A Ponte Armando Guebuza está terminada. Após pouco mais de três anos de construção (39 meses), concluiu-se esta magnífica infra-estrutura rodoviária de quase 2,5 quilómetros de comprimento, que custou cerca de 80 milhões de euros.
30 julho 2009, Notícias
De acordo com informações retiradas dos Arquivos da Junta Autónoma de Estradas, o Governo colonial começou a pensar nesta ponte na década de 50, tendo mais tarde (1969) mandado elaborar estudos sobre possíveis localizações, tendo sido considerado que Vila Fontes hoje Caia seria o local mais apropriado para acolher a infra-estrutura. O projecto foi encomendado ao prof. Edgar Cardoso, mas só foi concluído depois da Independência.
Durante o Governo de Transição, o assunto foi retomado pelo eng. Alcântara Santos, na altura ministro das Obras Públicas, tendo o projecto ganho impulso logo depois de 1975.
Para o efeito criou-se uma empresa, a SOMOPO entre o Estado e uma empresa privada, a SOGEL, e decidiu-se arrancar com a obra, mesmo ainda com o projecto não completo.
Foi uma decisão só possível naquele tempo, onde a vontade e o espírito de entreajuda permitia superar todas as dificuldades.
Importou-se muito equipamento, incluindo uma viga de lançamento para permitir colocação de elementos pré-fabricados de grandes dimensões que constituíam o tabuleiro. Os trabalhos arrancaram em 1977.
Posteriormente, em 1978, foi decidido envolver a CETA, por estar, na altura, empenhada na construção de estradas adjacentes ao local da ponte, para além de que tinha equipamento e experiência. Assim, integrou-se a SOMOPO na CETA e procedeu-se à reformulação do projecto e reiniciou-se a construção com um novo projecto, porque houve alguns problemas de entendimento com o autor do projecto, que tinha a prática de entregar os projectos aos poucos (situação que funcionava em Portugal, pois podia ir às obras todas as semanas) e isso dificultava a acção do empreiteiro
Na década de 1960, a estimativa do custo da ponte rondava os 150 mil contos, o que significaria ao câmbio da data, cerca de 5 milhões de USD. Quando se reformulou o projecto em 1978, o custo estava estimado em cerca de 22 milhões de dólares americanos, quase 1/ 4 do custo actual, passados cerca de 25 anos.
Nessa altura foram concluídos os dois encontros da ponte, um dos quais ainda lá está e ficará como memória dessa obra, e dois pilares que tiveram de ser demolidos, porque o projecto reformulado introduziu alterações aos vãos e consequentemente à localização dos pilares.
Com o intensificar da guerra as obras foram suspensas em 1981.
Logo após o Acordo de Paz, desencadearam-se acções junto dos parceiros de desenvolvimento para a retomada deste projecto, porque se tinha a consciência de que já não era possível enfrentar os custos da construção apenas com recursos internos. Foi um processo difícil cheio de avanços e recuos.
Houve uma primeira tentativa de empresas e bancos portugueses de arranjar fundos junto do Governo português, em princípios de 1999, mas foi de facto a cooperação sueca que avançou propondo um estudo de viabilidade, que foi concluído ainda em 1999. Tal estudo apontava que a ponte só teria viabilidade num período de 20 anos, o que significava ter a obra apenas em 2019. Esta perspectiva foi rejeitada pelo Governo e após mudança de critérios de viabilidade, consideraram-se cinco anos como período para a sua viabilização.
Entretanto, começaram a haver sinais de vários doadores, incluindo da USAID e o Japão, posteriormente a Itália e finalmente a Comissão Europeia. Mas só em 2005, foi possível assinar um memorando de entendimento com a Suécia, União Europeia e Itália sobre o financiamento da construção da ponte. Nesse memorando estabeleceu-se que a Suécia e a União Europeia participariam com 25 milhões de euros cada e a Itália com 20 milhões. Acordou-se também com o Japão o financiamento dos trabalhos preliminares de construção das infra-estruturas do Gabinete da Ponte, do reassentamento da população afectada pela construção e de melhorias nos distritos adjacentes à ponte, nomeadamente Caia, Chimuara e Mopeia. Foi ainda financiado pelo Banco Mundial o estudo do impacto ambiental. Foram deste modo garantidos os recursos financeiros para a construção da ponte.
Foi criado então por decreto, o Projecto da Ponte do Zambeze e um gabinete para dirigir esse projecto. Foram criados outras entidades de coordenação tanto a nível central com os doadores como a nível local, com as entidades locais.
