20 maio 2014, Правда.Ру, Pravda.ru http://www.pravda.ru (Россия, Rússia)
DISCURSO DO SECRETÁRIO GERAL DO KKE, DIMITRIS KOUTSOUMPAS, NUMA MESA
Estimados amigos e camaradas,
Há 69 anos, neste mesmo dia, a Bandeira Vermelha foi
hasteada no Reichstag apontando a vitória de uma batalha gigantesca dos povos,
com a União Soviética e os comunistas da Europa na vanguarda, contra a mais
terrível e desumana ideologia, a ideologia e prática fascista, nascida do
próprio capitalismo que levou à maximização da exploração do homem pelo homem,
à destruição absoluta da existência humana.
Milhões de pessoas se sacrificaram nesta batalha, nos
campos de batalha e nos desumanos campos de concentração. Hoje, rendemos
homenagem aos que perderam a vida nas trincheiras, nos campos de batalha, aos
que desafiaram os pelotões de fuzilamento.
Leningrado e
Stalingrado na Rússia, Kokkiniá e Kesarianí na Grécia estão impressos na
memória dos
povos, da mesma forma que milhares de lugares, onde se determinou o
resultado desta dura batalha. Lugares que, por um lado, foram marcados pela
barbárie do capitalismo e, por outro, pela grandeza da luta popular contra esta
criatura capitalista, o fascismo.
Quase 70 anos depois, alguns estão fazendo todo o
possível para extinguir a chama da verdade histórica que foi escrita com o
sangue dos povos. Estão fazendo todo o possível para distorcer a história, para
justificar, de maneira direta ou indireta, a brutalidade fascista. Nesta
propaganda negra das mentiras, os centros imperialistas e, em primeiro lugar, a
UE, jogam um papel protagonista. A UE, inclusive, transformou o 9 de maio, que
é o Dia da Vitória Antifascista dos Povos, em "Dia da Europa",
tentando apagar da memória dos povos da Europa o caráter antifascista deste
aniversário. Nesta missão ideológica e política caluniosa e suja, não hesita em
equiparar o fascismo com o comunismo. Ao mesmo tempo, a UE, assim como os EUA,
não titubeiam em confiar e apoiar as forças reacionárias mais obscuras que
ascenderam ao governo da Ucrânia através de um golpe, como ocorreu
anteriormente nos países bálticos, a fim de promover seus interesses geopolíticos
na região da Eurásia. Nos últimos 25 anos, após da derrocada do socialismo e da
dissolução da URSS, se leva a cabo uma sistemática "lavagem cerebral"
ideológica anticomunista através da qual as "legiões SS" e os demais
grupos armados pró-fascistas se apresentam como "libertadores" do
país do bolchevismo.
No entanto, por mais rancor que exista, por mais tinta
que seja gasta, a realidade objetiva não pode ser alterada. 69 anos após o fim
da II Guerra Mundial, milhões de pessoas em todo o mundo reconhecem a
contribuição do movimento comunista, com sacrifícios sem precedentes, para a
derrota do fascismo. A força básica desta luta titânica, a alma e o líder foram
os partidos comunistas, encabeçados pelo partido dos bolcheviques. Milhões de
comunistas sacrificaram, inclusive suas vidas, por um mundo melhor.
O sistema capitalista, os antagonismos que,
inevitavelmente, se manifestam entre os imperialistas e os monopólios, devem
ser impressos e estigmatizados na consciência dos povos como os responsáveis pelas
duas guerras mundiais, para os milhões de mortos, incapacitados, para as
pessoas expulsas de seus lares. Não hesitaram em cometer qualquer crime com a
finalidade de servir aos lucros, ao predomínio e ao poder capitalista. Esta
realidade é ainda mais vigente hoje, dado que os antagonismos e os conflitos
entre si estão se intensificando.
A verdade histórica não pode ser distorcida na
consciência do povo, tendo sido escrita pela própria luta dos povos, com o
sangue dos povos, dos movimentos pela Libertação Nacional e dos movimentos
antifascistas nos países capitalistas, como os heroicos EAM (Frente pela
Libertação Nacional), ELAS (Exército Nacional pela Libertação Nacional), EPON
(Organização Nacional Unificada da Juventude) existentes em nosso país, que uniram
e agitaram o povo a levantar-se.
Foi o resultado das grandes e titânicas batalhas do
Exército Vermelho em Stalingrado, Kursk, em Leningrado, em Sebastopol, em todos
os campos de batalha na União Soviética e em vários países da Europa
capitalista. A grande vitória dos povos contra o eixo fascista-imperialista da
Alemanha, Itália e Japão e de seus aliados foi obtida graças ao papel decisivo
da União Soviética com sacrifícios incalculáveis e mais de 20 milhões de
mortos.
