Lisboa, 27 abril 2010 (Lusa) - Várias dezenas de trabalhadores dos CTT manifestaram-se hoje diante do Ministério das Finanças em Lisboa contra o congelamento de salários nos Correios de Portugal e a intenção do Governo em privatizar a empresa.
O secretário geral do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), Vítor Narciso, foi o portador de uma carta dirigida ao ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, onde se refere que os CTT deram 50,6 milhões de euros de lucro e que o acionista Estado recebeu 21,3 milhões de euros de dividendos.
"Os trabalhadores dos CTT querem ver os seus salários atualizados desde abril de 2009, porque não querem ver diminuído o seu salário real. Estamos certos que Vossa Excelência desobrigará a administração dos CTT do compromisso de tentar impor o congelamento salarial", diz a mensagem a Teixeira dos Santos.
Discursando perante os trabalhadores, vindos de diversas zonas do país, Vítor Narciso criticou o Governo por impor o congelamento dos salários dos trabalhadores dos CTT, ao mesmo tempo que autoriza, em empresas onde o Estado tem capital, "o pagamento de milhões de euros a administradores, como sucedeu no caso António Mexia (EDP)".
Segundo o dirigente sindical, os milhões que foram pagos a António Mexia, "com a conivência do Estado, dava para dar 3,5 por cento de aumento aos trabalhadores dos CTT em 2010". Enfatizou que, pela primeira vez, desde a Revolução de Abril os trabalhadores dos CTT estão em risco de não terem este ano aumentos salariais.
Vítor Narciso alertou que a privatização dos CTT - serviço público "rentável" e que "dá lucro" - é outro motivo da "revolta" dos trabalhadores, que vê assim ameaçados os seus direitos e regalias no futuro.
Nas palavras do dirigente sindical, há uma "estratégia de destruição do serviço público e dos CTT, que é o mais antigo em Portugal".
Juntaram-se à manifestação os deputados Bruno Dias (PCP) e Francisco Louçã (Bloco de Esquerda), sendo intenção dos trabalhadores entregar idêntica carta ao ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, António Mendonça.
O SNTCT estimou hoje à adesão à greve em 81 por cento, enfatizando que o protesto contra o congelamento salarial é um "êxito". (FC. / Esta notícia foi escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico)
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