Macau, China, 19 abril 2010 – O envolvimento da China em Angola e Moçambique cria “oportunidades significativas” de desenvolvimento que podem ser melhor aproveitadas com “agendas” próprias destes países para infra-estruturas, recursos humanos ou parcerias empresariais, segundo o Centro de Estudos Chineses da Universidade de Stellenbosch.
Os dois países de língua oficial portuguesa fazem parte de um grupo de cinco incluídos num estudo de avaliação dos compromissos do Fórum para a Cooperação China-África, em que o centro de investigação sul-africano afirma que a execução do Plano de Acção de Pequim (2006) está “bem avançado” nos países destinatários.
“Com base na complementaridade de economias (petróleo por produtos manufacturados e construção), China e Angola construíram uma forte relação bilateral”, sublinham os investigadores sul-africanos, que conduziram entrevistas no terreno com diversos agentes.
A venda de petróleo a Pequim permitiu a Angola expandir receitas e, assim, atacar o défice fiscal, baixar a inflação e estabilizar a taxa de câmbio, enquanto que os consumidores passaram a ter acesso a produtos de baixo custo chineses, que também vieram estimular o comércio.
“O investimento da China em infra-estruturas básicas está a produzir um impacto positivo no nível de vida e cada vez mais cidadãos comuns têm mais acesso a transportes e outros serviços públicos”, afirma o estudo.
No caso de Angola, o foco de execução de projectos têm sido as comunicações.
O centro de estudos deixa algumas recomendações para Luanda maximizar o impacto do envolvimento com a China, começando por estratégias a partir de “uma visão clara para um desenvolvimento sustentável”, indo além das exportações petrolíferas.
Isto, afirma, passa por melhorias no ambiente de negócios, na governação e políticas empresariais, na regulação financeira e de mercados, no sistema de ensino, especialmente escolas de gestão, e no sistema judicial.
O estudo recomenda ainda que Angola, entre outras prioridades, promova o emprego de angolanos nos projectos chineses, desenvolva acções de formação na língua chinesa e na divulgação cultural e estimule o tecido industrial com parcerias sino-angolanas.
Também em Moçambique as “perspectivas de desenvolvimento sustentável” dependem de as autoridades conseguirem dar prioridade à sua agenda de desenvolvimento e atrair investimento e envolvimento chinês.
“O processo FOCAC (Forum on China-Africa Cooperation) oferece oportunidades significativas para uma relação sino-moçambicana mais aprofundada e construtiva”, refere o estudo da Universidade de Stellenbosch, que considera a construção de edifícios públicos o “foco” dos projectos.
As prioridades, defende, devem ser o desenvolvimento agrícola “a longo prazo”, a expansão do sistema de abastecimento e gestão de água, o desenvolvimento da rede rodoviária e ferroviária e expansão da capacidade de geração de electricidade, com foco na energia hidroeléctrica, e a introdução de uma estratégia de desenvolvimento de recursos humanos.
O estudo recomenda ainda procedimentos alfandegários que assegurem que as importações não minem projectos de industrialização locais e eliminação de burocracia em projectos de uso dos solos.
Além disso, os licenciados com bolsas do governo chinês devem ser recrutados para “posições estratégicas”.
“À medida que a economia chinesa cresce e a classe média se expande, a gama de oportunidades de exportação para a China será enorme. O sucesso, neste contexto, dependerá da habilidade dos exportadores africanos. O Banco Mundial confirmou que o crescimento das trocas comerciais com a China deu um grande impulso ao continente”.
“O apoio de Pequim nas instituições multilaterais ajuda a impulsionar a agenda de desenvolvimento do continente e mantém as atenções internacionais focadas nas necessidades africanas”, sublinha o centro de estudos chineses. (macauhub)
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