segunda-feira, 26 de abril de 2010

Aceleração do crescimento económico em Angola deixa crise para trás

Luanda, Angola, 26 abril 2010 – A economia de Angola está em aceleração e deverá registar este ano um crescimento superior a 7 por cento, devido à recuperação dos preços do petróleo, de acordo com o banco português BPI no seu mais recente relatório sobre a economia angolana.

“Esta recuperação reflecte o desempenho esperado do preço médio do petróleo no mercado internacional, possivelmente para patamares em torno dos 70 dólares o barril, enquanto que o volume de produção deverá situar-se em 1,85 milhões de barris diários”, de acordo com o gabinete de estudos do BPI, que projecta para este ano um crescimento de 7,2 por cento da economia angolana.

O Fundo Monetário Internacional atualizou na semana passada as suas previsões para Angola, apontando para uma subida de 7,1 por cento em 2010 e de 8,3 por cento em 2011.

No ano passado, o PIB angolano registou uma “evolução praticamente nula”, segundo o BPI, o que acabou por ser melhor do que a recessão que chegou a ser antecipada pelos principais economistas, mas que acabou por ser contrariada pela subida do preço do petróleo.

Os desafios ao crescimento a médio prazo, afirma, estão ainda nas vulnerabilidades da economia a choques externos, como aconteceu em 2009, quando “o rápido declínio do valor das exportações e a consequente erosão das reservas internacionais, [foi] agravado pela pressão sobre a moeda doméstica”.

Sinal dos baixos preços petrolíferos, mas também de diversificação económica, o contributo do sector não-petrolífero para o PIB foi de 60 por cento, sendo particularmente importante o sector da construção, “motor da economia não-petrolífera e gerador de emprego a partir de 2005”.

“Nos próximos anos, a construção beneficiará também da urgência em prosseguir com um plano de diversificação da economia, que passa pelo desenvolvimento dos sectores da agricultura e da indústria, o que tem subjacente um forte investimento em vias de comunicação, redes energéticas ou criação de estruturas fabris e pólos de desenvolvimento”, afirma o BPI.

Este ano, adianta, Angola deverá registar um crescimento do investimento privado nacional e estrangeiro, “relativamente aos sectores não-petrolíferos”.

"O investimento público deverá estabilizar este ano e as despesas correntes deverão diminuir, o que, a par de uma esperada recuperação das receitas fiscais ligadas à actividade petrolífera, deverá contribuir para uma melhoria das contas públicas, o que constitui um requisito do FMI para aprovação do apoio concedido”, refere o relatório.

A inflação atingiu 13,99 por cento no ano passado, mesmo num contexto de abrandamento da actividade económica, divergindo do objectivo das autoridades angolanas, de 12,5 por cento.

A previsão de 13 por cento para este ano, afirma o BPI, “adivinha-se de difícil concretização, uma vez que prevalecem os constrangimentos estruturais e logísticos”, bem como um movimento de “desvalorização cambial e subida dos preços dos bens alimentares nos mercados internacionais”.

“Travão” à aceleração das importações, que penaliza o equilíbrio das contas externas, deverá ser o baixo valor médio da cotação do kwanza previsto no orçamento, numa altura em que a desvalorização fez com que a moeda angolana registasse em Março o valor mais baixo dos últimos anos face ao dólar. (macauhub)

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