29 maio 2014, ADITAL Agência Frei Tito para a America
Latina http://www.adital.com.br (Brasil)
Natasha Pitts
As manifestações que tiveram início em Brasília (DF)
na última segunda-feira, 26 de maio, e foram reprimidas violentamente pela
polícia nesta terça-feira, 27, já recomeçaram. Cerca de 500 indígenas
juntamente com entidades sociais de apoio estão cercando, desde as 8h desta
quinta-feira, 29, o Ministério da Justiça a fim pressionar o ministro José
Eduardo Cardozo. A intenção das lideranças indígenas é conseguir marcar uma
audiência e apresentar suas demandas, que não são novas ou desconhecidas para o
poder público. Os movimentos sociais também darão continuidade na sexta-feira,
30, às manifestações.
"Hoje, existem 36 procedimentos de demarcação
parados só esperando para serem assinados, por isso, nesda Mobilização Nacional
Indígena estão sendo reivindicadas as demarcações, a suspensão de
qualquer
iniciativa de mudança do procedimento demarcatório e o fim das mesas de
diálogos, que só estão servindo para o ministro reduzir áreas tradicionalmente
comprovadas pela Funai [Fundação Nacional do Índio]”, explica Renato Santana,
do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em entrevista à Adital.
Em nota, Lindomar Terena, da Articulação dos Povos
Indígenas do Brasil (Apib) ressalta que a principal reivindicação é que o
ministro prossiga com os procedimentos de demarcação paralisados em todo o
Brasil, assinando as portarias que declaram a posse permanente dos grupos sobre
áreas já identificas pela Funai."Hoje, a gente está aqui no Ministério da
Justiça cobrando a imediata publicação das portarias declaratórias de terras
indígenas que estão engavetadas aqui e também para repudiar a Minuta de
Portaria que muda os procedimentos de demarcação de terras indígenas no
Brasil”, explica.
Sobre as mesas de diálogo entre indígenas e
agricultores, propostas pelo Ministério, Lindomar Terena as qualifica de
"mesas de enrolação”, pois na verdade estão servindo como um mecanismo
para ajustar os direitos constitucionais aos interesses do agronegócio, e não
têm ajudado a acelerar as demarcações.
A Mobilização Nacional Indígena uniu forças com o
Comitê Popular da Copa do Distrito Federal e o Movimento dos Trabalhadores sem
Teto (MTST) para a realização de uma grande manifestação, que aconteceu na
terça-feira, 27. Mais de 4 mil pessoas participaram de passeata, que parou o
Centro de Brasília. Por um lado, os indígenas reclamavam as demarcações e por
outro o Comitê denunciava as violações de direitos perpetradas no país em nome
da Copa do Mundo de Futebol, promovida pela Fifa. Os trabalhadores pediram
moradia digna para todos.
O objetivo central da manifestação era divulgar, na
frente do estádio Mané Garrincha, um dos maiores símbolos do Mundial de
Futebol, os resultados do "Julgamento Popular das Violações e Crimes da
Copa”, realizado na rodoviária de Brasília, no meio da tarde. A passeata foi
surpreendida pela Polícia, que agiu com violência, disparando tiros com balas
de borracha e bombas de efeito moral. Pelo menos oito pessoas ficaram feridas,
entre eles seis indígenas, e três pessoas foram presas, mas já foram liberadas.
Nesta quarta-feira, 28, foi realizada uma entrevista
coletiva para denunciar a violência sofrida durante a manifestação. Na
entrevista, os representantes do Comitê reforçaram que a manifestação era
pacífica e de que foi fechado um acordo prévio com a Polícia Militar para que a
passeata seguisse tranquilamente, da rodoviária de Brasília até o estádio Mané
Garrincha. Para o Comitê Popular da Copa, o entendimento foi descumprido pelas
forças de segurança quando eles chegaram aos arredores do estádio. Segundo os
indígenas que estavam no protesto, eles estavam dançando e cantando quando
foram surpreendidos pela cavalaria e pela tropa de choque da PM.
Para esta sexta, 30, está marcado um novo protesto em
Brasília contra as ações destinadas a viabilizar a Copa no País. A concentração
será às 17h, em frente ao Museu da República. De acordo com os organizadores,
eles irão finalizar o ato interrompido pela repressão. Segundo os integrantes
dos movimentos sociais, as manifestações continuarão apesar da repressão policial.
Com informações de racismoambiental.net
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