Amigas e amigos, camaradas!
Atualmente, na Ucrânia, nos países bálticos, assim
como em outros países da Europa, o fascismo tenta levantar a cabeça, da mesma
maneira que em nosso país, onde surgiu uma organização nazista criminosa, o
Amanhecer Dourado.
O terrível crime de sexta-feira passada em Odessa,
onde os neonazistas do "Setor Direita" queimaram vivos alguns
manifestantes de idioma russo e a operação sangrenta do governo de golpista de
Kiev nas regiões orientais, têm grande impacto tanto sobre nosso povo como em
toda pessoa consciente no planeta. O povo ucraniano está derramando seu sangue
devido à intervenção aberta dos imperialistas dos EUA, da UE e da OTAN, que
apoiam o governo dos nacionalistas e fascistas de Kiev e entram em conflito com
a Rússia sobre o controle dos recursos energéticos, dos tubos e das cotas de
mercado. Mais uma vez, é claramente demonstrado que as alianças imperialistas
não apenas não garantem a paz e a segurança para nenhum povo, como o contrário,
o conduz à guerra e à indigência.
Como no passado, o monstro fascista hoje é um produto
do sistema capitalista; nasce das entranhas do sistema, não é algo que está
fora do sistema como querem apresentá-lo. O fascismo é a expressão do capital
que se utiliza como "ponta de lança" do poder capitalista contra o movimento
trabalhador.
Utiliza as condições de democracia parlamentar
burguesa para reforçar-se, contando com o apoio do capital ou de seções do
capital, assim como do aparato estatal. Pretende exercer o poder dos monopólios
de uma maneira mais dura, tal como fizeram no passado os partidos
nacional-socialistas de Hitler e Mussolini, para subjugar o movimento
trabalhador e popular. Esta foi e continua sendo sua característica básica;
esta é a fonte da ira anticomunista aberta que caracteriza todas as forças
fascistas desde sempre.
Certamente, os partidos nacional-socialistas, ainda
que expressem os interesses do capital da mesma forma que os demais partidos
burgueses, também aprisionam em suas fileiras as camadas populares, tratando de
formar uma ampla base popular. Isto é conseguido a partir da utilização da
"ferramenta" de intimidação aberta, da política racista, do
chauvinismo e do irredentismo, da distorção da história, etc., lançando mão do
empobrecimento abrupto das camadas populares, que é o resultado da crise econômica
e da debilidade dos demais partidos burgueses em gerenciar o sistema, em
arrastar para o âmbito de sua influência os setores populares politicamente
atrasados.
O fortalecimento dos partidos fascistas na Ucrânia, do
partido "Svoboda" e do "Setor Direita", assim como o
Amanhecer Dourado na Grécia, têm alguns elementos similares, como por exemplo,
o fato de terem se manifestado após o fracasso rotundo das promessas dos
partidos socialdemocratas que estavam no poder. Por exemplo, todos recordam as
promessas do PASOK na Grécia, pouco antes do estouro da crise. Porém, a
socialdemocracia e os partidos liberais burgueses, todos eles típicos governos
burgueses, prometem medidas favoráveis ao povo enquanto, na prática, seguem uma
política antipopular dura, servindo aos monopólios. Então, dada a desilusão das
camadas populares arruinadas, dos autônomos, dos camponeses, dos desempregados,
de setores da classe trabalhadora sem experiência, sobretudo jovens, é possível
que se dirijam para uma direção mais reacionária. Uma situação similar se deu
na Ucrânia, com as promessas feitas pelo governo de Yanukovich.
Esta situação requer que grande atenção acerca do que
fala um "governo patriótico de esquerda" de nosso país, do que
promete SYRIZA, de que, no marco da UE e da OTAN, na via de desenvolvimento
capitalista, supostamente, serão aliviados os trabalhadores, serão solucionados
os problemas populares. Não existe maior engano e, infelizmente, se demonstrou
historicamente que tal "governo de esquerda", segundo o modelo
conhecido como socialdemocracia, pode constituir uma ponte para uma política
ainda mais direitista, dura e antipopular.
Isto foi confirmado, também, pela experiência recente
e passada, dado que as consignas e as promessas de mudanças favoráveis ao povo
foram desmentidas na prática por uma ou outra forma de gestão dos interesses do
capital, pela barbárie capitalista, pela estratégia da UE, levando a um
retrocesso de coincidências.
