13 maio
2014, Правда.Ру,
Pravda.ru http://www.pravda.ru (Россия, Rússia)
Muitos
já dizem que a estratégia ocidental na Síria encorajou radicais e saiu-lhe pela
culatra, fazendo aumentar a ameaça contra a segurança da Europa, agora que os
jihadistas começam a fugir da Síria para seus países de origem. Altos
funcionários iranianos dizem que "Os norte-americanos só falavam de
substituir Assad, mas... por quem? A única coisa que conseguiram foi encorajar
grupos radicais, e tornar as fronteiras muito menos seguras."
O Irã e o presidente Bashar al-Assad, íntimo
aliado dos iranianos venceram a guerra na Síria, e a campanha orquestrada pelos EUA em apoio à
tentativa da oposição para derrubar o regime sírio fracassou completamente --
disseram ao Guardian vários altos funcionários iranianos.
Em séries de entrevistas em Teerã, altos funcionários, dos que modelam a política externa iraniana, dizem que a estratégica do ocidente na Síria pouco fez além de estimular radicais, gerar e alimentar o caos e, feitas as contas certas, saiu-lhes pela culatra, agora que as forças do governo sírio, comandandas pelo presidente Assad, já assumem total controle da situação em campo.
"Vencemos na Síria" -- disse Alaeddin Borujerdi, presidente da
comissão de política externa e segurança nacional do Parlamento do Irã, e
elemento muito influente dentro do governo. "O regime permanecerá. Os
norte-americanos perderam tudo."Em séries de entrevistas em Teerã, altos funcionários, dos que modelam a política externa iraniana, dizem que a estratégica do ocidente na Síria pouco fez além de estimular radicais, gerar e alimentar o caos e, feitas as contas certas, saiu-lhes pela culatra, agora que as forças do governo sírio, comandandas pelo presidente Assad, já assumem total controle da situação em campo.
O terrorismo perpetrado pelos grupos jihadistas ligados à al-Qaida e indivíduos armados financiados por países sunitas muçulmanos árabes são agora a principal ameaça que o povo sírio enfrenta, disse Borujerdi. Muitos combatentes estrangeiros, que viajaram para a Síria, da Grã-Bretanha e outros países europeus, logo voltarão para casa. "Nos preocupa agora a segurança futura da Europa" - Borujerdi continuou.
Amir Mohebbian, estrategista conservador e conselheiro do presidente disse que "foi fácil para nós vencermos o jogo na Síria. Os EUA absolutamente não entendem a Síria. Queriam substituir Assad mas... nem perceberam que não havia alternativa para eles. Só conseguiram encorajar grupos radicais e tornar as fronteiras ainda menos seguras. "Aceitamos que é preciso mudar, na Síria - mas gradualmente. Se não for assim, será o caos."
O Irã muçulmano xiita é o mais poderoso apoiador regional de Assad, e sabe-se que investiu bilhões de dólares para promover o governo de Assad desde os primeiros movimentos de oposição, em março de 2011. Ao lado da Rússia, principal fornecedora de armas para o regime sírio, o Irã salvou Assad contra todas as tentativas de golpe com 'mudança de regime' que o ocidente organizou contra ele.
Analistas ocidentais dizem que o Irã está engajado numa luta regional por poder, ou guerra à distância, que vai bem além da Síria, contra os estados árabes sunitas do Golfo, principalmente a Saudi Arabia. Portanto, Teerã teria agora óbvio interesse em proclamar a vitória do regime sírio alawita, que luta contra muitos rebeldes sunitas. Mas funcionários iranianos e especialistas regionais negam que essa seja a motivação principal.
Majid Takht-Ravanchi, vice-ministro de Relações Exteriores do Irã,[1] disse que a prioridade é aceitar que o golpe falhou e restaurar a estabilidade na Síria, antes das eleições presidenciais previstas para o próximo mês. "O extremismo e a desordem na Síria têm de ser enfrentados com seriedade pela comunidade internacional. Os países que estão fornecendo terroristas e forças extremistas têm de parar de alimentar o terror e os terroristas" - disse Takht-Ravanchi.
"O Irã tem boas relações com o governo sírio, o que não implica que nos ouçam sempre" - ele continuou. E negou que o Irã tenha fornecido armas e combatentes das unidades dos Guardas Revolucionários, para ajudar a derrotar os terroristas sunitas, como disseram agências ocidentais de inteligência.[2]"O Irã tem presença diplomática ali. Nada há de estranho ou de diferente, nisso. Não precisamos armar o governo sírio" - disse ele.
Apesar de sua influência com Damasco e o Hezbollah, [3] a milícia libanesa xiita que luta ao lado das forças do governo sírio, o Irã foi sempre excluído das conversações internacionais para forjar um acordo de paz, por causa de objeções dos EUA e da Grã-Bretanha, que alegam que Teerã não reconhece a importância de Assad deixar o governo.[4]
Mas depois da semana passada, quando os rebeldes mantidos e armados pelo ocidente e pelos países do Golfo afinal se retiraram derrotados, da estratégica cidade de Homs [5] - a capital da revolução síria -, alguns políticos e comentaristas ocidentais também já concluíram que Assad venceu.[6]
Os EUA e estados árabes do Golfo seus aliados forneceram dinheiro, equipamento e armas aos terroristas ativos na Síria. Ano passado, o presidente dos EUA Barack Obama aproximou-se muito perigosamente de lançar mísseis de ataque contra o governo de Assad, sob o falso pretexto de que o exército sírio teria usado armas químicas. Mas o ataque não se consumou, e a decisão de Obama, de retroceder, foi interpretada em Teerã e em Damasco, como sinal de que os EUA já não estariam muito ativamente empenhados em continuar a tentar vencer aquela guerra.
"Entendo que os norte-americanos cometeram erro enorme na Síria e acho que sabem disso, embora jamais o admitam" -- disse Mohammad Marandi, professor universitário em Teerã. "Se tivessem aceitado o Plano Annam, em 2012, que teria mantido Assad no governo, com um cessar-fogo respeitado por todos e eleições monitoradas pela comunidade internacional [7] teriamos evitado tudo isso."
"O Irã sempre acreditou profunda e sinceramente que não teríamos outra possibilidade, se não a de garantirmos total apoio ao governo de Assad. Qualquer outra via teria resultado no colapso da Síria, e o país teria sido perdido para os terroristas" -- disse o professor Marandi. Calcula-se que mais de 150 mil pessoas tenham perdido a vida no conflito sírio, e pelo menos 9 milhões perderam as casas e locais de moradia.
[4] http://www.npr.org/blogs/thetwo-way/2014/01/19/264029707/united-nations-invites-iran-to-syrian-peace-negotiations
[6] http://www.washingtonpost.com/world/middle_east/on-third-anniversary-of-syrian-rebellion-assad-is-steadily-winning-the-war/2014/03/14/f189649a-bd1a-4c9e-9060-755984ea92c8_story.html
11/5/2014, Simon Tisdall (em Teerã), Guardian, UK
http://www.theguardian.com/world/2014/may/11/syria-crisis-iran-assad-won-war-tehran
Timothy
Bancroft-Hinchey
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