9 abril 2010/Carta Maior http://www.cartamaior.com.br
O presidente do Uruguai, José "Pepe" Mujica, mal terminou sua viagem ao Brasil e tomou o helicóptero para um diálogo com a presidente argentina Cristina Fernández. No Brasil, Mujica debateu a interconexão elétrica e uma série de soluções comerciais. Na Argentina, conseguiu o compromisso da dragagem do Canal Martín García e assentou as bases para o gasoduto entre Bolívia e Uruguai. Na terceira etapa de sua jornada, na Venezuela, o presidente uruguaio debate acordos financeiros e energéticos. O artigo é da Agência Uruguaia de Notícias, a mais nova parceria internacional da Carta Maior.
Agência Uruguaia de Notícias/Data: 06/04/2010
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O sul é um cone. Suas vias de comunicação terminam em portos e aeroportos e vão se entrecruzando com vias fechadas, como o porto de Fray Bentos, e vias que vão se abrindo coma a via fluvial do Uruguai-Paraná e a ampliação projetada dos portos.
O presidente do Uruguai mal terminou sua viagem ao Brasil de Lula e Dilma Rousseff e tomou o helicóptero para um diálogo frutífero com a presidente argentina Cristina Fernández, segundo se conclui da coletiva de imprensa do chanceler Luis Almagro. Do Brasil, Mujica trouxe a interconexão elétrica e uma série de soluções comerciais. Da Argentina, trouxe o compromisso da dragagem do Canal Martín García e assentou as bases para o gasoduto entre Bolívia e Uruguai. Neste caso, tratou-se do tema da passagem do gás boliviano pelos gasodutos em território argentino e a fixação de um pedágio por esse uso que será motivo de acordos bilaterais específicos.
O Canal Martín García é de uma importância fundamental para o Uruguai e para os serviços que presta a Paraguai e Bolívia por meio desta hidrovia. Há anos que os necessários acordos políticos para permitir sua dragagem estavam estagnados pelos problemas nas relações com a Argentina que se verificaram nos últimos anos. O presidente uruguaio mostrou-se um diplomata hábil e ágil ao levantar os temas, levá-los às mesas de negociação e conseguir criar um clima político e de relacionamento que permitiu o início das obras necessárias que vinham sendo postergadas.
O chanceler Luis Almagro foi o encarregado de dar as explicações à população, relatando a totalidade dos temas abordados na reunião Fernández-Mujica. Além do tema do gás e do Canal Martín García, dois assuntos muito sensíveis, abordou-se ainda o tratamento político que ambos os países, Uruguai e Argentina, darão ao problema da construção de uma papeleira (na fronteira com a Argentina) uma vez seja conhecida a decisão da Corte Internacional de Haya. Neste caso, serão os chanceleres de ambos os países, Jorge Taiana e Luis Almagro, que resolverão a agenda política logo após esta decisão tão esperada. Uma questão que o chanceler uruguaio deixou clara é que um tema que está resolvido e não envolve debate legal é que a planta de celulose de UPM (ex-Botnia) não contamina.
Unasul
A Unasul em seu documento constitutivo afirma “a história compartilhada e solidária de nossas nações, multiétnicas, plurilíngües e multiculturais, que têm lutado pela emancipação e pela unidade sulamericana, honrando o pensamento daqueles que forjaram nossa independência e liberdade a favor desta união e da construção de um futuro comum”.
A existência deste organismo é parte de um objetivo político que, em sua face econômica, tem a integração energética e logística, e, na face política, tem uma frente diplomática que é uma meta em relação a qual se realizam esforços para sua evolução e amadurecimento. A presidência da Unasul está por ser decidida e o nome do ex-presidente argentino Nestor Kirchner está na mesa. O chanceler uruguaio informou que a presidência da Unasul não foi tema da conversa entre Mujica e Cristina Kirchner e que, como ainda não está completo o panorama dos candidatos ao cargo, o Uruguai ainda não está analisando esse tema. Por outro lado, debateu-se os papéis do organismo nas áreas de maior prioridade: integração física, meio ambiente, integração energética, mecanismos financeiros sulamericanos, assimetrias regionais e telecomunicações.
Venezuela
O chanceler Almagro também se referiu a viagem de Mujica a Venezuela: “Serão debatidos alguns temas financeiros, como a situação do Bandes (Banco de Desenvolvimento Econômico e Social da Venezuela) no Uruguai. Em relação aos temas energéticos, temos que aprofundar e continuar avançando nos vínculos entre Ancap e Pdvsa, no que se refere à aquisição de petróleo por parte do Uruguai e na futura cooperação entre ambas as empresas”.
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