27 abril 2010/Agência Frei Tito para a América Latina (ADITAL) http://www.adital.com.b
Tradução: ADITAL
Entre os dias 21 e 25 de junho será realizado em Sanare, Venezuela, um encontro de ativistas do Sul, do Centro e da América do Norte para discutir os problemas que o militarismo e a intervenção dos Estados Unidos na América Latina têm gerado.
A atividade, convocada pela organização estadunidense School of the Americas Watch (SOAW, ou seja Observadores da Escola das Américas) "busca propor ideias, iniciativas e novos compromissos para fechar a Escola das Américas, como também para criar um movimento Sul-Norte contra a militarização dos Estados Unidos em toda a América Latina".
Recordemos que a Escola das Américas (SOA, em inglês), fundada em 1946, esteve durante décadas funcionando no Canal do panamá para, posteriormente, trasladar-se para os Estados Unidos onde, em 1996, foram descobertos manuais nos quais se aconselhava aos soldados utilizar a tortura. Atualmente, uma média de mil militares latinoamericanos continua recebendo instruções em dita Escola. Apesar de que funciona com um nome distinto, continuam nas mesmas instalações e com os mesmos instrutores.
"Os últimos acontecimentos passados em Honduras, as novas bases militares instaladas na Colômbia e a presença de militares dos EUA no Haiti são alguns dos temas que causam preocupação e que podem ser o começo de uma nova escalada de ditaduras, repressão e de agressão militar dos EUA na América Latina. Por isso, é urgente impulsionar iniciativas em conjunto diante desses fatos", afirmou SOAW, na convocação feita para o encontro.
Entre os participantes, cujos representantes virão de toda América Latina, dos EUA e do Canadá, estará presente o professor de Relações Internacionais, Julio Yao, que foi colaborador da Anistia Internacional e, atualmente, é presidente do Serviço Paz e Justiça do Panamá (Serpaj).
Yao, em seu extenso currículo, registra sua participação na preparação da demanda do Panamá contra os EUA ante a Corte Internacional de Justiça de Haia, no final da década dos 80, pela agressão e intervenção durante a crise prévia à invasão dos Estados Unidos ao Panamá, no dia 20 de dezembro de 1989.
Da Argentina, participará a presidenta do Movimento pela Paz, pela Soberania e pela Solidariedade entre os Povos (Mopassol), Rina Bertaccini. Ela é também vice-presidente do Conselho Mundial pela Paz, integrante do Movimento pela Soberania e pela Integração dos Povos (Mosip), entre outros. Atualmente, Bertaccini integra a coordenação da Campanha Continental por uma América Latina livre de bases militares estrangeiras.
Da Bolívia, se contará com a presença da psicóloga Zulema Callejas, que trabalha no Instituto de Terapia e Investigação sobre as sequelas da Tortura e da Violência Estatal. Também Bertha Oliva, coordenadora do Comitê de Familiares de Detidos Desaparecidos de Honduras, anunciou sua participação.
Por parte dos Estados Unidos, encabeçará o encontro o fundador de SOAW, o sacerdote Maryknoll Roy Bourgeois, que passou mais de quatro anos encarcerado devido aos seus protestos não-violentos contra essa academia militar.
Fortalecer a soberania de nossos povos
Lisa Sullivan, coordenadora para América Latina de SOAW, é parte do grupo que está organizando esse encontro. Desde 1977 vive na América Latina e, atualmente, está radicada na Venezuela, onde participa do processo bolivariano em sua comunidade. Junto ao líder de SOAW, Roy, visitou mais de 16 países para conscientizar sobre os perigos da formação militar na Escola das Américas.
- Qual é o desafio que se apresenta a SOAW nesse encontro?
- SOAW planeja criar um movimento das Américas que busca fechar a Escola das Américas, na Geórgia (EUA) e suas expressões na AL. O movimento de SOA WATCH nasceu nos Estados Unidos, onde dezenas de cidadãos têm protestado contra essa escola, já que seus impostos são utilizados para financiar dita instituição. Mais de 200 ativistas de SOAW já foram encarcerados devido aos seus esforços por fechar tal escola. Agora, o movimento busca unir, criar laços e fazer esforços em todas as Américas para conseguir o fechamento da Escola e para estar alerta ante suas novas expressões, como são as bases militares instaladas na Colômbia.
- Que importância tem a unidade latinoamericana para enfrentar os temas sobre militarismo e SOA?
- Hoje em dia, muitos países da América Latina estão afirmando sua soberania, optando por construir seus próprios caminhos e forjando laços entre eles. A falta de soberania por tantas décadas, a dependência dos Estados Unidos e o controle por parte desse país sobre suas economias e seus governantes criou enormes problemas para os povos da América Latina. A máxima expressão dessa relação é a Escola das Américas, que treinou a milhares de soldados para reprimir, torturar e massacrar aos seus próprios povos, simplesmente com o objetivo de defender os interesses dos EUA. O papel dos graduados da Escola continua atualmente como uma das maiores ameaças ao caminho da soberania, como se viu explicitamente em Honduras, onde graduados dessa escola organizaram um golpe de Estado contra um presidente que se colocou ao lado de seu povo para buscar novos caminhos de soberania.
- O que esperam da participação de outros líderes da América Latina?
- É um momento em que não somente os governos devem buscar laços na América Latina, mas também os povos. Esse tipo de intercâmbio permite que os problemas sejam conhecidos e que os sonhos dos distintos países latinoamericanos, incluindo os povos dos EUA e do Canadá, que muitas vezes não se sentem refletidos por seus governos. As pessoas que participarão do encontro são líderes na luta pelos direitos humanos em seus países. Líderes que tiveram o valor de denunciar os abusos de poder e anunciar a construção de Outro Mundo possível. Minha esperança é que, por um lado, encontraremos uma maneira de trabalhar juntos para ser mais eficazes no fechamento da Escola das Américas e de suas novas expressões; e, por outro, que afirmemos novos caminhos para construir relações que afirmem o respeito pela dignidade e pela soberania de cada povo.
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