Hoje em dia, quando as forças fascistas surgem, por
exemplo, no governo da Ucrânia, se demonstrou com provas convincentes que o
fascismo, como há 80 anos, pode ser a opção das classes burguesas, não apenas
como força de ataque e de intimidação contra o movimento popular, mas, além
disso, como força de gestão do poder burguês.
Sabemos por nossa própria história que as forças
políticas burguesas, tanto de direita como as socialdemocratas, em alguns
momentos, apoiaram os fascistas, que foram bastante úteis ao sistema
capitalista naquelas circunstâncias cruciais. Devido ao perigo de ascensão do
movimento popular, ao perigo de que o capitalismo perdesse o poder, com
critérios classistas, decidiram abandonar temporariamente a forma da democracia
parlamentar burguesa e não tiveram dúvidas em apoiar a forma fascista de
exercer o poder do capital.
Na prática, vemos, por exemplo, o presidente dos EUA,
cuja eleição foi aclamada há alguns anos pelo periódico do SYRIZA e sua
administração foi elogiada por este partido e seu líder, que apoia claramente
os fascistas de Kiev com o objetivo de servir aos interesses dos monopólios
estadunidenses e europeus na Ucrânia, no cenário da dura competição com a
Rússia, sobre o controle das cotas de mercado, das rotas de transporte, dos
recursos naturais da região.
A UE e o governo grego, que preside a UE, desempenham
um papel ativo nestes planos. A UE, por um lado, caracteriza como
"totalitarismo" qualquer mudança governamental que não se baseie nas
opções burguesas, condena a violência, enquanto, por outro lado, não hesita em
utilizar a violência na hora de derrotar governos que já não servem a seus
interesses, tal como ocorreu na Ucrânia. Não tiveram dúvida em utilizar a
atividade extrema dos nacionalistas-fascistas, anticomunistas, nostálgicos de
Hitler e, é claro, a destruição de monumentos de Lenin, de monumentos
soviéticos e antifascistas.
Em nosso país também existem muitas pessoas que, nos
últimos anos, "trabalharam" para fortalecer o Amanhecer Dourado
fascista. Não apenas via seu financiamento generoso, como através da preparação
do "terreno" ideológico para seu desenvolvimento. Trata-se de todos
aqueles que fomentaram o ódio contra o KKE e o PAME, contra a organização
política e sindical coletiva e a resistência à política antipopular,
enaltecendo a indignação "às cegas", a espontaneidade, absolvendo o
sistema capitalista a respeito das graves consequências da crise capitalista.
Referimo-nos àqueles que, como se provou, criaram "canais de comunicação"
políticos com esta formação fascista, prometendo inclusive postos no governo,
enquanto fomentavam a inaceitável "teoria dos dois extremos".
Depois de tantos crimes, assassinatos de imigrantes,
ataques assassinos contra sindicalistas do PAME, o assassinato de P.Fissas,
podemos ver que o sistema segue uma política de "podar" o Amanhecer
Dourado, mas não o confronta substancialmente. Isto não tem a ver apenas com o
governo, mas, contudo, com outros partidos, como mostra a decisão do Conselho
Municipal de Atenas sobre os processos eleitorais. Isto representa algo: que o
sistema político burguês não possui o interesse de "erradicar", mas
de embelezar esta organização e não descarta a possibilidade de utilizá-la no
futuro contra o movimento operário e popular.
O KKE considera que sua tarefa imediata e imperativa é
isolar o Amanhecer Dourado, inimigo jurado do povo e de suas lutas e pretende
golpear o KKE e o movimento operário e popular. Não se pode confrontar o
Amanhecer Dourado a partir do ponto de vista de defender supostamente a democracia
burguesa, o sistema capitalista que a gera, mas pela Aliança Popular numa
direção antimonopolista e anticapitalista, por um movimento popular que
questionará e se oporá à estratégia dos monopólios.
Amigos e camaradas:
Tiramos lições e nos preparamos com um KKE que seja
capaz de lutar sob todas as condições, sob todas as circunstâncias.
Os acontecimentos em ampla região (Oriente Médio,
norte da África, Bálcãs, Eurásia) são rápidos e é possível que nos próximos
anos conduzam a novas guerras locais, regionais ou generalizadas. Em condições
de preparação de guerras e, em geral, de intervenções imperialistas, a
burguesia e seus governos tomam medidas contra o movimento trabalhador e, além
disso, utilizam os partidos nacionalistas-fascistas. É possível que tentem
impor medidas repressivas contra o movimento comunista e operário.