Foi posto a concurso o “projecto preliminar” (pre-design), entretanto, encomendado pela ANE em 2005, com o pressuposto de que ao empreiteiro seleccionado completaria o projecto executivo.
O empreiteiro seleccionado foi o consórcio português Mota-Engil/Soares da Costa, e a obra iniciou-se em Março de 2006
A construção da ponte onde participaram em média 500 trabalhadores moçambicanos e uma dezena de trabalhadores estrangeiros, cujo número variou de acordo com o programa de trabalhos.
Foram movimentados cerca de 225.000 metros cúbicos de solos, produzidos 71.000m3 de betão colocados em estacas, pilares e tabuleiro da ponte (8 sacos de cimento dão para 1m3 de betão) e cerca de 9200 toneladas de aço.
Foram construídos 2,1km de estrada asfaltada de acesso à ponte, sendo 1.17km na zona sul e 0.92km na zona norte.
O custo da ponte é de 65.85 milhões de euros.
A construção da ponte, vai proporcionar o desenvolvimento de toda a região envolvente, facilitando todo o tipo de trocas comerciais entre as diversas partes do país.
LANÇAMENTO DA PRIMEIRA PEDRA
O derradeiro momento foi quando a 20 de Dezembro de 2005 o Presidente da República, Armando Guebuza, dirigiu nas duas margens sobre o Zambeze, nomeadamente em Caia e Chimuara, nas províncias de Sofala e Zambézia, a cerimónia de lançamento da primeira pedra para a edificação da ponte.
Em Janeiro de 2006, o Governo e empreiteiros assinam o contrato para o início das obras. Os documentos do acordo foram rubricados pelo ministro das Obras Púbicas e Habitação, pelo Governo moçambicano, e consórcio português Mota Engil e Soares da Costa que ganhou o concurso internacional. Três meses depois o empreiteiro trabalha a todo o gás na mobilização dos equipamentos para o início da execução das obras do empreendimento.
No final da primeira quinzena de Maio de 2006, o Governo e empreiteiros definem mão-de-obra numa altura em que mais de dois mil candidatos haviam se inscrito para os pouco mais de 600 necessários. Paralelamente ultimam-se os preparativos para o arranque do projecto através da realização de pesquisas geotécnicas no próprio rio Zambeze. Estas acções foram realizadas depois da conclusão dos trabalhos de natureza sísmica na parte continental que compreenderam o traçado da obra e as escavações do viaduto.
Mas foi precisamente a 27 de Outubro de 2006 que arrancaram efectivamente as obras propriamente ditas para a construção da ponte com a fundação das estacas depois de todo um trabalho que antecedeu aquele facto.
No entanto, o primeiro pilar da ponte sobre o Zambeze foi concluído em Novembro do mesmo ano naquilo que constituiu a entrada da derradeira fase da concretização daquele empreendimento. O segundo pilar foi concluído em Abril de 2007 ao mesmo tempo que foram implantadas 60 estacas a partir das quais seriam erguidos mais 13 pilares.
Em Junho foi montada a viga de lançamento para a construção do tabuleiro. No entanto, em Setembro, as intensas chuvas que se registaram, sobretudo na região centro do país, paralisaram parcialmente as obras.
Apesar do facto em Outubro do mesmo ano concluiu-se a construção da primeira secção do tabuleiro numa altura em que se considerava que as obras de construção da ponte estavam executadas na ordem dos 45 por cento. Aliás, nessa altura já havia se concluído o primeiro tramo em terra firme enquanto que no leito havia terminado a construção do primeiro pilar.
As fundações da ponte sobre o Zambeze foram concluídas em Dezembro de 2007, nomeadamente a edificação de 16 pilares numa altura em que a construção do tabuleiro atingia a quarta secção. No entanto, com o abrandamento das chuvas em Março do ano passado, os trabalhos da construção da ponte ganham uma nova dinâmica facto que permitiu que em Outubro fossem ligados os primeiros tabuleiros na água.
O último tabuleiro da ponte foi fixado a 21 de Abril último concretizando-se, desta forma, a ligação física entre Chimuara, na Zambézia e Caia, em Sofala.
Durante as obras não se registou qualquer acidente de vulto, exceptuando a queda de dois silos de cimento havida, em Abril de 2007, no estaleiro do empreiteiro, do que resultou na morte de dois operários e ferimentos em outros quatro.
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