão Barroso, o anfitrião da
famigerada Cimeira das Lajes, a Cimeira da mentira e da guerra do Iraque. A UE
é hoje o principal agente de empobrecimento dos povos europeus. E é também
promotor de guerra e fascismo. Na Europa e no mundo, o grande capital que manda
na UE quer novos lebensraum. A sua derrota é tarefa urgente. E dia 25 de Maio
há uma oportunidade para contribuir para essa derrota, levando a resistência ao
voto na CDU.
*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2110, 8.05.2014
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