Por isso, o movimento operário, seus aliados e o
Partido devem estar preparados a tempo, ser fortes, concentrados em elaborar e
aplicar sua própria estratégia, que corresponderá à satisfação das necessidades
trabalhistas e populares, através da ruptura do país com a UE e da OTAN, com
todas as uniões imperialistas, com sua retirada dos planos imperialistas e da
via de desenvolvimento capitalista.
Desta forma, a parada seguinte são as eleições locais
e europeias.
Nestas eleições, deve-se condenar direta e claramente
a UE, que apoiou os acontecimentos reacionários na Ucrânia. O apoio não foi
acidental e nem por um descuido, mas com estimativas ruins ou devido a uma
"correlação de forças negativa" ou por ser "submissa" aos
EUA. O apoio foi dado porque é uma aliança a serviço dos monopólios europeus.
Por sua natureza, é profundamente reacionária, já que tem como "pedra
angular" a proteção dos lucros capitalistas. Pensa constantemente novos
modos para explorar os trabalhadores, os trabalhadores autônomos, os
aposentados, os jovens. Através do ataque contra os direitos trabalhistas e
populares, os cortes de salários e pensões, a comercialização da Saúde e da
Educação, através de formas de trabalho flexíveis, o desemprego, as
privatizações, a PAC, etc. Esta natureza interna reacionária se reflete na
política externa reacionária agressiva da UE. Por isto, por um lado, cria
mecanismos de supervisão dos países, ou seja, memorandos permanentes e, por
outro lado, forma o euro-exército e coopera estreitamente com a OTAN.
A conhecida "estabilidade" que invoca o
governo de ND-PASOK não é nada mais que a continuidade desta política
antipopular bárbara dentro e fora de suas fronteiras, num curso de estabilização
e recuperação dos lucros da plutocracia. O povo não deve se deixar enganar.
Qualquer que seja a recuperação dos lucros de uns poucos, isto não tem nenhuma
relação com a maioria esmagadora de nosso povo.
Por outro lado, o dilema das eleições promovido pelo
principal partido da oposição, "SYRIZA ou Merkel?", insinuando que
sem afetar a UE e o capital, ou seja, sem afetar o caminho de desenvolvimento
que nos trouxe até aqui, um governo do SYRIZA supostamente trará a
"salvação", tem uma clara intenção de prender os trabalhadores dentro
da UE, no marco reacionário de uma sociedade que se apoia no Minotauro dos
lucros.
Estas falsas ilusões de que pode existir um
capitalismo melhor, uma UE melhor, vem sendo experimentadas pelos trabalhadores
há anos e foram desmentidas plenamente. A UE não pode mudar para a melhor. Está
intrinsecamente ligada à decadência capitalista que não pode ser escondida pela
"maquiagem" que o SYRIZA planeja fazer. Não se trata de um assunto de
mudança de correlação em seu interior. A UE não pode se converter na Europa de
paz, de solidariedade e de cooperação dos povos.
O SYRIZA semeou tais ilusões outra vez há dois anos,
quando saudava a eleição de Hollande e a formação da chamada "frente do
Sul", do "vento do Sul". Hoje em dia, o que dizia há dois anos
sobre Hollande parece uma piada. Respectivamente, hoje a candidatura para o
posto de chefe da Comissão Europeia, ou seja, do núcleo mais duro desta
construção reacionária, supostamente mudará toda a construção. Estes
"contos de fadas" dos representantes do SYRIZA defendem que se
conseguirem o voto popular nas eleições iminentes, uma nova UE será construída,
um capitalismo melhor será construído, não têm nenhuma base, são extremamente
arbitrárias e perigosas para os interesses populares.
A UE é e se converterá num "inferno" ainda
maior e mais cruel para os povos, caso o SYRIZA ocupe tanto o primeiro como o
segundo lugar nas eleições. A única maneira é o fortalecimento da luta contra a
UE, pela desestruturação desta, com o cancelamento unilateral da dívida, a
socialização da riqueza, com o poder operário e popular.
Um passo nesta direção é a condenação decisiva da UE
nas próximas eleições junto com a condenação do capitalismo, que gera o
fascismo e a guerra imperialista. E isto só pode ser feito através do
fortalecimento decisivo do KKE nas eleições europeias, através do
fortalecimento do "Agrupamento Popular" nas eleições municipais e
regionais.
É por isso que, a partir desta mesa redonda, dirigimos
um chamamento de luta comum, de união de forças e de fortalecimento do KKE, que
é a única garantia para que o povo seja forte e para poder determinar seu
presente e futuro.
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