21 de Maio de 2014, Lusa (Portugal)
Díli (Lusa) -- O secretário-geral da Frente Revolucionária do
Timor-Leste Independente (Fretilin), Mari Alkatiri, disse hoje, nas
comemorações do 40º aniversário daquela formação política, que quer o partido
concentrado em tirar o povo timorense da "miséria e do obscurantismo".
"Naturalmente que há toda uma trajetória do passado que nos dá
dignidade mas fundamentalmente o mais importante agora é olhar para a frente e
ver o que fazer para tirar este povo da pobreza e do obscurantismo e isso só se
faz investindo na educação, saúde, desenvolvimento e economia", afirmou à
agência Lusa Mari Alkatiri.
Mas, segundo o antigo primeiro-ministro timorense, aquilo "só
se faz se houver uma vontade nacional comum, independentemente da democracia,
para colocar os interesses do povo acima de tudo".
A Fretilin celebrou hoje 40 anos de criação com uma festa em
Taci Tolu , Díli, que juntou milhares de militantes e
simpatizantes, o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, o presidente do
parlamento, Vicente Guterres, vários membros do governo e corpo diplomático.
"A Fretilin é o partido mais organizado, que tem estruturas
até às aldeias, mas eu ainda não estou satisfeito com a capacidade de resposta
por parte de algumas das nossas estruturas", disse Mari Alkatiri, sobre os
40 anos de existência daquela formação política, responsável pelo início da
luta pela restauração da independência, após a ocupação indonésia em 1975.
Sobre os 12 anos da restauração da independência do país, que
também se celebram hoje, o secretário-geral do partido disse que Timor-Leste já
avançou "alguma coisa".
"Mas o fundamental é voltarmos a investir na vida
institucional do Estado. Não há vida institucional, não há cultura de Estado,
não há sentido de Estado", disse.
Segundo Mari Alkatiri, é preciso a entrega total dos quadros
timorenses à causa do povo.
"Há valores que devem ser ressuscitados se já morreram. Se
estão por ai e estão a ser ignorados temos de os trazer de volta",
salientou.
Questionado sobre o apelo à mudança de mentalidade feito por Xanana
Gusmão durante um discurso na cerimónia, Mari Alkatiri disse que é fundamental
investir nessa mudança.
"Isso faz-se com um Estado com uma liderança com clareza e com
um Estado que traga toda a gente para participar no processo", salientou.
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