9
maio 2014, Diálogos do Sul http://www.dialogosdosul.org.br (Brasil)
Marta
Molina*
No
Brasil, dia 19 de abril se celebra o “Dia do Índio”, uma data de celebração
imposta pelos brancos para supostamente recordar a importância das culturas
indígenas para o país.
Porém,
os indígenas Guarani de São Paulo dizem que novamente neste ano não tiveram
nada que comemorar. “Esse foi o dia em que nos acostumamos a ser enganados.
Cada dia 19 de abril os governos promovem festas para os índios e tentam que a
gente comemore algo quando não há nada que celebrar”, comentam os
integrantes de vária aldeias guarani situadas na região metropolitana da
megalópoles brasileira.
Em
São Paulo os indígenas guarani lutam e resistem cada dia para que lhes deixem
viver a sua maneira, em paz, com sua cultura e em sua terra. Porém, apesar de
estar próximos da grande cidade,
comenta, “muitos cidadãos da metrópole não
sabem o que está ocorrendo conosco em nossas terras”.
Por
isso, no início de abril lançaram a campanha ‘Resistência Guarani” para exigir
a demarcação de suas terras tradicionais e exigir do atual ministro da Justiça
do Brasil, José Eduardo Cardozo, que cumpra com sua obrigação constitucional e
garanta que suas terras lhes sejam devolvidas.
“Para
nós, o dia do índio será o dia em que o ministro Cardozo assine para a
demarcação de nossas terras tradicionais”, declaram.
Terra
é cultura
Em
São Paulo existem cerca de dois mil indígenas guarani distribuídos em várias
aldeias da cidade que vivem em um espaço de terra muito reduzido, insuficiente
para que possam desenvolver sua cultura. Tal como relata em entrevista Jera
Poty Mirim, líder guarani Mbyá, que vive n aldeia Tenondé Porã, “Tivemos um
crescimento populacional muito algo nos últimos trinta anos, de 20 famílias
aqui em Tenondé, hoje somos quase 200”, comenta.
Se
bem que na década de 1980 tivessem reconhecido três áreas de terra tradicional
do povo guarani na capital de São Paulo, a extensão dessas áreas foi sempre
insuficiente para o desenvolvimento de sua cultura e de seu dia-a-dia.
Posteriormente
o governo brasileiro demarcou as Terras Indígenas (TI) Guarani de Barragem, com
26,3 hectares, Drukutu, com 25,9 ha, e Jaraguá, com 0.7 ha, sendo esta última a
menor área indígena reconhecida no país.
“Temos
que continuar trabalhando pela questão d cultura, ainda que nossa terra seja
extremadamente reduzida e não possamos pescar nem caçar y vivemos mais de mil
pessoas em um espaço de 26 hectares”, comenta Jera Poty que insiste em
enfatizar que a terra é sua cultura, que é alí onde acontece seu dia-a-dia e
que sem ela não há vida.
Envio
massivo de esferográficas a Brasilia
No
início de abril, os indígenas das aldeias guarani Tenonde Porã e Jaraguá
começaram a se articular para pressionar o ministro de Justiça para que com sua
assinatura autorize o reconhecimento das áreas tradicionais guarani da Grande
São Pulo, e, dessa maneira, devolvam-lhes suas terras.
Para
isso começaram a recolher firmas através de um abaixo assinado em linha pela
web e enviaram uma esferográfica de presente ao ministro decorada com motivos
típicos guarani –ver vídeo da campanha-. Além disso, cada assinante deveria
enviar uma esferográfica ao gabinete do ministro em Brasília. Até hoje o
ministro já deve ter recebido mais de 2.500 canetas.
“Faz
tempo que o ministro Cardozo não utiliza sua caneta para ajudar a um povo
indígena, por isso lhe enviamos esse presente, para o caso de que não funcionem
as canetas do ministério ou fiquem sem tinta”, assevera seriamente Jera Poty.
Ocupação
do símbolo da colonização
No
dia 16 de abril, representantes de várias aldeias guarani de São Paulo ocuparam
pacificamente um edifício no centro da cidade conhecido como “Pátio do
Colégio”. Trata-se do primeiro edifício construído pelos jesuítas portugueses
em 1554 na capital paulista e que tinha por objetivo catequizar os indígenas do
lugar. O edifício foi construído principalmente com mão de obra escrava
indígena.
Durante
a ocupação pacífica do prédio público, enfatizaram que esse foi o lugar “em que
os brancos fundaram esta cidade e começaram a tomar as terras indígenas”.
Foi uma ocupação simbólica e reivindicativa que pretende dar visibilidade a
suas demandas, “não se trata nem de uma vingança nem de um engano como fizeram
conosco. Já nos roubaram este espaço há muito tempo e não vamos pedir que nos
devolvam, pois nossas terras já não são estas daqui do centro da cidade”,
declararam durante o ato público. Hoje os guarani de São Paulo vivem em aldeias
situadas nos limites da cidade, onde sobrevivem alguns bosques semelhantes aos
em que viviam.
Dia
17 de abril reuniram-se de novo diante do Pátio do Colégio para compartilhar
com a sociedade a situação atual de luta pela terra na cidade, a continuidade
da campanha “Resistencia Guarani” e planejar futuras articulações com outros
movimentos sociais. No ato estiveram presentes membros do Movimento Passe Livre
– que desde 2005 se organizam em todo o Brasil por um transporte público e
gratuito, integrantes do Comité Popular da Copa SP – que se articulam contra os
impactos e violações dos direitos humanos por conta da celebração do Mundial de
Futebol 2014, e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e a Comissão de
Justiça e Paz de São Paulo.
O
ministro da justiça também foi convidado mas não compareceu.
CLIQUE
AQUI e ASSINE A PETIÇÃO ON LINE DA CAMPANHA! E depois de assinar
COMPARTILHE! https://secure.avaaz.org/po/petition/Ministro_da_Justica_Jose_Eduardo_Cardozo_Declaracao_das_Terras_Indigenas_Tenonde_Pora_e_Jaragua_na_Grande_Sao_Paulo/?apMARab
Assista
ao Vídeo de la Campaña: “Assina Logo, Cardozo”
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Texto da petição
MINISTRO
DA JUSTIÇA - JOSÉ EDUARDO CARDOZO: DECLARAÇÃO DAS TERRAS INDÍGENAS TENONDÉ PORÃ
E JARAGUÁ, NA GRANDE SÃO PAULO
Por que isto é importante
Nós, indígenas guarani da Grande São Paulo, lançamos
essa petição para pedir assinaturas daqueles que querem nos apoiar na luta
pelos nossos direitos.
Nossa esperança é que o apoio de vocês ajude a fazer funcionar a caneta da única pessoa que possui agora o poder de trazer a garantia de nossas terras tradicionais, para termos onde criar nossas crianças, e praticar nossa cultura.
Estão na mesa do Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, os processos de demarcação das nossas Terras Indígenas Tenondé Porã e Jaraguá, uma no extremo sul da metrópole e a outra no Pico do Jaraguá.
Somos mais de dois mil indígenas, que continuamos resistindo para manter nosso modo de vida, falando nossa língua e realizando nossos rituais, mas hoje só temos garantido uns pequenos pedaços de terra, onde vivemos apertados e com muita dificuldade..
A terra foi feita pelas divindades para todos os povos. Não é nossa, e não é dos brancos. Mas a verdade é que os brancos hoje se dizem donos de todos os lugares onde vivíamos no passado, e para nós não sobrou quase nada, e por isso hoje sofremos.
Já faz muito tempo que aguardamos por essa assinatura, mas sabemos que também faz tempo que o Ministro Cardozo não usa a sua caneta para ajudar nenhum povo indígena.
Por isso que enviamos para ele de presente uma belíssima caneta decorada com o trançado tradicional guarani, que costumamos usar nos nossos artesanatos tradicionais.
Mandamos esses e outros presentes para lembra-lo de sua obrigação, e gravamos um vídeo que vocês podem ver no site da nossa campanha.
Mas como pensamos que talvez uma caneta não será suficiente para ele, mesmo que seja tão bonita, anunciamos que nessa campanha lançada agora, para cada assinatura de um apoiador que conseguirmos, compraremos mais uma caneta, que também será enviada para o gabinete do Sr. Ministro.
Esperamos o apoio de vocês para que o Ministério da Justiça fique cheio de canetas, presenteadas com a intenção de trazer de volta os direitos que perdemos.
Se quiserem saber mais sobre nossa luta e nossa realidade, entrem no site que criamos, que está cheio de informações feitas por nós mesmos:
http://campanhaguaranisp.yvyrupa.org.br
Email para adesões e
apoio: resistenciaguaranisp@yvyrupa.org.br
Apoiam:
Comissão
Guarani Yvyrupa - CGY
Articulação
dos Povos Indígenas do Brasil - APIB
Casa
Mafalda
Centro
de Estudos Ameríndios - CEstA/USP
Centro
de Trabalho Indigenista - CTI
Coletivo
Político Quem
Comitê
Popular da Copa SP
Comissão
de Justiça e Paz - CJP-SP
Comissão
Pró Índio São Paulo
Conselho
Indigenista Missionário - CIMI
Frente
de Esculacho Popular - FEP
Grupo
Tortura Nunca Mais São Paulo
Índio
é Nós
Instituto
Práxis
Instituto
Socioambiental - ISA
Mães
de Maio
Margens
Clínicas
Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST
Movimento
Passe Livre Distrito Federal - MPL- DF
Movimento
Passe Livre São Paulo - MPL-SP
Movimento
Passe Livre Floripa
Movimento
Passe Livre Joinville
Movimento
Passe Livre São José dos Campos
Organização
Anarquista Socialismo Libertário - OASL/CAB
Serviço
Franciscanos de Solidariedade - Sefras
Serviço
Inter-Franciscano de Justiça, Paz e Ecologia - Sinfrajupe
Sindicato
dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo - SINTUSP
CLIQUE
AQUI e ASSINE A PETIÇÃO ON LINE DA CAMPANHA! E depois de assinar
COMPARTILHE! https://secure.avaaz.org/po/petition/Ministro_da_Justica_Jose_Eduardo_Cardozo_Declaracao_das_Terras_Indigenas_Tenonde_Pora_e_Jaragua_na_Grande_Sao_Paulo/?apMARab
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